A Saint-Gobain tem como visão ser líder em construção sustentável. Uma ambição importante num setor que é atualmente responsável por 40% das emissões de CO2 na União Europeia. Segundo José Martos, CEO da Saint-Gobain Portugal, para esta empresa a sustentabilidade não é uma parte da estratégia, é A estratégia.
A Saint-Gobain trabalha sobretudo para o mercado da construção. Neste contexto, quais considera serem os vossos principais desafios em termos de sustentabilidade ambiental?
Penso que temos dois grandes desafios no setor da construção e que são desafios que a Saint-Gobain assume como seus. Em primeiro lugar, a necessidade de reduzir a pegada carbónica dos edifícios. Em segundo, a necessidade de fazer um uso mais eficiente das matérias-primas e dos recursos naturais neste setor.
Atualmente, os edifícios representam 40% das emissões de CO2 na União Europeia. O que significa que temos de encontrar formas mais sustentáveis de construir. Dessa pegada carbónica, 12% das emissões são feitas durante a fase de construção dos edifícios e 28% durante a sua utilização. O que significa que temos de encontrar formas mais sustentáveis de construir edifícios e que temos de ter uma maior eficiência energética na sua utilização. Estas são questões-chave da sustentabilidade, quer para o setor da construção quer para a Saint-Gobain.
O segundo desafio é a necessidade de fazer um uso mais eficiente dos recursos naturais. Num ano estamos a utilizar mais 70% do que os recursos que o planeta consegue gerar. Uma situação que nos leva para a necessidade de utilizar materiais alternativos mais sustentáveis, e sobretudo, de reintegrar materiais utilizados nos processos produtivos. Ambas as estratégias são fundamentais para termos uma construção muito mais sustentável.
Como é que a Saint-Gobain está comprometida com a sustentabilidade?
O compromisso da Saint-Gobain com a sustentabilidade nas dimensões ambiental, social e de governação (ESG) é total.
A nossa visão como empresa é ser líder em construção sustentável. No nosso caso, a sustentabilidade não é uma parte da estratégia, é A estratégia. O compromisso é total com a sustentabilidade ambiental, com a dimensão social e com a boa governação da empresa.
Que projetos têm em curso nas várias dimensões da sustentabilidade?
Em termos de sustentabilidade ambiental, o nosso principal projeto é a redução da nossa pegada carbónica no scope 3 (emissões que resultam da cadeia de valor da empresa). Isso passa, por exemplo, por reduzir o consumo de cimento nas nossas argamassas. O cimento tem uma grande pegada carbónica, pelo que estamos a trabalhar em materiais alternativos que tornem as nossas argamassas mais sustentáveis.
Na parte social, gostava de salientar o nosso compromisso com o bem-estar dos nossos trabalhadores. Fomos recentemente nomeados "Top Employer", a nível mundial, pelo nono ano consecutivo. Em Portugal, fomos nomeados na mesma categoria pelo sexto ano consecutivo à Saint-Gobain Portugal S.A. Isso certifica o nosso esforço para ser uma empresa que não só respeita os direitos dos nossos trabalhadores, como trabalha para o desenvolvimento da sua carreira profissional e pela existência de mais benefícios para os nossos colaboradores.
Na perspetiva da governação, o nosso compromisso com a ética nos negócios e com os princípios de conduta da Saint-Gobain é total. É uma dimensão que estamos sempre a implementar e na qual trabalhamos continuamente.
Com projetos como estes, que objetivos pretendem alcançar em termos de sustentabilidade ambiental?
São três os nossos objetivos principais. Em primeiro lugar, acelerar a redução da pegada carbónica no scope 3, com iniciativas como a de reutilizar resíduos, ou usar materiais alternativos, que nos permitam fabricar argamassas com uma menor pegada carbónica.
O segundo objetivo é liderar o mercado com soluções de eficiência energética para os edifícios. Temos, por exemplo, soluções muito abrangentes para a envolvente dos edifícios, como o sistema de isolamento térmico ETICS, mas também temos sistemas eficientes tanto para janelas, como para fachadas em vidro.
Finalmente, o terceiro objetivo é acelerar a economia circular na nossa produção. Por exemplo, no fabrico de vidro estamos a desenvolver sistemas de recolha de vidro usado para reutilização nos nossos fornos e fabrico de vidro novo. Recapitulando: temos três linhas de ação: redução de emissões do scope 3; liderar com soluções energeticamente eficientes; e liderar na circularidade.
Neste contexto de aposta na sustentabilidade, qual é o significado da vossa participação na iniciativa Negócios Sustentabilidade 2030?
Acho que esta iniciativa está a ser um fator importante de desenvolvimento do compromisso ESG das empresas em Portugal. Esta é uma iniciativa em que as grandes empresas estão presentes e em que partilham boas-práticas, liderando no caminho de implementação do ESG. Mas que também pode servir para facilitar este percurso nas empresas mais pequenas ou que necessitam de mais ajuda. É de facto uma iniciativa que impulsiona o desenvolvimento do compromisso das empresas com o ESG em Portugal.