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Banco de Portugal mantém previsão de 3,9% para o PIB de 2021 e melhora a do próximo ano

A instituição liderada por Mário Centeno confia que o progressivo desconfinamento e a vacinação contra a covid-19 vão impulsionar a retoma ao longo deste ano. Portugal deverá recuperar o nível de atividade pré-pandemia em meados de 2022.

A carteira total de crédito a empresas fixou-se em 72,1 mil milhões no final de setembro, segundo os dados do BdP, liderado por Mário Centeno.
Duarte Roriz
26 de Março de 2021 às 16:36
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O Banco de Portugal manteve inalterada a projeção de crescimento para a economia portuguesa em 2021, nos 3,9%. Porém, para 2022 a instituição liderada por Mário Centeno está agora mais otimista, antecipando um crescimento de 5,2%, acima dos 4,5% que previa em dezembro. Os números foram revelados esta sexta-feira, no Boletim Económico de março.

Segundo o banco central, a economia portuguesa vai retomar este ano o crescimento económico, depois da quebra histórica provocada pela pandemia de covid-19, em 2020. No ano passado, o PIB português encolheu 7,6%. Depois de um segundo trimestre muito negativo, a economia nacional iniciou a recuperação no terceiro trimestre, mas o agravamento da pandemia interrompeu esse movimento. Aliás, uma nova vaga de covid-19 no início de 2021 prejudicou o comportamento do PIB também nos primeiros três meses deste ano.

Agora, explica o Banco de Portugal, a expectativa é que as restrições à atividade económica impostas pelo Governo para travar os contágios de covid-19 sejam progressivamente levantadas ao longo do segundo trimestre de 2021. Presumindo que o desconfinamento – já iniciado em março – prossegue, e que o plano de vacinação vai avançando, a economia deverá conseguir crescer mais em 2022, com a ajuda dos estímulos orçamentais e monetários.

"O início do processo de vacinação veio reforçar a confiança na recuperação económica, que está também ancorada na manutenção de uma orientação favorável das políticas monetária e orçamental", lê-se no boletim, apresentado esta sexta-feira por Mário Centeno.

O Banco de Portugal explica que a economia portuguesa teve um desempenho mais negativo do que a área do euro em 2020 e no início de 2021, mas acredita que de agora em diante e até 2023 Portugal vai crescer acima da área do euro. "No final do horizonte, o crescimento acumulado desde o final de 2019 é idêntico em Portugal e na área do euro", indica o relatório. Já o nível de atividade de 2019 será recuperado em meados de 2022, indica o banco central.

5,2%PIB
O Banco de Portugal está mais otimista com a evolução do PIB em 2022, que deverá crescer acima de 5% e do previsto para 2021: 3,7%.

Uma recuperação "desigual"

"Antecipa-se uma recuperação rápida após o levantamento das medidas de contenção, mas desigual entre setores", assume o Banco de Portugal. Enquanto a atividade industrial terá "uma recuperação mais rápida", além de que se tem demonstrado "mais resiliente", nos serviços e, em particular, nas atividades ligadas ao turismo, cultura e entretenimento a retoma "será mais gradual", explica o boletim.

Esse é também um dos motivos que levará a uma recuperação lenta do emprego, com a taxa de desemprego ainda a subir em 2021. O Banco de Portugal diz que vão ser criados postos de trabalho este ano, mas a taxa de desemprego ficará em 7,7% e vai manter-se sempre acima de 7% até 2023. Ou seja, não vai regressar aos níveis do pré-pandemia. É que em alguns setores haverá a necessidade de uma adaptação mais estrutural, uma vez que se espera que alguns dos comportamentos provocados pelo confinamento (como por exemplo as compras online) se mantenham mesmo depois de a covid-19 estar controlada.

Redução da poupança impulsiona consumo

Os principais contributos para o crescimento virão do consumo privado e das exportações. No lado do consumo, haverá alguma recuperação de compras adiadas por causa da pandemia, sobretudo no que diz respeito aos bens. Nos serviços esse movimento é mais difícil.

O impulso do consumo será também dado por uma progressiva redução da taxa de poupança ao longo do horizonte de projeção. Seja por razões de prudência, seja pelo impedimento provocado pelas medidas de confinamento, as famílias acumularam em 2020 poupanças – o Instituto Nacional de Estatística revelou esta sexta-feira que a taxa de poupança subiu no final do ano passado para 12,8%. À medida que o confinamento for terminando, e que a pandemia for ultrapassada, o consumo deverá assim regressar, prevê o BdP. "Num quadro de progressivo retorno à normalidade, considerou-se que este nível agregado de poupança é superior àquele que as famílias veem como desejável para o futuro", lê-se no relatório.

Já o consumo público deverá acelerar para 3,7% este ano, mas depois regressa a um ritmo de crescimento menor, de 0,7% em 2022 e de 0,6% em 2023. A justificar o elevado crescimento para 2021 está a recuperação do número de horas trabalhadas dos funcionários públicos, face à situação de 2020. Depois, este efeito ficará normalizado. Além disso, o ritmo de compras e vendas nas administrações públicas regressará ao normal e as medidas de contenção da pandemia na área da saúde começarão a pesar menos.

Nas exportações, o comportamento dos bens e dos serviços é diferenciado. Enquanto nas vendas de bens ao exterior a recuperação deverá estar completa este ano, nos serviços nem em 2023 o movimento se completa. "No final do horizonte de projeção, as exportações de turismo encontram-se ainda ligeiramente abaixo das de 2019", lê-se no boletim, explicando que há a possibilidade de "uma redução das viagens de negócios nos próximos anos". Já as exportações de bens devem crescer 15,1% este ano, ultrapassando já os valores de 2019, continuando a crescer pelo menos até 2023.

O investimento vai crescer, em todos os segmentos. O investimento residencial avançará 1,6% em média, ao longo do horizonte de projeção, o que é um pouco menos do que os 1,9% de 2020. O investimento público deverá crescer mais de 20% em 2021, impulsionado pelos fundos europeus, depois de já ter aumentado 17% em 2020. E o investimento empresarial, que caiu 5,6% no ano passado, vai recuperar e crescer 3,8% em 2021
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