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Rio critica autarcas que "passeiam pelo mundo ou pelos jornais"

Numa aula de gestão com gorduras e lóbis, o ex-autarca do Porto admitiu que apagava "graffiti" para ser coerente na liderança disciplinada e que ser funcionário público não é para qualquer um.   

Miguel Baltazar/Negócios
21 de Setembro de 2016 às 20:43
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Rui Rio criticou esta quarta-feira, 21 de Setembro, "a maior parte dos autarcas [que] ou passeiam pelo mundo a fazer protocolos e geminações com outras cidades ou passeiam pelos jornais", frisando que um gestor público tem de "dar o exemplo".

 

Durante uma intervenção no "People Forum" da Porto Business School (PBS), o ex-presidente da Câmara falou sobre a importância de delegar responsabilidades e coordenar equipas, de instituir "uma cultura de rigor que toca seguramente nas finanças", mas também da coerência na liderança. 

 

"Quando estou a pôr as coisas na ordem em termos financeiros e administrativos, ao mesmo tempo não posso ter as paredes da cidade grafitadas e as ruas sujas. Tenho de ser coerente. Os detalhes são importantes", justificou Rio, que foi criticado na Invicta pelas brigadas que apagavam até os "graffiti" desenhados por artistas nas paredes.

 

E essa coerência tem de abranger também a comunicação, acrescentou o actual "partner" da Boyden e CEO da Neves de Almeida na zona Norte. "O que se diz lá dentro na gestão não pode ser diferente do que se diz fora na Comunicação Social", sob pena de "as coisas começarem a ruir por dentro, avisou. 

 

Antes de elencar as "lições", Rio partilhou com a plateia que esgotou o anfiteatro da PBS, em Matosinhos, alguns dos "pressupostos indispensáveis" para o trabalho realizado nos três mandatos. Entre eles, ter entendido que um autarca "tem uma função ao nível do CEO de um grupo" - com visão de toda a estrutura, incluindo empresas públicas e outros serviços externos, para optimizar os recursos - e também conseguir a motivação e o alinhamento de toda a instituição. 

 

"Tivemos de criar uma nova cultura de serviço público. Nem todas as pessoas estão preparadas para serem funcionários públicos, servidores públicos. Desde o cantoneiro ao topo, todos têm de entender que estão ali para servir o outro. Se não sentir isto não consegue ser um bom funcionário público", resumiu Rio. 

 

Gorduras e lóbis

 

Quando chegou ao poder na avenida dos Aliados, em 2001, a Câmara tinha 3.800 pessoas. Quando saiu havia 2.800 e esse milhar a menos "não se notou nada no serviço". "Era possível fazer melhor ainda", vaticinou, em referência às "gorduras" na autarquia portuense. 

 

Além de "trabalhadores desmotivados e viciados" e lóbis poderosos que se faziam sentir mesmo dentro da Câmara, onde também "grassava a corrupção", lembrou que encontrou uma instituição pública "muitíssimo endividada" e "administrativamente mal organizada". "Fui o primeiro presidente da Câmara do Porto a usar computador. Nenhum antes de mim usava", ilustrou. 

 

Coesão social, equilíbrio financeiro, reabilitação urbana da Baixa, mobilidade (Metro) e turismo. Foram estes os pilares do programa de Rio, que contou neste fórum sobre "casos de mudança" que organizou os serviços para trabalharem mais ("e, se possível, também melhor"), criou uma unidade de combate aos "poderes instalados" e também uma até ali inexistente "cultura de respeito pela despesa pública".

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