Com 160 anos de existência, a Savills é um dos principais agentes imobiliários em Portugal e no mundo, com mais de 40 mil profissionais em 70 países. Integrada num setor que é responsável por 40% das emissões de gases com efeito de estufa, a Savills tem, desde 2017, uma estratégia global de sustentabilidade que visa a descarbonização da empresa, o bem-estar dos colaboradores e um impacto positivo na comunidade.
Um trabalho que, afirma Nuno Fideles, head of sustainability da Savills Portugal, "tem sido feito a todos os níveis, com o apoio do conselho de administração e com equipas internas dedicadas". A Savills tem um departamento independente dedicado à sustentabilidade e ao ESG (ambiente, social e governação), que "trabalha esta vertente nas várias áreas, desde os serviços aos clientes até aos serviços e organização interna, visando a descarbonização da empresa e o aumento do bem-estar das pessoas na empresa", conta o responsável. Para Nuno Fideles, este é um processo "verdadeiramente desafiante", na medida em que a organização está "a fazer um esforço de sustentabilidade em todas as áreas simultaneamente, desde o ambiente até ao social, passando também pela oferta de serviços".
Compromissos ambientais claros
Na dimensão ambiental, a Savills está comprometida com o objetivo de atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa nas suas operações em 2030 e na sua cadeia de valor até 2040. Em 2023, segundo os documentos da empresa, "a emissão de gases de efeito de estufa de scopes 1 e 2 ‘baseados no mercado’ tiveram uma redução de 26,9% em relação ao nosso ano base de 2019". A empresa iniciou entretanto a revisão das suas cadeias de abastecimento, com o objetivo de reduzir as emissões de scope 3, tendo também aderido a um conjunto de índices e compromissos como "a Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), o Carbon Disclosure Project (CDP), o índice Financial Times Stock Exchange for Good (ftse4good) e a campanha Race To Zero", pode ler-se no documento.
Neste contexto, e na perspetiva de Nuno Fideles, neste caminho para a sustentabilidade nem tudo são obrigações: "As oportunidades que a sustentabilidade traz são muito grandes." No fundo, um esforço de sustentabilidade bem feito "permite também a redução de custos e o aumento da eficiência", afirma. Segundo o responsável pela sustentabilidade, a Savills conseguiu poupanças substanciais nos gastos energéticos, no uso da água, e numa gestão correta dos resíduos, com efeitos positivos no impacto ambiental da empresa. Um exemplo é a renovação que tem vindo a ser feita da frota automóvel da empresa desde 2017, que a partir de janeiro de 2025 será 100% elétrica ou híbrida.
Esforço credível
Neste contexto, a Savills dá uma grande importância à credibilidade e à objetividade dos seus esforços de sustentabilidade. "Os resultados que comunicamos são medidos nas suas várias dimensões usando metodologias comprovadas", garante Nuno Fideles, dando exemplos: "Fazemos o rastreio da nossa pegada carbónica, medimos a energia consumida e o consumo hídrico nos nossos escritórios, entre outros indicadores." Para o responsável, a Savills não quer correr o risco de ter as suas políticas de sustentabilidade encaradas como sendo greenwashing, porque encara este esforço com enorme seriedade. Neste capítulo, afirma, as ações que estão a fazer "são pensadas, são sérias e, acima de tudo, são baseadas em métricas científicas, desenvolvidas com colegas a nível internacional". "A Savills acredita no que está a fazer em termos de sustentabilidade, em que segue as melhores práticas, de forma a não deixar dúvidas sobre os seus objetivos nesta área", assegura Nuno Fideles.
Aposta na sustentabilidade social
Na perspetiva da sustentabilidade social, a Savills "promove ativamente uma cultura inclusiva, atraindo talentos diversificados e assegurando que todos têm as oportunidades de que necessitam para crescer". Neste contexto, a empresa assume como objetivos, segundo os seus documentos, "proporcionar locais de trabalho saudáveis, encorajar estilos de vida saudáveis e aumentar a sensibilização para a saúde mental e o bem-estar". Outros dois objetivos são: "Promover ativamente a igualdade de género e procurar manter um local de trabalho diversificado e inclusivo"; e "operar de forma responsável e proporcionar uma cultura justa, segura e diversificada".
Iniciativa Empowering Lab
Em Portugal, a Savills lançou em 2023 um projeto chamado Empowering Lab. Elaborado por uma equipa interna, este programa tem como objetivo "promover um ambiente de trabalho mais feliz e saudável, pondo as pessoas no centro de toda a atividade da empresa", bem como, "responder à atual e natural evolução do mercado de trabalho no domínio dos critérios de ESG". Segundo a apresentação, este projeto, assente em quatro eixos fundamentais – "to listen", "to empower", "to challenge" e "to colaborate" –, "tem como intuito fomentar uma cultura de trabalho pautada pela liberdade, autonomia, responsabilidade e espírito colaborativo", refere o documento.
Este é um projeto com várias frentes, "desde a arquitetura até aos recursos humanos, envolvendo o conselho de administração, e com várias vertentes de comunicação, procurando trabalhar no bem-estar e na saúde mental das pessoas da empresa". Numa fase inicial, a Savills promoveu uma avaliação dos riscos psicossociais na empresa utilizando o Questionário de Riscos Psicossociais de Copenhaga (COPSOQ). Seguiu-se a realização de entrevistas individuais com todos os colaboradores e, posteriormente, a organização de workshops sobre saúde mental e bem-estar com os diferentes cargos diretivos. A empresa realizou também focus groups interdepartamentais sobre aspetos relacionados com saúde mental e bem-estar na empresa.
Esta iniciativa, afirma o responsável pela sustentabilidade, "é muito importante para se poder dar as respostas necessárias para que as pessoas se sintam confortáveis e felizes em vir trabalhar". "Para a Savills, é muito importante sentir que as pessoas estão felizes no seu local de trabalho e que não vêm só realizar tarefas. Pensamos que a alegria das pessoas se traduz em produtividade", afirma. Por isso, diz: "Um dos objetivos da empresa é dar condições e alegria às pessoas, para que elas sejam mais produtivas, se sintam confortáveis e queiram vir trabalhar para uma empresa como a nossa." A ideia é que o Empowering Lab reforce, de forma inequívoca, a estratégia de atração e desenvolvimento de talento da Savills.
Contribuir para a sustentabilidade do setor
Finalmente, mas não por último, a Savills está empenhada em ajudar os seus clientes a serem mais sustentáveis nos seus projetos. O setor do imobiliário é responsável por 40% das emissões de gases com efeito de estufa. Este é um número que põe o setor da construção e do imobiliário no centro das atenções e no topo das prioridades em qualquer esforço para aumentar a sustentabilidade das cidades e dos países. Neste contexto, desde pelo menos 2021 que o mercado imobiliário tem assistido à intensificação dos requisitos de sustentabilidade, em especial em termos de consumo de energia. Na União Europeia, esta evolução significa que todos os edifícios a renovar e a construir deverão ser edifícios NZEB (Near Zero Emission Buildings) e, tendencialmente, no futuro, os edifícios não deverão ser responsáveis por qualquer emissão de gases com efeito de estufa.
Desta forma, no que ao desenvolvimento urbano concerne, "o conceito de construção sustentável passou de ambição a uma necessidade urgente". À medida que as cidades crescem e as preocupações com o meio ambiente aumentam, "o imperativo de adotar práticas sustentáveis na construção torna-se cada vez mais evidente", garante Nuno Fideles. Para percorrer este caminho em direção à sustentabilidade, "é indispensável adotar uma abordagem multifacetada". No centro deste esforço "está a mudança de paradigma para a descarbonização e a reabilitação das infraestruturas urbanas existentes", nota. Normas como a exigência de edifícios neutros em termos de carbono até 2030 e a integração de soluções de energia verde até 2028 sublinham a urgência desta mesma transição.
Neste contexto, a adoção de medidas destinadas a reduzir o consumo de energia e a aproveitar os recursos "atenua os danos ambientais". Também a escolha dos materiais de construção assume uma importância primordial na equação da sustentabilidade. "Embora os custos iniciais possam ser mais elevados, os dividendos a longo prazo da poupança de energia e do aumento do valor das propriedades fazem dos materiais sustentáveis um investimento prudente, mas resiliente, potenciando uma economia circular mais eficaz", defende o responsável. Paralelamente, explica, "a reabilitação de estruturas existentes surge como uma alternativa ainda mais viável e ecológica à construção nova". Ao modernizar os edifícios mais antigos de modo a cumprirem as normas de sustentabilidade contemporâneas, "as partes interessadas podem desbloquear oportunidades lucrativas, minimizando o impacto ambiental", recorda.
Educar o mercado
No entanto, para este responsável, "a concretização da construção sustentável vai para além dos meros avanços tecnológicos. A educação e a divulgação de informação desempenham um papel fundamental na capacitação dos indivíduos para adotarem práticas ecológicas no seu quotidiano." O acesso a dados pertinentes, defende, "não só promove a gestão ambiental, como também aumenta a satisfação do cliente e a valorização da propriedade". Neste contexto, certificações como BREEAM ou LEED tornaram-se KPI indispensáveis de sustentabilidade, exercendo uma enorme influência na atração de investidores e compradores. Além da mera validação, essas certificações "oferecem benefícios tangíveis sob a forma de incentivos fiscais e apoio financeiro, incentivando ainda mais o desenvolvimento sustentável", aponta o responsável.
Em última análise, afirma, "a construção sustentável transcende o domínio da utopia para emergir como uma realidade ao alcance de todos". Ao abraçar a descarbonização, alavancar tecnologias inovadoras e promover o envolvimento da comunidade, pode-se caminhar "rumo a um futuro em que a sustentabilidade converge com o sucesso económico, aliado a uma paisagem urbana mais sustentável e equitativa para as futuras gerações", conclui.