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Economia mundial a caminho do terceiro ano de abrandamento
Banco Mundial acredita que o risco de uma recessão global diminuiu, mas a primeira metade da atual década deverá registar o desempenho mais fraco dos últimos 30 anos. Países pobres serão os mais castigados num ano de grande incerteza.
O ano poderá já não ser de recessão global, muito por causa do bom desempenho dos Estados Unidos, mas 2024 marcará o terceiro ano de abrandamento, de acordo com as projeções do Banco Mundial (BM) conhecidas esta terça-feira, 9 de janeiro.
"À medida que o mundo se aproxima do ponto médio do que se pretendia ser uma década transformadora para o desenvolvimento, a economia global deverá registar um recorde lamentável até ao final de 2024 - a metade da década mais lenta de crescimento do PIB em 30 anos", lê-se no comunicado do Banco Mundial sobre Perspetivas Económicas Globais. "Sem uma grande correção de rumo, a década de 2020 será considerada uma década de oportunidades desperdiçadas", afirmou Indermit Gill, Economista-Chefe e Vice-Presidente do Grupo Banco Mundial, citado na referida nota.
A instituição sediada em Washington reconhece que "a economia mundial está numa situação melhor do que há um ano: o risco de uma recessão global diminuiu, em grande parte devido à força da economia dos EUA." No entanto, alerta do BM, "as crescentes tensões geopolíticas podem criar novos perigos a curto prazo para a economia mundial."
De acordo com o Banco Mundial, "prevê-se que o crescimento global abrande pelo terceiro ano consecutivo - de 2,6% no ano passado para 2,4% em 2024, quase três quartos de um ponto percentual abaixo da média da década de 2010."
Nas economias avançadas - onde se inclui Portugal, Zona Euro e União Europeia, por exemplo – o crescimento deverá abrandar para 1,2% este ano, face aos 1,5% em 2023.
Países pobres os mais castigados
Já as economias em desenvolvimento deverão crescer apenas 3,9%, "mais de um ponto percentual abaixo da média da década anterior", sublinha o Banco Mundial, notando que sem mais investimento e uma política orçamental diferentes, dificilmente poderão retomar uma trajetória de crescimento mais robusto.
No grupo dos países considerados de baixo rendimento – maioritariamente situados na África Central – a instituição sediada em Washington refere que "após um desempenho dececionante no ano passado, deverão registar um crescimento de 5,5%, mais fraco do que o previsto anteriormente."
Assim, conclui o BM, "no final de 2024, as pessoas em cerca de um em cada quatro países em desenvolvimento e em cerca de 40% dos países de baixo rendimento continuarão a ser mais pobres do que no pré-pandemia de covid em 2019."
"O crescimento a curto prazo continuará a ser fraco, deixando muitos países em desenvolvimento - especialmente os mais pobres - presos numa armadilha: com níveis paralisantes de dívida e fraco acesso a alimentos para quase uma em cada três pessoas", afirmou Indermit Gill.