Notícia
Banco de Portugal vê recessão de 8,1% este ano e crescimento de 3,9% em 2021
O organismo liderado por Mário Centeno mantém a projeção de uma queda de 8,1% para o PIB deste ano. A recuperação virá a partir de 2021, mas as perspetivas do Banco de Portugal apontam para uma subida de 3,9% do PIB, muito aquém da meta do Governo.
O Banco de Portugal mantém a previsão de recessão de 8,1% este ano, para a economia portuguesa. Apesar de o verão ter corrido melhor do que o esperado, o último trimestre do ano está a revelar-se mais duro do que o antecipado. A recuperação, indica o organismo liderado por Mário Centeno, deverá começar em 2021, com um crescimento previsto de 3,9%, e prosseguir nos anos seguintes. Os números foram revelados esta segunda-feira, no Boletim Económico de dezembro.
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, explicou que o aprofundamento da pandemia no quarto trimestre deste ano "não permitirá que a economia cresça" neste período. É por isso que a projeção para a recessão se mantém no mesmo nível. "É uma interrupção da recuperação e que tem uma explicação muito clara, que continua a ser fundada na raiz da crise económica", frisou o ex-ministro das Finanças, referindo-se à segunda vaga da pandemia de covid-19.
Esta previsão para 2020 é, ainda assim, mais favorável do que a apresentada pelo Governo – o ministro das Finanças, João Leão, apontou para uma recessão de 8,5% em 2020, em outubro, quando submeteu a sua proposta de Orçamento do Estado para 2021.
Já para o próximo ano, o Executivo desenhou o OE 2021 presumindo um crescimento muito acima do que é agora previsto pelo Banco de Portugal. Enquanto Mário Centeno anunciou uma projeção de crescimento de 3,9% para o PIB, o Governo comprometeu-se com uma meta de 5,4%.
Centeno explicou que a recuperação será sentida de forma gradual, sobretudo a partir do segundo trimestre de 2021, uma vez que nos primeiros três meses do próximo ano é expectável ainda a manutenção de algumas medidas de contenção das infeções. A recuperação será progressiva mas, mesmo assim, "não faremos metade do caminho face ao que era o ponto de partida no final de 2019, ao longo de 2021", sublinhou Centeno, na conferência de imprensa. Quando chegarmos a 2021, "o PIB estará ainda 3,4% abaixo do nível que tinha em 2019", acrescentou.
Já em 2022 o PIB deverá crescer 4,5% e no final desse ano a economia deverá ter recuperado o nível pré-pandemia, antecipa o banco central. Para 2023 prevê-se uma subida do PIB de 2,4%.
Desemprego sobe para 8,8% no próximo ano
Para o mercado de trabalho, as projeções do Banco de Portugal são preocupantes. O governador explicou que as medidas tomadas para amparar as famílias e as empresas dilatam o habitual desfasamento entre uma quebra da atividade económica e o seu impacto no mercado de trabalho. Além disso, muitas pessoas estão a passar diretamente do emprego para a inatividade. Assim, a projeção para a taxa de desemprego indica uma subida dos 7,2% esperados para este ano, até aos 8,8% em 2021.
Depois, a recuperação do mercado de trabalho será lenta, até 2023. Na conferência de imprensa Centeno notou que só em 2023 é que o nível de emprego que a economia portuguesa tinha no pré-pandemia será recuperado.
A somar a estas dificuldades, acresce uma forte heterogeneidade na evolução dos salários e do rendimento disponível. Apesar de se esperar que as remunerações aumentem acima da inflação, com ganhos de poder de compra para os trabalhadores, Nuno Alves, diretor do departamento de Estudos do Banco de Portugal, sublinhou que estes dados escondem uma discrepância grande de situações.
(Notícia atualizada às 17:16, com mais informação)
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, explicou que o aprofundamento da pandemia no quarto trimestre deste ano "não permitirá que a economia cresça" neste período. É por isso que a projeção para a recessão se mantém no mesmo nível. "É uma interrupção da recuperação e que tem uma explicação muito clara, que continua a ser fundada na raiz da crise económica", frisou o ex-ministro das Finanças, referindo-se à segunda vaga da pandemia de covid-19.
Esta previsão para 2020 é, ainda assim, mais favorável do que a apresentada pelo Governo – o ministro das Finanças, João Leão, apontou para uma recessão de 8,5% em 2020, em outubro, quando submeteu a sua proposta de Orçamento do Estado para 2021.
Já para o próximo ano, o Executivo desenhou o OE 2021 presumindo um crescimento muito acima do que é agora previsto pelo Banco de Portugal. Enquanto Mário Centeno anunciou uma projeção de crescimento de 3,9% para o PIB, o Governo comprometeu-se com uma meta de 5,4%.
Centeno explicou que a recuperação será sentida de forma gradual, sobretudo a partir do segundo trimestre de 2021, uma vez que nos primeiros três meses do próximo ano é expectável ainda a manutenção de algumas medidas de contenção das infeções. A recuperação será progressiva mas, mesmo assim, "não faremos metade do caminho face ao que era o ponto de partida no final de 2019, ao longo de 2021", sublinhou Centeno, na conferência de imprensa. Quando chegarmos a 2021, "o PIB estará ainda 3,4% abaixo do nível que tinha em 2019", acrescentou.
Já em 2022 o PIB deverá crescer 4,5% e no final desse ano a economia deverá ter recuperado o nível pré-pandemia, antecipa o banco central. Para 2023 prevê-se uma subida do PIB de 2,4%.
Desemprego sobe para 8,8% no próximo ano
Para o mercado de trabalho, as projeções do Banco de Portugal são preocupantes. O governador explicou que as medidas tomadas para amparar as famílias e as empresas dilatam o habitual desfasamento entre uma quebra da atividade económica e o seu impacto no mercado de trabalho. Além disso, muitas pessoas estão a passar diretamente do emprego para a inatividade. Assim, a projeção para a taxa de desemprego indica uma subida dos 7,2% esperados para este ano, até aos 8,8% em 2021.
Depois, a recuperação do mercado de trabalho será lenta, até 2023. Na conferência de imprensa Centeno notou que só em 2023 é que o nível de emprego que a economia portuguesa tinha no pré-pandemia será recuperado.
A somar a estas dificuldades, acresce uma forte heterogeneidade na evolução dos salários e do rendimento disponível. Apesar de se esperar que as remunerações aumentem acima da inflação, com ganhos de poder de compra para os trabalhadores, Nuno Alves, diretor do departamento de Estudos do Banco de Portugal, sublinhou que estes dados escondem uma discrepância grande de situações.
(Notícia atualizada às 17:16, com mais informação)