Localizado a 145 quilómetros do Porto, o Lítio do Barroso será, segundo a Savannah Resources, dona do projeto, "o recurso mais significativo de espodumena de lítio de rocha dura da Europa Ocidental". A empresa espera que este projeto venha a produzir cerca de 200.000 kt/ano de concentrado de espodumena, o que faria da Savannah Resources um elemento importante da cadeia de valor do lítio, um material considerado importante para os objetivos de transição energética do continente.
Recorde-se que o lítio foi classificado como uma "Matéria-Prima Crítica" pela Comissão Europeia em 2020, por ser fundamental para a transição energética devido ao papel que as baterias de ião-lítio podem desempenhar no armazenamento de energia limpa e renovável e na alimentação de veículos elétricos. Segundo um documento de apresentação da Savannah, "espera-se que a procura global de lítio aumente mais de quatro vezes entre 2022 e 2030, com a cadeia de abastecimento a ser significativamente desafiada a igualar esta taxa de crescimento".
Para uma organização como a Savannah, na qual a sustentabilidade é "um elemento central no negócio e parte integral dos projetos e do que faz", este é um projeto excelente, pois o recurso que irá produzir, a espodumena de lítio, "vai permitir a substituição de milhões de toneladas de petróleo", explica Emanuel Proença, CEO da Savannah Resources. "Porque a sustentabilidade é absolutamente crítica para a forma como produzimos este recurso, quer na mineração quer na purificação, no século XXI, na Europa, esta é uma atividade que vai requerer uma enorme quantidade de tecnologia e de recursos para garantir que preservamos e salvaguardamos o território", reforça o responsável.
Setor mineiro é altamente tecnológico
A oposição que este projeto registou no seu início tem, segundo Sónia Coelho, gestora da Savannah Resources, uma razão fundamental: "O setor mineiro nem sempre goza de uma boa reputação e continua muitas vezes a ser associado a uma imagem do passado, em que eram utilizadas técnicas pouco adequadas." Para esta responsável, "hoje, essa já não é a realidade". "Este é atualmente um setor altamente tecnológico e que, por isso mesmo, desenvolve os seus projetos sobre elevados padrões de sustentabilidade e qualidade", afirma Sónia Coelho. E esses padrões "são também os principais pilares do projeto de Lítio do Barroso, no sentido de garantir a sustentabilidade e a qualidade da exploração", conta.
Diálogo com a comunidade
No entanto, e segundo Sónia Coelho, "além de o projeto estar a ser desenvolvido utilizando as melhores técnicas disponíveis no mercado, o facto de mantermos um diálogo aberto e construtivo com todas as comunidades ajuda a que este projeto seja construído de uma forma que não só garanta maior sustentabilidade de uma forma robusta, mas também dê resposta a todas as preocupações da comunidade". Acresce que, segundo a diretora, "a decisão de trabalhar com elevados padrões de sustentabilidade vincula os parceiros de negócio e os fornecedores a trabalhar" de acordo com os padrões da empresa.
Para a Savannah Resources, a sustentabilidade tem, de facto, uma importância estratégica. "A empresa não a vê como um custo que vai ser absorvido, mas sim como um investimento inteligente", salienta a gestora da Savannah Resources. Neste momento, a empresa encontra-se ainda na fase de desenvolvimento do projeto do ponto de vista operacional, técnico e de engenharia. Segundo Sónia Coelho, estão "numa fase de grande diálogo e contacto entre equipas dentro da empresa e no terreno, de forma a identificar pontos fracos e pontos fortes e a solidificar as estratégias e práticas ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governação)". De facto, reconhece a gestora: "Implementar uma agenda ESG não é uma tarefa simples, exige muito investimento e um diálogo muito direto e interativo com os nossos stakeholders, de forma a identificar e a desenvolver as práticas mais corretas e que melhor se aplicam ao nosso projeto."
Atenção ao contexto local
Do ponto de vista da sustentabilidade, uma concessão de exploração mineral, explica a responsável, exige um grande investimento, que não é só de recursos financeiros, mas também exige muito tempo e energia dos responsáveis da empresa, de forma a entenderem as particularidades da região e a poderem definir quais as práticas mais aconselhadas para esta área.
Desta forma, e de um ponto de vista ambiental, "este é um projeto que respeita o ambiente e os valores naturais da região e que está a utilizar as melhores técnicas disponíveis no mercado, com este objetivo", afirma Sónia Coelho. Neste momento, precisamente, a Savannah Resources "está empenhada em dar uma resposta técnica inequívoca a todos os requisitos que foram apresentados na Declaração de Impacto Ambiental do projeto", informa.
Fixar as populações
No que diz respeito à componente social, a responsável pela sustentabilidade salienta que este projeto, pela sua natureza e dimensão, "tem uma grande capacidade para criar emprego e oportunidades que permitam o retorno e a fixação dos filhos da terra e a recomposição das famílias". Com este objetivo, a Savannah Resources "está a desenvolver estudos muito detalhados sobre a região, com enfoque nos impactos sociais do projeto". A preocupação, afirma, "é garantir um impacto social local positivo, endereçando as necessidades e as expectativas da população". Neste contexto, realça, "60% da equipa são portugueses e a grande maioria são da região, o que garante conhecimento e sensibilidade para as particularidades da zona onde a empresa está inserida", diz.
Obrigações de reporte
Relativamente ao aspeto da governação da empresa, a responsável lembra que a Savannah Resources é "uma empresa cotada na Bolsa de Londres e que opera na União Europeia, estando obrigada a respeitar elevados padrões de ética e de conduta". Desta forma, estão obrigados a divulgar e a disponibilizar muita informação, sendo uma empresa muito escrutinada. Por essa razão, a empresa tem uma equipa grande, "dedicada precisamente a cumprir essas obrigações de reporte e a garantir que os padrões de governação estão em linha com aquilo que é esperado por parte de uma empresa como a Savannah", refere.
Deste ponto de vista, do aumento da transparência e do conhecimento, "iniciativas como a do Negócios sobre sustentabilidade ajudam a desmistificar aquilo que é atualmente o setor mineiro, um negócio altamente tecnológico e com elevados padrões de sustentabilidade" e que, no caso da Savannah, possibilita a construção de "um ambiente melhor e tem um impacto transformador no futuro", sustenta.
Por sua vez, para Emanuel Proença, estão a ocorrer "enormes mudanças no espaço de uma geração" e a forma como se operava na viragem do século terá "muito pouco que ver" com a forma como se vai trabalhar nas décadas de 30 a 50 deste século. "O que torna necessário um debate sereno, mas profundo, que iniciativas como esta tornam possível", aconselha.
Para Emanuel Proença, tudo o que a Savannah faz é "permeado por uma preocupação em construir um ambiente melhor, mais sustentável". "Uma preocupação que, pela natureza do nosso produto, não é só local, mas que se estende ao país, ao continente e a todo o mundo", explica. Ou seja: "Ao produzirmos espodumena de lítio, estamos a trabalhar para assegurar que o mundo vai precisar de muito menos petróleo. E ao produzirmos este recurso de forma adequada, cumprindo os atuais requisitos europeus, conseguimos conduzir a nossa atividade, respeitando a região em que nos inserimos."