O projeto LignoBeauty, vencedor na categoria Valorização dos Recursos Endógenos na 11.ª edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação do Crédito Agrícola, apresenta uma solução pioneira para a indústria cosmética. Este projeto, idealizado pela investigadora Giovana Colucci, destaca-se por transformar um resíduo industrial, a lignina, num ingrediente multifuncional para cosméticos, promovendo a economia circular e reduzindo o impacto ambiental dos produtos de beleza.
A lignina, um componente estrutural presente em árvores e plantas, é geralmente descartada ou utilizada como fonte de energia em indústrias de pasta e papel. O projeto LignoBeauty altera esse paradigma ao converter a lignina num ingrediente com propriedades valiosas para a formulação de cosméticos, incluindo um elevado poder antioxidante e de proteção contra raios UV. Este ingrediente permite substituir componentes derivados de combustíveis fósseis, frequentemente encontrados em produtos cosméticos e conhecidos pelos seus impactos negativos para a saúde e para o meio ambiente.
Prémio traz visibilidade para o projeto
Giovana Colucci, doutoranda em Engenharia Química e Biológica no Centro de Investigação de Montanha (CIMO) do Instituto Politécnico de Bragança, em colaboração com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, afirma que o projeto está já numa fase avançada em que "a transformação da lignina industrial num ingrediente multifuncional está validada em laboratório, incluindo provas de conceito para diferentes formulações cosméticas". A próxima etapa, segundo ela, é a construção de um protótipo comercial.
O potencial de mercado do LignoBeauty é vasto, especialmente no segmento de cosméticos orgânicos e sustentáveis, que tem crescido de forma significativa. Giovana Colucci reforça ainda o impacto positivo do prémio no futuro do projeto: "A conquista deste prémio permite-nos alcançar visibilidade nacional, atrair parcerias e investimentos cruciais."
Investimentos facilitam inovação
O objetivo da investigadora é lançar uma linha completa de cosméticos baseados em lignina nos próximos dois a três anos, um prazo que reflete os requisitos regulamentares rigorosos do setor. Giovana também está a estabelecer contactos com empresas de formulação e validação de produtos cosméticos, fundamentais para a comercialização futura. "Temos muito interesse em fazer parcerias com empresas do setor cosmético, por exemplo, empresas de formulação, validação e regulamentação de produtos cosméticos. Também buscamos investimentos para a criação de uma start-up", confirma a responsável. Segundo a investigadora, num prazo de dois a três anos será possível essa interação, uma vez que a comercialização de um produto cosmético com um ingrediente novo "exige uma série de regulamentações para poder entrar no mercado".
