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Catástrofes climáticas custam 26 mil milhões por ano aos países da UE

Uma auditoria do Tribunal de Contas Europeu diz que se o bloco dos 27 fosse exposto a um aquecimento global entre 1,5 e 3°C acima dos níveis pré-industriais sofreria perdas económicas anuais de entre 42 e 175 mil milhões de euros.

A situação de seca em Espanha é a mais grave desde que há registos.
Albert Gea/Reuters
16 de Outubro de 2024 às 17:49
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No conjunto dos países da União Europeia, os prejuízos económicos causados por fenómenos climáticos  extremos relacionados com o aquecimento global foram, em média, de 26 mil milhões de euros por ano, conclui a mais recente auditoria do Tribunal de Contas Europeu (TCE), intitulada "Adaptação às alterações climáticas na UE – As medidas não estão à altura das ambições". 

O relatório diz ainda que "não fazer nada [para travar as alterações climáticas] também tem custos" e que se o bloco dos 27 fosse exposto a um aquecimento global entre 1,5 e 3°C acima dos níveis pré-industriais sofreria perdas económicas anuais de entre 42 e 175 mil milhões de euros.

O estudo do TCE chegou à conclusão que o risco de a política de adaptação da União Europeia não acompanhar o ritmo das alterações climáticas - ondas de calor, secas e cheias - é bastante real, com o número de catástrofes e o nível de danos provocados pelas mesmas a disparar nos últimos 20 anos. Isto apesar dos oito mil milhões de euros que foram destinados ao tema entre 2014 e 2020, e mais 26 mil milhões projetados entre 2021 e 2027.

"A maioria dos projetos analisados aumentou a capacidade de adaptação às alterações climáticas , mas perto de 40% tiveram pouco ou nenhum efeito", refere o documento, sublinhando que os progressos dos mesmos "são difíceis de medir" e que "as políticas de adaptação enfrentam problemas quando aplicadas na vida real".

Numa amostra de 36 projetos analisados, 19 deram uma resposta eficaz aos riscos climáticos (56%), 13 tiveram pouco ou nenhum impacto no aumento da capacidade de adaptação (42%) e dois podem levar a uma situação de má adaptação.

Ainda assim, o tribunal considera que a UE tem um quadro sólido para dar resposta aos efeitos das alterações climáticas.

"Analisámos a resposta que a UE está a dar à urgência da adaptação a condições climáticas extremas e repetidas. Descobrimos problemas na forma como as políticas são postas em prática. Se as medidas não forem mais bem aplicadas, há o risco de as ambições da UE para a adaptação não acompanharem o ritmo das alterações climáticas", avisa  Klaus-Heiner Lehne, membro do TCE responsável pela auditoria, em comunicado

A auditoria analisou políticas e projetos em países como França, Estónia, Áustria e Polónia, detetando casos de dados científicos desatualizados em estratégias de adaptação nacionais, e ainda outros em que se calculava por baixo (ou não se revelava de todo) o custo das medidas a aplicar. Num inquérito a 400 municípios europeus, o TCE descobriu que, a maioria, não tinham conhecimento das estratégias e dos planos nesta área nem utilizavam os instrumentos de adaptação da UE (Climate-ADAPT, Copernicus e Pacto de Autarcas – Europa).

Apesar de assinalar algumas boas práticas, a auditoria descobriu casos de conflito de prioridades, em que os objetivos de adaptação às alterações climáticas tinham de coexistir com outros, como a competitividade ou o desenvolvimento regional. 

O TCE encontrou ainda projetos que podem aumentar a fragilidade ou a exposição às alterações climáticas em vez de as reduzir, tais como: a promoção da rega para culturas que usam muita água, em vez de se mudar para outras que precisam de menos rega; o investimento em canhões de neve artificial que poupam energia, quando a orientação devia ser para um turismo que dure o ano inteiro; ou a reposição de areia nas praias, que oferecem apenas uma solução de adaptação a curto prazo.

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