Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Lisboa: beatas e pastilhas elásticas no chão vão dar multa até 1.500 euros

Lisboa vai ter um novo regulamento para os resíduos e a fiscalização será feita pelas juntas, que depois arrecadam o dinheiro das coimas. Os estabelecimentos comerciais vão ser obrigados a manter limpas as suas zonas de influência num espaço de dois metros e a venda em copos descartáveis vai ser proibida.

Reuters
10 de Janeiro de 2019 às 13:53
  • 28
  • ...

Fernando Medina apresentou esta quinta-feira um conjunto de dez medidas em matéria de higiene urbana para fazer face ao aumento de resíduos urbanos. Entre as medidas propostas, que vão ainda estar sujeitas a consulta pública e posterior aprovação pela assembleia municipal, estão novas obrigações para cidadãos e empresas e coimas que, no limite máximo, poderão chegar aos 44 mil euros.

 

Uma das novas contraordenações previstas aplicar-se-á a quem lançar para o "chão beatas de cigarros, maços de tabaco, pastilhas elásticas e outros", exemplifica a autarquia. No projeto de Regulamento de Gestão de Resíduos, Limpeza e Higiene Urbana de Lisboa está prevista uma coima de 150 a 1.500 euros para as pessoas singulares e de 1.000 a 15.000 euros se a responsabilidade for assacada a pessoas coletivas.

 

Outra novidade é a obrigatoriedade de os estabelecimentos comerciais e esplanadas disporem de cinzeiros e baldes para lixo e de passarem a ser obrigados a assegurar a limpeza do espaço público na sua zona de influência até um raio de dois metros. Num caso e noutro, a multa pode ir dos mil aos 15.000 euros.

 

Entre 2015 e 2018, a autarquia contabiliza em mais de 10% o aumento do lixo na cidade. Em boa parte devido ao "boom" do turismo, afirma Fernando Medina, mas também uma consequência do crescimento da economia, que fez aumentar o número de pessoas que todos os dias se deslocam na cidade e que nela vivem e trabalham.

 

O presidente da Câmara quer agora "melhorar a capacidade da autarquia para lidar com os aumentos", mas, também, "envolver todos no esforço coletivo". Todos incluindo as juntas de freguesia, que vão receber novas competências em matéria de resíduos e financiamento para as levarem a cabo.

 

Por outro lado, vai passar a ser proibido servir produtos em utensílios de plástico de utilização única para consumo fora dos estabelecimentos. Será o caso dos copos de plástico para as bebidas, exemplificou Duarte Cordeiro, o vice-presidente que apresentou aos jornalistas as medidas que a câmara tem em cima da mesa.

Neste caso, o objetivo é que 2019 sirva de período de adaptação e que "no primeiro dia de 2020, ano em que Lisboa será capital verde da Europa, esta prática seja eliminada", explicou, salientando que "a restauração está preparada para este desafio" e que até já há bons exemplos, como foi o caso das festas de fim de ano, de alguns festivais de música ou dos estabelecimentos na zona do Arco do Cego, onde em regra se juntam muitos jovens e os resíduos de acumulavam, provocando muitas queixas dos moradores.

 

A coima mais elevada prevista no regulamento é para quem provocar danos em qualquer equipamento de resíduos de grandes dimensões: 1.500 a 3.740 euros para as pessoas singulares e 7.500 a 44.890 euros se estiverem envolvidas pessoas coletivas.

 

Além das multas, há ainda outras sanções acessórias, nomeadamente a impossibilidade de, durante dois anos, receber qualquer apoio institucional do município; de candidaturas a concursos públicos municipais durante o mesmo período ou mesmo a suspensão até dois anos de autorizações de espaço público, por exemplo, para ter esplanadas ou para o exercício da venda ambulante.

 

Os estabelecimentos arriscam ainda restrições do horário de funcionamento e fica expressamente previsto que as novas contraordenações serão punidas que haja intenção de as praticar (dolo), que se verifique apenas uma negligência.

Mais competências para as juntas

 

Depois de, com a reforma administrativa, as juntas de freguesia terem ficado com a competência em matéria de varredura, lavagem e recolha do lixo das papeleiras, a câmara de Lisboa quer agora passar-lhes novas atribuições em matéria de resíduos urbanos: ficarão também responsáveis pela recolha de sacos junto aos ecopontos e vidrões e caber-lhes-á a tarefa de fiscalizarem a limpeza das ruas e a aplicação das novas coimas, cujos montantes reverterão para os seus próprios orçamentos.

Por outro lado, e para compensar o aumento a pressão turística, as juntas vão receber um reforço financeiro, com a transferência de mais 10 milhões de euros por ano. Destes, 7,6 milhões serão provenientes do valor arrecadado com a taxa turística, que este ano foi aumentada para dois euros dia.

 

Este reforço destina-se, explicou Duarte Cordeiro, "ao acréscimo de rotinas de lavagem, varredura e substituição de papeleiras", bem como para as novas atribuições.

 

Recolha também ao domingo e mais pessoal

Outra medida em cima da mesa é a contratação de mais 300 cantoneiros ao longo de 2019, que deverão depois permitir que Lisboa passe a ter recolha de lixo também ao domingo em dez freguesias onde a pressão é maior: Santa Maria maior, Estrela, Misericórdia, Santo António, São Vicente, Avenidas Novas, Alcântara, Arroios, Penha de França e Campo de Ourique.

 

Os contentores subterrâneos serão duplicados, de 150 para 300 e nos bairros históricos acaba a recolha por sacos, que, nomeadamente devido ao alojamento local, se verifica que não resulta. A ideia é substituir por contentores comunitários e, dessa forma,  eliminar os sacos dispersos nas ruas em frente às portas.

Ver comentários
Saber mais Fernando Medina Limpeza Regulamento de Gestão de Resíduos Higiene Urbana Lisboa Duarte Cordeiro economia negócios e finanças ambiente
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio