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Centeno pede cuidado com as garantias públicas e não quer mexidas na lei laboral
O governador do Banco de Portugal sublinhou a importância de preservar para o futuro a capacidade de ação política, não assumindo demasiados riscos contingentes. Também não quer mexidas na lei laboral.
"Os apoios do Estado que perduram no tempo levam a perdas para o Estado que perduram no tempo", somou ainda o Governador. "As garantias de Estado devem ser preservadas para que o Estado possa dispor dessa política no futuro", ou seja, deve-se "preservar a capacidade de intervenção futura", explicou.
O aviso chega numa altura em que o Governo procura uma solução para ajudar as empresas a lidar com o fim das moratórias, que está previsto para setembro. O Executivo já admitiu a possibilidade de o Estado garantir parte da dívida das empresas.
Centeno defendeu ser importante que o Estado garanta um "mecanismo de transição para os setores ainda deprimidos", mas notou que deve também convocar "as empresas para o reforço dos seus capitais". "Não se pode pedir ao Estado que o faça apenas e que as empresas não tenham também esse contributo", argumentou.
Quanto ao modelo dos apoios, este deve ser muito simples, tal como aconteceu com o layoff simplificado, exemplificou.
Centeno não quer mexidas na lei laboral
Além deste aviso, Centeno defendeu ainda que o Governo deve concentrar-se em manter a legislação laboral estável. Para o governador, a evolução do mercado de trabalho desde a pandemia é uma boa prova de que a legislação tal como está funciona.
"Deve ser dada prioridade à estabilidade da legislação laboral", defendeu. "Ao longo dos últimos anos vimos de forma crescente o emprego permanente ganhar espaço face ao temporário. A remuneração reforçou-se e o crescimento do emprego é uma realidade", notou. "A evolução do mercado de trabalho antes e durante a crise mostrou um elevadíssimo grau de adequabilidade da legislação aos desafios, até extremos, que a economia enfrentou", argumentou.