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Cerca de 3,6 mil milhões de pessoas estão vulneráveis ao aquecimento global

Especialistas pedem aumento dos investimentos em adaptação às alterações climáticas, impostos para as empresas mais poluentes e incentivos à utilização dos caminhos-de-ferro.

Há quase 90 anos que Portugal não enfrentava uma seca tão severa. Várias regiões do país foram afectadas e o impacto não se limitou à agricultura e pecuária, chegando ao abastecimento de água às populações. A região de Viseu chegou a ser abastecida por camiões-cisterna.
28 de Janeiro de 2023 às 12:37
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O caminho para a neutralidade das emissões de gases até 2050, que a pandemia beneficiou, voltou ao que era antes, e 3.300 a 3.600 milhões de pessoas estão altamente vulneráveis aos impactos das alterações climáticas, alertou a ONU.


A 28 de janeiro de cada ano, a ONU assinala o Dia Mundial de Ação contra o Aquecimento Global, também conhecido como o Dia Mundial da Redução das Emissões de CO2, para sensibilizar para o aquecimento global e levar à adoção de medidas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, que causam o aumento das temperatura.


Apesar de durante a pandemia, sobretudo com a paragem do tráfego automóvel mas também aéreo, ter havido uma redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), estas voltaram rapidamente ao "normal", alertam os cientistas do sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas.


Se a situação não for invertida, em 20 anos ultrapassaremos os 1,5 ºC, o que provocaria a subida do nível do mar, mais chuvas e secas extremas, ondas de calor e temperaturas extremas, avisou a colombiana Paola Arias Gomez, uma das cientistas responsável pelo relatório.


Arias destacou, em declarações à agencia espanhola EFE, a necessidade de "aumentar os investimentos em adaptação, porque tem sido investido menos na adaptação do que na mitigação", e na eliminação dos combustíveis fósseis, mesmo indo contra os "interesses petrolíferos", em países dependentes destas receitas como a Colômbia.


Por seu turno, o argentino Juan Rivera Rivera sublinhou a necessidade de impor impostos às empresas mais poluentes e alargar a ajuda para uma transição energética para as energias renováveis, porque são precisos "mecanismos para acelerar a redução das emissões de gases com efeito de estufa".


O porta-voz da Greenpeace para as Alterações Climáticas, Pedro Zorrilla: "Não só não estamos a emitir menos gases ou o fazemos a uma velocidade mais lenta, como excedemos o recorde de emissões anualmente".


Os especialistas apontam a importância das COP (Convenções sobre as Alterações Climáticas), com as quais se chega a acordos internacionais sobre redução de emissões e para os países mais ricos financiarem projetos de energias renováveis nos países e regiões em desenvolvimento, mas também projetos concretos.


Estão a ser lançadas as "cidades dos 15 minutos", que visam integrar escritórios, lazer, casas e lojas num perímetro próximo, com o objetivo de poder percorrer todos os locais a pé e não utilizar o veículo, exemplificam os cientistas do sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas da ONU.


Outras medidas para reduzir as emissões estão nos transportes, como o incentivo à "utilização dos caminhos-de-ferro" ou o "aumento dos impostos sobre as atividades que mais poluem e melhorar o isolamento dos edifícios", segundo Zorilla.

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