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Ministro da agricultura incentiva inovação orientada para resultados

José Manuel Fernandes sublinhou na conferência Go Wide que a I&D é a chave para encontrar respostas para os efeitos das alterações climáticas, e pede rigor na utilização de fundos e cooperação para não desperdiçar recursos que podem acelerar resultados.

13 de Dezembro de 2024 às 10:07
José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, fez o encerramento da Conferência Go Wide e entregou uma das distinções do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola, este ano integrado no evento
José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas, fez o encerramento da Conferência Go Wide e entregou uma das distinções do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola, este ano integrado no evento
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A levar o setor agrícola às respostas que precisa, num mundo cada vez mais marcado pelos efeitos das alterações climáticas. Um mundo onde os desafios são locais, mas são também cada vez mais transversais, reforçando oportunidades de cooperação e colaboração para chegar mais depressa e de forma mais eficiente às soluções necessárias.

A ideia foi sublinhada pelo ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, no encerramento da conferência Go Wide - inovar com impacto, um evento patrocinado pelo Crédito Agrícola e que este ano integrou a cerimónia de entrega do Prémio Empreendedorismo e Inovação, promovido pela instituição.

A investigação orientada para resultados é o caminho para promover um setor mais inovador e mais resiliente aos efeitos das alterações climáticas, defendeu o responsável, frisando que essa é também uma das grandes oportunidades do plano de recuperação e resiliência. "A i&d fundamental é importante, mas precisamos também de investigação orientada para os resultados e para responder a casos concretos", que à escala local serão questões como o "fogo bacteriano da pêra rocha ou os fungos nas vinhas", e a uma escala mais global problemas como a descoberta de uma vacina para o serotipo 3 (conhecido como vírus da língua azul), exemplificou.

É para acelerar a resposta a problemas que atravessam fronteiras, como este, que José Manuel   Fernandes defende uma utilização mais orientada para os resultados dos fundos europeus, tanto dos que são geridos a nível local, como dos recursos do "maior programa de investigação do mundo".

A referência é para o Horizonte Europa e a nota sobre os benefícios de uma lógica de apoio simultâneo a vários projeto de i&d com o mesmo foco, em diferentes países. a alternativa sugerida seria financiar o desenvolvimento de uma vacina num projeto único que juntasse investigadores dos vários estados-membros, para o mesmo objetivo, "devia ser uma prioridade europeia ter uma espécie de investigação colaborativa, que criasse sinergias para que não se andasse a estudar o que outros já estudaram e pudéssemos ter recursos fortes para determinados objetivos", salientou o ministro.


Fundos europeus e PRR não deviam financiar despesas correntes


Ao mesmo tempo, lembrou, é igualmente importante que cada país tenha acesso aos recursos de que necessita para encontrar respostas aos seus desafios específicos na I&D, deixando uma mensagem de incentivo às candidaturas do setor a financiamento europeu. É preciso "ultrapassar a ideia instalada de que os processos são complicados e o sucesso difícil" e apostar numa "investigação colaborativa e partilhada com ambição".




"A I&D fundamental é importante, mas precisamos também de investigação orientada para os resultados e para responder a casos concretos."


José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Pescas




É necessário fazer mais para maximizar o valor destes recursos também a outro nível, acredita José Manuel Fernandes: "Os fundos europeus e os PRR não deviam financiar despesas correntes. As despesas correntes devem estar no Orçamento de Estado, e os fundos deveriam servir para acrescentar valor, para adicionar e nunca para substituir, quando muitas vezes o que vemos é uma substituição e não uma mais-valia." O ministro falou ainda sobre a importância da tecnologia para modernizar o setor e maximizar oportunidades, destacando uma "economia dos dados" que é hoje fundamental também para a agricultura, e lamentando algumas barreiras que continuam a existir na região para tirar maior partido da tecnologia.

"Não consigo entender por que é que, na UE, não podemos usar drones para produtos fitofarmacêuticos. Usar drones significa que podemos ir ao local, circunscrever uma área, ser mais eficientes, mais amigos do ambiente e mais sustentáveis." O ministro revelou, a propósito, que solicitou a inclusão do tema na agenda do próximo Conselho de Ministros Europeus da Agricultura, para que volte a ser debatido.

A incorporação de tecnologia no setor, acredita José Manuel Fernandes, dará um contributo importante para a capacidade de atrair talento jovem, "mas a legislação europeia não pode ser um empecilho".


Executar PRR é um desafio sem margem para falhar


À margem da intervenção oficial, José Manuel Fernandes reforçou que "é preciso acelerar" para executar a tempo as verbas do PRR. "É um desafio brutal, em algumas áreas a execução estava mesmo a zero", reconheceu, sublinhando o esforço que tem sido feito para a desburocratização e simplificação de processos. A melhor forma de mostrar que merecemos continuar a ter fundos, é executar os que temos", sublinhou. O ministro também reforça que "se existirem projetos que não têm execução e que se perceba que até 2026 não vão ser executados, é normal que haja uma reprogramação precisamente para não perdemos recursos".




Inovação para avaliar a qualidade dos cereais no grão convence ANI

A Seedsight foi a vencedora da distinção Born From Knowledge, promovida e avaliada pela Agência Nacional de Inovação, no âmbito do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola.

Blockchain, inteligência artificial, sensores óticos e deep learning são algumas das tecnologias que alimentam a plataforma de hardware e software desenvolvida pela startup do Porto. Através dela, é possível validar online e em grande escala as características biomoleculares e biofísicas dos cereais e mapear a sua qualidade no grão. Esta análise permite reduzir em 89% o tempo necessário para identificar as melhores espécies, aumentar em 20% a produtividade e reduzir o desperdício alimentar.



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