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Exportações de serviços em Portugal não são só turismo

Há mais para lá do turismo nos serviços que Portugal exporta. Um estudo do Banco de Portugal revela que os serviços não turísticos têm ganho importância no país, em especial os transportes, as telecomunicações e a informática.

25 de Julho de 2018 às 15:36
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Nem só de turismo se fazem as exportações de serviços em Portugal. Ainda que o discurso político se tenha focado na "jóia" que tem sido o turismo, o comércio internacional de serviços não turísticos representa cerca de 13% do PIB português, conclui um estudo do Banco de Portugal publicado esta quarta-feira, dia 25 de Julho, na Revista de Estudos Económicos deste mês.

"Embora o turismo permaneça o maior sector do comércio português de serviços, representado cerca de 45% das exportações e 28% das importações de serviços, o comércio de serviços não turísticos tem ganhado importância desde os anos 2000", escrevem os três autores - Sónia Cabral (Bando de Portugal), Birgitte Ringstad (NOVA SBE) e João Amador (Bando de Portugal/NOVA SBE). Em 2016, o turismo representava 12,5% do PIB, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O estudo, intitulado "Um retrato das empresas portuguesas no comércio internacional de serviços não turísticos", refere que o comércio de serviços não turísticos tinha, em 2015, um peso ligeiramente superior: 13% do PIB, acima da média mundial de 9,5%. "Tal como outras partes do mundo, Portugal tem vindo a registar um aumento da importância do comércio em serviços não turísticos", lê-se no estudo.


Este tipo de serviços tem ajudado a melhorar a balança comercial de Portugal que passou de um défice a excedente nos últimos anos: "Em 2015, a balança portuguesa de serviços excluindo turismo apresentou um excedente de 2,5% do PIB, tendo as exportações e as importações representado 7,7% e 5,2% do PIB, respectivamente".

A investigação sobre este tipo de comércio é ainda escassa porque, para além do foco no turismo, a maior parte dos estudos dedica-se a estudar o comércio internacional de bens, e não o de serviços. "Portugal é um caso de estudo interessante dado que o seu desempenho exportador se destaca como uma variável chave na recuperação económica após a última crise de financiamento externo, desencadeada pela crise da dívida soberana na área do euro", argumentam os autores.


Este grupo de serviços não turísticos divide-se em três categorias principais no que toca às exportações: "Outros serviços empresariais" (representa 30,6% do valor transaccionado), "Transportes" (representa 48,2% do valor transaccionado) e "Telecomunicações, informática e informação" (representa 10,6% do valor transaccionado). Estes são também as três grandes categorias no que toca às importações.

Na categoria de "outros serviços empresariais" incluem-se, segundo a metodologia do Banco de Portugal, os serviços de investigação e desenvolvimento, os serviços de consultoria em gestão e outras áreas técnicas e os serviços técnicos e relacionados com a empresa.

Exportações de serviços não turísticos concentradas em grandes empresas
Já no que toca aos destinos das exportações estes assemelham-se aos principais destinos das exportações de bens. O Reino Unido lidera com um peso de 12,1%, seguido de Espanha com 11,1% e França com 10,3%. "Relativamente aos países não europeus, Angola e Brasil são mais importantes em termos de exportações do que de importações, enquanto os EUA têm uma maior relevância nas importações do que nas exportações", descreve o estudo.

Só que este tipo de comércio está concentrado em poucas empresas, normalmente grandes empresas que transaccionam "multi-serviços" com vários países. "Concluímos que a maior parte dos comerciantes de serviços nos mercados internacionais são micro e pequenas empresas, mas as grandes empresas representam a maioria dos valores do comércio internacional de serviços", assinalam os autores.
"A distribuição do valor transaccionado é muito concentrada: 1% dos maiores exportadores representam 59% do valor total das exportações", números que são semelhantes quando a óptica muda para as importações. O estudo explica que "tal como identificado para o comércio internacional de bens, as empresas que vendem múltiplos serviços e têm vários países parceiros são cruciais na explicação do nível do comércio internacional português de serviços".

Além disso, uma das conclusões "mais interessantes", nas palavras dos autores, "é que as empresas da indústria transformadora representam uma parte significativa do total". Incluem-se nesta categoria as indústrias alimentares, a indústria do vestuário, do calçado, de têxteis, da madeira, da cortiça, entre outros. "Tal sugere uma mudança da venda só de bens para o fornecimento de uma combinação integrada de bens e serviços, presumivelmente adicionando valor e contribuindo para a diferenciação do produto".

O estudo revela ainda que "o exportador unidirecional médio vende 1,1 tipos de serviços não turísticos para 4,1 países e recebe cerca de 530 mil euros, enquanto o comerciante bidirecional médio exporta 1,6 serviços não turísticos para seis países por 2.725 milhares de euros". A amostra da análise inclui 9.903 empresas diferentes.
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