Outros sites Medialivre
Notícia

É preciso reforçar a infraestrutura de carregamento

ACAP solicita incentivos que facilitem a aquisição de veículos movidos a energias alternativas e mais pontos de carregamento nos territórios com menos densidade populacional.

15:10
Helder Pedro, secretário-geral da ACAP
Helder Pedro, secretário-geral da ACAP
  • ...

Os veículos movidos a energias alternativas continuam a liderar as matrículas dos automóveis ligeiros de passageiros novos, representando um peso de 57%, revelou a Associação Automóvel de Portugal – ACAP no balanço anual do setor, que fez no passado mês de janeiro. A crescente adesão a veículos movidos a energias alternativas é um "sinal positivo" da transformação do setor automóvel em Portugal, refletindo "não apenas a evolução tecnológica, mas também uma maior consciência ambiental por parte dos consumidores". "O facto de 57% dos novos automóveis ligeiros de passageiros matriculados em 2024 serem de energias alternativas demonstra que a transição energética está em curso", começa por afirmar Helder Pedro, secretário-geral da ACAP, prosseguindo: "Contudo, apesar deste progresso, subsistem desafios, nomeadamente a necessidade de um reforço na infraestrutura de carregamento e a sua fraca representatividade nos territórios com menos densidade populacional e a implementação de incentivos que facilitem a aquisição destes veículos. A ACAP vai continuar a trabalhar para garantir que a mobilidade sustentável seja acessível a um número cada vez maior de cidadãos."

É essencial garantir condições que tornem estes veículos mais acessíveis para os consumidores e para as empresas.Helder Pedro, secretário-geral da ACAP

A posição do nosso país no sexto lugar a nível europeu com 19,9% de matrículas de automóveis ligeiros de passageiros elétricos em 2024 reflete o crescente interesse dos consumidores portugueses por uma mobilidade mais sustentável. No entanto, a diferença significativa para países como a Dinamarca – na liderança desta tabela com 51,5% de matrículas destes veículos – demonstra que "ainda há desafios a superar", reforça o responsável da ACAP. "Os países do norte da Europa, como a Dinamarca, têm maior poder de compra e beneficiam de políticas fiscais e incentivos mais robustos para a aquisição de veículos elétricos", recorda e continua: "Em Portugal, os preços de mercado continuam a ser um fator determinante na decisão de compra, e é por isso que a ACAP defende um reforço dos apoios à aquisição e a implementação de medidas que facilitem a transição para a mobilidade elétrica, como a expansão da rede de carregamento e a revisão da fiscalidade automóvel."

Segundo Helder Pedro, a trajetória de crescimento do mercado de veículos elétricos em Portugal "é encorajadora", mas para acelerar este processo e aproximarmo-nos dos líderes europeus será "essencial garantir condições que tornem estes veículos mais acessíveis para os consumidores e para as empresas".

1,5 milhões de automóveis com mais de 20 anos

No balanço anual do setor automóvel é também explicado que, apesar da maior consciencialização dos portugueses para as questões ambientais, estão a circular nas estradas nacionais cerca de 1,5 milhões de automóveis com mais de 20 anos de idade. O que fazer para alterar esta situação?

Para Helder Pedro, a elevada presença de automóveis com mais de 20 anos a circular em Portugal é um desafio significativo para a renovação do parque automóvel e para a transição para uma mobilidade mais sustentável. "Apesar da crescente consciencialização ambiental e do aumento das vendas de veículos elétricos e híbridos, a substituição de viaturas antigas por modelos mais eficientes e menos poluentes continua a ser um processo lento, condicionado por fatores económicos e pela falta de incentivos suficientemente abrangentes", relembra.

Para contornar esta realidade, a ACAP defende um reforço e alargamento do Sistema de Abate de Veículos em Fim de Vida, tornando-o mais acessível e abrangente. "Atualmente, os incentivos estão sobretudo focados na aquisição de veículos elétricos, mas para que a renovação do parque automóvel ocorra de forma mais eficaz, é essencial que este sistema seja alargado a outras motorizações com melhores padrões ambientais, permitindo que um maior número de cidadãos tenha acesso a veículos mais eficientes", explica. Além disso, é fundamental que o Governo implemente políticas – mais eficazes – que incentivem financeiramente a troca de veículos antigos por modelos mais modernos, "seja mediante benefícios fiscais, isenção ou redução de impostos na aquisição, ou mesmo através de programas de apoio direto".

A par disso, prossegue Helder Pedro, a expansão da rede de carregamento e uma política fiscal que "torne os veículos sustentáveis mais competitivos face aos modelos a combustão são medidas essenciais para acelerar esta renovação e reduzir o impacto ambiental do setor automóvel em Portugal".

 

Os incentivos estão sobretudo focados na aquisição de veículos elétricos, mas para que a renovação do parque automóvel ocorra de forma mais eficaz, é essencial que este sistema seja alargado a outras motorizações com melhores padrões ambientais.Helder Pedro, secretário-geral da ACAP
Mais notícias