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Défice externo duplica para 700 milhões no primeiro trimestre com quebra no turismo
O défice conjunto das balanças corrente e de capital subiu para um valor que corresponde a 1,4% do PIB.
Portugal agravou as contas externas no primeiro trimestre, com o efeito da pandemia a fazer-se sentir nas exportações e no turismo.
De acordo com o Banco de Portugal, o défice conjunto das balanças corrente e de capital fixou-se em 696 milhões de euros, o que compara com 365 milhões de euros em igual período de 2019. No primeiro trimestre de 2018 Portugal registou um excedente externo.
O défice externo apurado no primeiro trimestre corresponde a 1,4% do PIB, o que compara com o saldo negativo de 0,7% do PIB nos primeiros três meses do ano passado.
"Este saldo resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário que apenas foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital", refere o Banco de Portugal.
Desde 2012 que Portugal tem conseguido saldos externos positivos todos os anos, sendo que habitualmente regista défices nos primeiros meses de cada ano.
A deterioração registada no primeiro trimestre está sobretudo relacionada com os efeitos da pandeia, que travaram as vendas de bens para o exterior e a chegada de turistas ao país.
O défice da balança de bens aumentou 86 milhões de euros face ao período homólogo e o excedente da balança de serviços baixou 375 milhões de euros.
Desta redução nos serviços "233 milhões de euros resultaram da rubrica viagens e turismo, em consequência da evolução negativa registada no mês de março", refere o Banco de Portugal.
O mês de março foi marcado pelo fecho de fronteiras e introdução de medidas de contenção da pandemia, que afetaram sobretudo o turismo, um dos setores que mais tem impulsionado a economia portuguesa e alavancado o saldo positivo das contas externas do país. É assim expectável que o défice externo tenha piorado ainda mais em abril, mês em que o país esteve praticamente paralisado e sem turistas.
No que diz respeito às exportações, desceram 3,9% no trimestre, com uma queda de 2,5% nas vendas de bens e 7% nos serviços.
Outra balança que permite calcular o saldo externo também registou um desempenho negativo, com o défice da balança de rendimento primário a aumentar 142 milhões de euros para 573 milhões de euros. "Esta subida foi, em grande medida, justificada pelo acréscimo dos rendimentos de investimento pagos a entidades não residentes", diz o Banco de Portugal.
Já o excedente da balança de rendimento secundário aumentou 189 milhões de euros, "em resultado do acréscimo das transferências recebidas do exterior e da redução da contribuição financeira paga por Portugal por comparação ao período homólogo".