Pelo segundo ano consecutivo, Guimarães é finalista do prémio Capital Verde Europeia. A consequência de uma política de longo prazo assumida pelo município nos últimos 11 anos. “Desde 2013, com a implementação do Ecossistema de Governança Guimarães 2030, reforçámos a aposta no desenvolvimento sustentável, acreditando que é possível tornar Guimarães numa cidade mais resiliente e com melhor qualidade de vida para os seus cidadãos”, afirma Sofia Ferreira, vereadora com o pelouro do Ambiente e Ação Climática.
Neste contexto, o município assume uma abordagem multidisciplinar, que aposta na ciência, na investigação, na inovação e na educação, e que procura envolver os cidadãos e as partes interessadas em diferentes áreas do desenvolvimento sustentável. Nas palavras da responsável autárquica, “liderar pelo exemplo, alinhando as ações com as diretrizes europeias, é essencial para acelerar a mudança e promover comportamentos mais sustentáveis”. O objetivo “é que Guimarães seja um modelo, mostrando que é possível garantir o desenvolvimento económico, em equilíbrio com os nossos ecossistemas”, afirma.
Visão integrada da mobilidade
Neste âmbito, as questões ligadas à mobilidade sustentável são vistas de forma integrada, relacionando os aspetos da mobilidade com as áreas da qualidade do ar, do ruído e da mitigação das alterações climáticas. Por este motivo, diz Sofia Ferreira, em Guimarães, tem-se procurado que “a estratégia de mobilidade sustentável esteja em linha não só com o objetivo de melhoria da qualidade de vida, mas também com as metas assumidas de atingir a neutralidade climática até 2030, e sabendo a importância que a alteração comportamental na área da mobilidade tem para estes objetivos”.
No quadro de mobilidade urbana, a UE põe a fasquia elevada, com a ambição de criar cidades onde a mobilidade seja segura, acessível, inclusiva, inteligente, resiliente e, sobretudo, sem emissões. Para alcançar esta ambição é necessário promover “uma mudança profunda” na forma como os habitantes se deslocam em Guimarães. “Isso implica uma maior ênfase na mobilidade ativa, como caminhar e andar de bicicleta, que não só reduzem as emissões, como também promovem a saúde física e mental”, advoga a responsável. “Simultaneamente, é crucial investir no transporte coletivo, que, quando eficiente e acessível, oferece uma alternativa viável, economicamente mais justa e, ainda, mais sustentável quando comparada com o uso do automóvel individual”, refere.
Transporte individual é importante
Neste contexto, o maior desafio com que Guimarães se depara consiste na utilização intensiva do transporte individual para as deslocações pendulares. “À semelhança do que acontece em inúmeros territórios, as escolhas modais têm evoluído no sentido de uma maior dependência do transporte individual e da redução do recurso ao transporte público e aos modos suaves”, explica Sofia Ferreira. O que resulta “num sistema insustentável, quer do ponto de vista ambiental, com o incremento das emissões de poluentes e do ruído, quer energético, com o aumento dos consumos de energia”, diz. Todavia, reconhece a vereadora, “num território com áreas com uma dispersão populacional significativa, onde o transporte público não é competitivo, o transporte individual ainda desempenha um papel vital na garantia de provisão da mobilidade”.
vereadora do Ambiente e Ação Climática da Câmara Municipal de Guimarães
No entanto, esta tendência de utilização intensiva do transporte individual pode ser invertida e o município tem apostado em várias medidas transversais que concorrem em conjunto para este objetivo. Entre as várias iniciativas, Sofia Ferreira destaca “o esforço para aumentar a competitividade do transporte coletivo, pelo aumento da oferta com a criação de uma nova rede de transporte público e a introdução de transporte flexível – que será anunciado em breve –, além da redução dos custos de utilização mediante a subsidiação dos passes”. Estas ações “visam tornar o transporte coletivo uma alternativa mais atrativa e acessível, incentivando os cidadãos a optar por modos de transporte mais sustentáveis”, explica a responsável.
Mobilidade elétrica fundamental
A mobilidade elétrica também tem sido um pilar fundamental na estratégia de Guimarães. “A reconversão da frota municipal para veículos mais eficientes e de emissões baixas ou nulas, bem como a imposição do uso de veículos elétricos na operação de transporte público, reflete o compromisso do município com a redução das emissões de GEE”, explica Sofia Ferreira. Simultaneamente, segundo a vereadora, “o município tem expandido a infraestrutura ciclável e as áreas pedonais, promovendo a mobilidade ativa como uma alternativa saudável e ecológica ao transporte individual”.
Neste contexto, a comunicação e a informação ao público são igualmente áreas que foram privilegiadas. Para Sofia Ferreira, a digitalização vai desempenhar “um papel-chave na disponibilização da informação da oferta de transporte público, facultando informações claras e atualizadas sobre horários, rotas e o estado dos serviços”. Apesar da digitalização, o município “reconhece a importância da informação em formatos e suportes mais convencionais, reforçando a informação nas paragens de transporte público, de forma a garantir a informação universal”, sublinha a vereadora.
Acessibilidade e competitividade
No domínio do transporte individual, e reconhecendo o seu papel como garantia da competitividade de alguns territórios, o município está a apostar em medidas que reduzam as suas externalidades, nomeadamente através do incentivo à mobilidade elétrica, como a expansão da rede de mobilidade elétrica. “Incentivar o uso de veículos elétricos é uma forma eficaz de reduzir as emissões associadas ao transporte individual, contribuindo para um sistema de mobilidade mais sustentável sem comprometer a acessibilidade”, diz Sofia Ferreira.
Em síntese, e na opinião da responsável autárquica, “Guimarães está a construir um futuro de mobilidade mais sustentável e equilibrado, através de uma abordagem integrada que combina melhorias no transporte público, promoção da mobilidade ativa e incentivo à mobilidade elétrica.” Na sua perspetiva, estão a dar-se passos importantes para “transformar o sistema de mobilidade local, alinhando-o com os objetivos globais de sustentabilidade”.