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BBVA: Economia portuguesa deverá contrair ligeiramente no terceiro trimestre
As previsões actualizadas do banco de investimento espanhol apontam para uma “contracção ligeira” do PIB português no terceiro trimestre, entre 0,2% e 0,3%. O BBVA frisa que o crescimento do segundo trimestre (1,1%) “não é sustentável no curto prazo”. Porém, a evolução da economia nacional nos últimos meses aponta para “alguma estabilização” da contracção.
O BBVA estima que a economia nacional verifique uma “ligeira contracção” no terceiro trimestre, depois de entre Abril e Junho ter avançado 1,1%, um crescimento “muito maior do que o esperado” e que “não é sustentável a curto prazo”.
Assim, o banco de investimento espanhol prevê que o PIB nacional contraia entre 0,2% a 0,3%, embora “os dados quantitativos ainda sejam muito limitados”, ressalva o BBVA. Esta é uma projecção diferente daquela avançada pelo banco há três meses, que era “praticamente de estagnação”.
“Os dados disponíveis para o terceiro trimestre apontam mais para alguma estabilização ou ligeira contracção da actividade económica do que para a manutenção do forte crescimento verificado no trimestre anterior”, lê-se numa nota de research divulgada esta quinta-feira pelo banco espanhol.
Para suportar esta previsão, o banco destaca que os indicadores de confiança da Comissão Europeia, disponíveis até Agosto, “continuam a apresentar uma tendência de melhoria que vem sendo observada desde o início do ano”, assim como também se começam a vislumbrar “alguns sinais de dinamismo da procura interna”. O BBVA destaca que a confiança dos consumidores começou a melhorar, o que reflecte, “em parte”, uma “situação um pouco menos negativa no mercado de trabalho” e “uma moderação na queda do rendimento disponível”.
Por outro lado, o banco denota que a produção industrial em Julho apresentou “sinais menos optimistas, já que caiu pelo segundo mês consecutivo e supõe uma significativa contracção da actividade no início do trimestre”.
Embora as expectativas para a procura interna e para a robustez da procura externa sejam “um pouco melhores”, o bando sublinha que “ainda é difícil que se observe claramente uma melhoria do investimento”, sobretudo devido às “baixa utilização da capacidade instalada por parte das empresas”, pelo que o BBVA espera “que o investimento permaneça praticamente estagnado”.
Apesar de apontar para uma queda ligeira do PIB no terceiro trimestre, o BBVA reviu em alta a evolução da economia portuguesa para 2013. Na nota de research, o banco indica que a “economia portuguesa poderá contrair-se um pouco menos de 2% este ano”. A previsão anterior do BBVA apontava para uma quebra de 2,3%. Para 2014, o banco continua a “antecipar um fraco crescimento”, cerca de 0,5%.
“Crescimento do segundo trimestre não é sustentável”
O BBVA denota que o crescimento verificado no segundo trimestre do ano “não é sustentável no curto prazo” e que o avanço económico foi muito acima do esperado.
“Parte da surpresa deveu-se a factores temporários (efeito de calendário relativo ao período de Páscoa e investimento em construção) e a outra parte a factores que dificilmente permanecerão ao longo do tempo, como a forte contribuição da acumulação de existências para o crescimento”, lê-se na nota de research.
Para além destes factores, o banco destaca ainda a “retoma temporária” da procura interna e para a procura externa, que “continuou a contribuir positivamente para o crescimento da economia”.
Porém, os dados do banco revelam que o “bom desempenho das exportações” não se vai manter no terceiro trimestre, principalmente devido “à menor procura dos países fora da União Europeia que não será suficientemente compensada pelo aumento da procura dos Estados-membros”.
“Governo deverá cumprir metas do défice”
Na mesma nota, o BBVA indica que, até Julho, o valor provisório do défice público, calculado para efeito do programa de ajustamento, ascendia a menos 5.226 milhões de euros, aproximadamente 3,2% do PIB. Tal valor está “em linha com o cumprimento do objectivo do défice orçamental para este ano”, cerca de 5,5% do PIB.
“Incluindo estes dados nos nossos modelos prevemos que o Governo cumpra o objectivo do défice para 2013, mesmo considerando a última decisão do Tribunal Constitucional sobre o ‘Regime de Requalificação’”.
O banco destaca ainda que “a menos que se verifique uma deterioração inesperada no segundo semestre deste ano, a anulação em finais de Agosto de medidas para reduzir a administração pública não compromete a prossecução do objectivo orçamental para este ano”.
(Notícia actualizada às 16h43 com mais informação)