Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Câmara de Lisboa multada em um milhão por partilhar dados de ativistas russos

Câmara de Lisboa está a avaliar se vai ou não recorrer. Entretanto, Carlos Moedas e vereadores do PS trocam acusações.

A nova estratégia de Lisboa para prevenir a corrupção será debatida esta quarta-feira em reunião de Câmara e têm depois de passar pela Assembleia Municipal.
Pedro Catarino
07 de Agosto de 2024 às 20:39
  • ...

O Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa decidiu aplicar à Câmara Municipal da capital uma multa de um milhão de euros pela partilha de dados de ativistas russos. Segundo o advogado Tiago Félix da Costa, que representa o município no processo conhecido como Russiagate, “o tribunal reduziu a coima de 1,25 milhões de euros para um milhão de euros”.

A notícia foi inicialmente avançada pelo Observador, segundo o qual o Tribunal Administrativo de Lisboa considerou que estavam prescritas algumas contraordenações que levaram a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) a multar a Câmara de Lisboa, fixando o valor da coima em 1.027.500 euros, menos 222,5 mil euros do montante previsto.

Numa declaração enviada à agência Lusa, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, afirmou que, “em defesa dos interesses dos lisboetas”, o município está a avaliar se recorrerá da decisão judicial e lamentou a “pesada herança deixada pelo anterior Executivo socialista”.

Já os vereadores do PS na autarquia da capital, também em declarações à Lusa, criticaram o que consideraram ser a “politiquice” de Carlos Moedas e defenderam que a autarquia “pode e deve recorrer”. Rejeitando a ideia de “pesada herança”, os socialistas sublinharam que “pesada herança é o desnorte financeiro que se vive atualmente na autarquia” e defenderam que “a autarquia não começou com Carlos Moedas e não acabará no seu mandato, existindo uma linha de continuidade que atravessa presidentes e cores políticas que exige um outro decoro na hora de assumir responsabilidades”.

Em janeiro de 2022, recorde-se, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) aplicou uma multa de 1,25 milhões de euros à autarquia por violações do Regulamento Geral de Proteção de Dados ao “comunicar os dados pessoais dos promotores de manifestações a entidades terceiras”, num caso conhecido como Russiagate. A CNPD identificou 225 contraordenações nas comunicações feitas pelo município no âmbito de manifestações, comícios ou desfiles. O processo tinha sido aberto em 2021 depois de uma denúncia sobre a comunicação pela autarquia à embaixada da Rússia em Portugal e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo de dados pessoais dos promotores de uma manifestação realizada junto à embaixada. Era então presidente da câmara o socialista Fernando Medina.

Os ativistas, dissidentes do regime russo, tinham realizado em janeiro de 2021 um protesto pela libertação do opositor do Governo russo Alexey Navalny, e argumentaram que a Câmara de Lisboa pôs em causa a sua segurança e a dos seus familiares na Rússia com a divulgação dos seus dados.

A câmara impugnou a decisão da CNPD e o caso seguiu para os tribunais.

 

Os ativistas, dissidentes do regime russo, tinham realizado em janeiro de 2021 um protesto pela libertação do opositor do governo russo Alexey Navalny.
Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio