O Pocket-Vet é um dispositivo portátil, descrito como um "minilaboratório de bolso", que utiliza inteligência artificial (IA) e espectroscopia para analisar amostras de leite e sangue a partir de uma única gota. Este método permite detetar precocemente mastites subclínicas – infeções que muitas vezes passam despercebidas aos profissionais até atingirem um estado avançado. "O Pocket-Vet revoluciona a pecuária de precisão ao detetar mastites precocemente, reduzindo perdas produtivas e o uso de antibióticos", destaca Rui Martins, investigador do INESC TEC.
Ao identificar inflamações e infeções antes que se tornem críticas, esta tecnologia promove o aumento da produtividade, já que a produção leiteira se mantém estável, evitando-se os prejuízos. Da mesma forma, o diagnóstico precoce de doenças reduz o sofrimento dos animais, permitindo melhorar o bem-estar animal e consequentemente, a segurança alimentar. Ao nível da sustentabilidade, a redução do uso de antibióticos minimiza impactos ambientais e evita a resistência antimicrobiana. "Com base em tecnologia patenteada pelo INESC TEC, o Pocket-Vet marca o início de uma nova era no Point-of-Care veterinário", acrescenta o investigador.
Atrair mais investimento
Para já, o investimento total no projeto conta com o projeto seed do INESC TEC "MyVet", com o prémio Prof. Doutor João Cannas da Silva da Associação Portuguesa de Buiatria e, agora, com o prémio Crédito Agrícola, totalizando um valor próximo dos 33 mil euros. "A distinção do Crédito Agrícola atesta a qualidade do trabalho que temos realizado ao longo destes anos no desenvolvimento de tecnologias POC baseadas em espectroscopia para medicina humana, veterinária e agricultura de precisão", refere Rui Martins.
A transferência do projeto para a comunidade está em curso, com as parcerias já estabelecidas, sendo notório o interesse de médicos veterinários que desejam participar nesta fase de transição. "Estamos a trabalhar para que seja possível acomodar o máximo de profissionais interessados nesta reta final de desenvolvimento, com incidência nas regiões do Minho, Douro Litoral, Trás-os-Montes e Açores", avança Marta Vranas, responsável pelo Serviço de Apoio ao Licenciamento do INESC TEC. Segundo esta responsável, o objetivo agora é atrair investidores para industrializar e comercializar o produto. "Estamos à procura de parceiros multinacionais da área, capital de risco ou investidores privados que nos permitam instalar as operações de produção e comercialização a nível nacional e internacional, e implementar uma empresa de ‘deep tech’ em instrumentação inteligente para a área da saúde humana e animal baseada no conhecimento gerado pela investigação", explica Marta Vranas.