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Apoios podem atenuar travão do PIB no quarto trimestre, diz Fórum para a Competitividade

O Fórum para a Competitividade diz que o próximo trimestre será de abrandamento da economia, mas admite que os apoios às famílias podem atenuar esse efeito. Economia em 2023 ficará entre a pequena contração ou o crescimento modesto, antecipam os economistas.

Desde 1999 que não se verificava uma tão acentuada descida no consumo das famílias.
António Pugliese
06 de Dezembro de 2022 às 10:45
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O Fórum para a Competitividade estima que a economia portuguesa cresça menos no quarto trimestre deste ano do que nos três meses anteriores, mas admite que o pacote de apoio às famílias possa atenuar o abrandamento do PIB no final do ano. 

"Para o quarto trimestre, há um efeito geral de desaceleração, que poderá ser em parte contrariado pelo pacote de ajuda às famílias", começa por afirmar o Fórum para a Competitividade, numa nota divulgada nesta terça-feira, 6 de dezembro.

O grupo liderado pelo economista Pedro Braz Teixeira recorda que o indicador diário de atividade calculado pelo Banco de Portugal tem apresentado valores homólogos negativos desde setembro, "em sucessiva degradação", e que ela se acentuou em novembro. 

No entanto, o Fórum para a Competitividade afirma que o quarto trimestre "apresenta alguma ambiguidade", que "provavelmente desaparecerá no trimestre seguinte". Se por um lado os indicadores de confiança apresentaram uma degradação (com uma aparente recuperação em novembro), já os escassos indicadores "hard" estão quase todos em "queda, com a significativa exceção das vendas de veículos ligeiros de passageiros".

Ainda assim, os economistas destacam que "o consumo privado tem um mostrado uma surpreendente resiliência", recordando que o crescimento do consumo de bens duradouros acelerou de 1,9% no segundo trimestre para 2,1% terceiro. 

E além dos dados conhecidos, o Fórum para a Competitividade recorda o impacto do pacote de ajuda às famílias, entregue em outubro, que terá distribuído cerca de 730 milhões de euros aos trabalhadores e cerca de mil milhões aos pensionistas. 

"Parece que a generalidade dos reformados percebeu que se trata de um adiantamento do aumento do próximo ano, para além de terem tomado consciência de que as suas pensões irão sofrer perdas, pelo que existe a probabilidade de parte do que vão receber seja poupado para poder fazer face às despesas do próximo ano", consideram os economistas.

Por isso, resumem, "tudo isto torna a evolução do quarto trimestre incerta, embora seja quase seguro que se seguirá uma deterioração nos trimestres seguintes".

2023 entre a pequena recessão e o crescimento modesto

Para 2023, o Fórum da Competitividade diz que é provável "uma nova queda dos salários reais", com a subida dos salários nominais a não conseguir acompanhar a subida dos preços.

"Aquela quebra, associada a uma também provável queda do emprego, deverá contribuir para uma grande moderação do consumo privado, que tem mostrado um dinamismo surpreendente e pouco sustentável", por estar a ser alavancado pelas poupanças feitas durante a pandemia, consideram.


Ao mesmo tempo, as perspectivas de investimento do Fórum são "negativas, dada a evolução esperada da procura, da subida das taxas de juro e dos diferenciais de crédito", e a das exportações também, dado "o enquadramento externo delibitado" e "a conclusão da recuperação do turismo". "Perdeu-se este elemento adicional de crescimento", frisam. 

"Em resumo, o ano de 2023 está rodeado de uma elevada incerteza, que tanto se pode traduzir numa recessão na economia portuguesa como num crescimento muito modesto", concluem. 

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