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UE alarga excedente comercial face aos EUA em plena guerra comercial
A primeira estimativa do Eurostat para as exportações e importações feitas pela Zona Euro entre Janeiro e Maio desde ano mostra que os 19 países do euro registam um excedente comercial de 189,6 mil milhões de euros face ao resto do mundo. Já na relação comercial com os EUA, as exportações europeias cresceram 2,1% e as importações caíram 3,1%, isto numa altura em que se intensifica a disputa comercial promovida por Washington.
Donald Trump tem razões para ficar duplamente chateado: o défice comercial dos Estados Unidos nas relações comerciais mantidas com a União Europeia voltou a aumentar; um crescimento que acontece apesar do reforço das tarifas aduaneiras aplicadas por Washington à importação de aço e alumínio oriundo dos Estados-membros da União.
O relatório divulgado esta segunda-feira, 16 de Julho, pelo Eurostat, e que é uma primeira estimativa para os saldos da balança da União Europeia e da Zona Euro, mostra que entre Janeiro e Maio deste ano o excedente comercial da UE relativamente aos EUA aumentou para 54,8 mil milhões de euros face aos 48,1 mil milhões de euros registados no período homólogo.
Neste período, o conjunto dos 28 Estados-membros da UE exportou um total de 163,1 mil milhões de euros para os EUA (+2,1% do que entre Janeiro e Maio de 2017), tendo importado 108,2 mil milhões de euros (-3,1% do que no período homólogo).
A relação com o segundo maior bloco económico mundial (China) também traduz evoluções favoráveis para a Europa, com um superior aumento das exportações a compensar uma subida menos expressiva das importações de produtos chineses.
Nos primeiros cinco meses deste ano, a UE exportou bens no valor de 82,3 mil milhões de euros para a China (+2,5% do que em igual período do ano passado) e importou 151,3 mil milhões de euros (+0,7% do que no período homólogo). Assim, o défice comercial da União nas relações comerciais com a China recuou de 70 mil milhões de euros entre Janeiro e Maio de 2017 para 69 mil milhões de euros nos primeiros cinco meses de 2018.
No conjunto das trocas comerciais mantidas com o resto do mundo, os 28 países-membros da União alcançaram um excedente da balança comercial de 200 milhões de euros. Já os 19 países da Zona Euro alcançaram um excedente comercial de 16,5 mil milhões de euros nas trocas com o resto do mundo.
Desde Junho passado, as exportações de aço e alumínio para os EUA pagam, respectivamente, taxas alfandegárias de 25% e 10%, uma decisão tomada por Trump com o objectivo de equilibrar as relações bilaterais. Bruxelas retaliou posteriormente com o reforço das tarifas aplicadas à importação de um conjunto de bens importados dos EUA.
Trump, que também aplicou medidas proteccionistas contra a importação de bens chineses, a que Pequim retaliou na mesma moeda, ameaçou entretanto agravar as taxas aduaneiras impostas pelos EUA à importação de automóveis europeus. Na sequência desta ameana, Bruxelas avisou que responderia penalizando as exportações do sector automóvel norte-americano para a Europa, o que levou Washington a encetar negociações com a UE para tentar alcançar um compromisso.
Este domingo, Donald Trump afirmou que a UE é um inimigo dos Estados Unidos no que à disputa comercial diz respeito. E já esta segunda-feira, o primeiro-ministro da China, na abertura da 20.ª cimeira anual UE-China, defendeu que Bruxelas e Pequim devem chegar a acordo para equilibrar a relação comercial entre os dois blocos.