Na 11.ª edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola, o projeto Sementes Duradouras destacou-se na categoria Resposta a stresses bióticos e abióticos, com uma proposta inovadora que pode transformar o futuro da agricultura portuguesa e global.
A iniciativa, liderada pela investigadora Ana Paula Santos, do ITQB NOVA, foca-se no estudo e desenvolvimento de novas soluções para prolongar a longevidade das sementes e aumentar a sua tolerância a condições de stress, como as alterações climáticas e outros fatores adversos.
O projeto procura compreender os mecanismos bioquímicos e epigenéticos que influenciam a perda de viabilidade das sementes ao longo do tempo, um problema que afeta a sustentabilidade da agricultura. Assim, através da utilização de moléculas específicas que modulam a expressão genética sem alterar a sequência do ADN, a Sementes Duradouras aplica princípios da epigenética na agricultura, abrindo caminho para sementes mais resilientes e produtivas.
Procurar novos parceiros e fontes de financiamento
Ana Paula Santos destaca a relevância do projeto não apenas para a produção agrícola, mas também para a segurança alimentar. "Este projeto poderá contribuir para a redução da dependência de sementes importadas, fortalecendo a resiliência da agricultura portuguesa perante crises globais, como as alterações climáticas e perturbações nas cadeias de abastecimento", confirma a responsável.
A longo prazo, a iniciativa poderá desempenhar um papel estratégico na minimização da dependência de sementes estrangeiras, um passo importante para garantir a autonomia de Portugal, especialmente em tempos de crise, como guerras ou outras situações que afetam o comércio internacional. "A visibilidade proporcionada pelo prémio é fundamental para ampliar o impacto do projeto e possibilitar novas parcerias e fontes de financiamento", completa Ana Paula Santos.
Prémio abre portas à continuidade
Apesar de o projeto estar ainda numa fase inicial de construção do conhecimento científico, a conquista do Prémio Empreendedorismo e Inovação abre portas para a continuidade da investigação e validação experimental, com a possibilidade de transferir as soluções desenvolvidas para a comunidade agrícola durante os próximos anos.
Esta transferência de conhecimento para a prática e para os agricultores dependerá do sucesso nas etapas de desenvolvimento e validação, mas a colaboração com empresas de sementes e outros stakeholders do setor agrícola será decisiva. «Este prémio pode ser um ponto de partida para captar os apoios necessários ao desenvolvimento do projeto», conclui Ana Paula Santos, com a esperança de que a Sementes Duradouras se torne um marco na modernização da agricultura portuguesa e global.