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Operadores logísticos identificam desafios

Associação considera necessidade de apoios para digitalização e transição energética. Falta de mão de obra e atrasos no investimento preocupam.

08 de Outubro de 2024 às 13:58
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Até há relativamente pouco tempo, o setor da logística não tinha grande visibilidade junto do público em geral. Os desafios criados pela pandemia, em conjunto com a necessidade de desenvolver políticas que promovam a sustentabilidade e a transição energética de uma forma esclarecida, têm feito com que este setor seja hoje reconhecido como vital para dar resposta a grande parte dos desafios da economia moderna.

No diagnóstico da APOL - Associação Portuguesa de Operadores Logísticos, são muitos os desafios com que o setor da logística se debate atualmente. Para começar, afirma Vítor Figueiredo, presidente da APOL, "a necessidade de uma efetiva transição energética, que permita fazer negócios de uma forma mais limpa e sustentável". "Esta é uma responsabilidade reconhecida e assumida pelo setor", refere. E se muito já foi feito existe a consciência clara de que "muito está ainda por fazer". Na sua ótica, são necessários "apoios efetivos na transição para uma frota mais sustentável, alinhados com os dos outros Estados-membros da UE, a criação de uma rede pública de postos de carregamento eficaz e eficiente e a criação de guidelines específicas que regulamentem o acesso aos centros urbanos". Para Vítor Figueiredo estas são algumas das iniciativas que, no entender da APOL, "são vitais que estejam na agenda do poder político", sublinha.

Entretanto, a crescente digitalização da economia e o grande desenvolvimento do comércio online levaram à criação de diversas plataformas que agregam serviços logísticos. Para este responsável, para garantir quer a segurança do consumidor quer uma salutar e justa convivência entre os vários operadores do mercado, "é fundamental que a legislação acompanhe esta evolução e garanta que não existe espaço em branco na legislação".  Uma outra questão que subsiste, apesar da forte e constante digitalização de processos, é, segundo o responsável da APOL, "a qualificação e disponibilidade da mão de obra. Esta é uma forte preocupação com que o setor da logística se defronta".  Neste contexto, considera, "é fundamental que os currículos escolares estejam adaptados quer às novas formas de fazer negócios quer às necessidades que jovens e empresas enfrentam numa base diária".

Setor desapoiado
Atualmente, o setor da logística é um forte catalisador da competitividade da economia. Para Vítor Figueiredo, "os operadores logísticos, em especial, põem infraestruturas e sistemas de topo ao dispor de empresas grandes e pequenas a um custo totalmente variável sem necessidade de investimento inicial. Este cenário de partilha e aproveitamento de recursos é um fator gerador de grande eficiência". Por este facto, refere, existe "alguma dificuldade em entender que os operadores logísticos sejam excluídos indiretamente de grande parte dos apoios à digitalização e transição energética, quer por atuarem no setor dos serviços quer pelo facto de, por norma, serem empresas de dimensão grande", afirma. 

Atrasos nas infraestruturas
De um ponto de vista de infraestruturas, para a APOL "é fundamental que o poder político intervenha de forma clara e atempada". Existem, à data de hoje, "guidelines europeias importantes, que revelam uma clara consciencialização da necessidade de investimento em infraestruturas de transporte ferroviário, com hubs multimodais como forma de reduzir o trânsito rodoviário de longa distância e assim promover a redução da pegada de carbono do sector de transportes", explica Vítor Figueiredo. A nível nacional, "existe consenso em relação à necessidade de novas infraestruturas aeroportuárias e ao papel fundamental que os portos marítimos podem ter na competitividade da economia portuguesa". Contudo, nota, nem sempre estes consensos resultam em medidas claras e consequentes. "Em nosso entender, existem decisões estratégicas em relação ao plano nacional de infraestruturas que já tardam demasiado tempo em ser tomadas", avisa. Para o responsável da APOL, "a demora no processo de tomada de decisão e a falta de coragem política para tomar decisões consequentes são os principais fatores que criam fortes entraves a avanços efetivos ao setor logístico e, consequentemente, à sociedade em geral".

Transitários reclamam estratégia coerente
A implementação de uma estratégia coerente com a necessidade de desenvolvimento logístico e infraestrutural do país é essencial, defende a Associação dos Transitários de Portugal (APAT). Para o seu presidente, António Nabo Martins, esta estratégia "necessita de uma visão holística que integre os conceitos de intermodalidade e multimodalidade, absolutamente cruciais para que o fluxo de mercadorias possa ser ágil e eficiente". Para que tal possa ser uma realidade, "é urgente apostar em infraestruturas adequadas aos desafios da logística atual, chamando todos os agentes a uma reflexão – na qual o Governo deve participar ativamente – sobre quais os caminhos a tomar e quais os investimentos prioritários para o nosso ecossistema logístico".

De facto, os transitários conhecem as limitações do ecossistema logístico, "uma vez que lidam diariamente com os obstáculos que a falta de investimento e de planeamento conjunto criam", afirma o responsável. Daí, nota, poder ser uma "parte importante da resolução dos problemas". Pelos transitários, afirma António Nabo Martins, "passa a esmagadora maioria das exportações do país – sabemos que existe potencial para fazer melhor".

Na sua perspetiva, "é urgente investir numa rede de acessibilidade (assente em corredores logísticos) que ponha todos os meios de transporte em constante comunicação e que permita um fluxo de cargas dinâmico; em infraestruturas modernas e, não esquecer, na desmaterialização de processos, rumo a uma maior desburocratização do setor", conclui.

 

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