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O regresso do clássico Blake & Mortimer

Esta é uma das séries de Banda Desenhada mais conhecidas da escola franco-belga. Depois do desaparecimento do seu criador, novas aventuras foram sendo lançadas. Como esta, à volta de Shakespeare.

31 de Dezembro de 2016 às 12:30
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Yves Sente/André Juillard, "O Testamento de William S." Asa, 64 páginas, 2016


Se há banda desenhada emblemática do período mais glorioso da escola franco-belga, ela é Blake & Mortimer. A criação de Edgar P. Jacobs trouxe para um mundo francófono o ambiente britânico, conseguindo juntar duas "Europas" que nunca conjugaram muito bem. Agora que passam sete décadas sobre esta criação empolgante, surge um novo álbum, "O Testamento de William S.", da autoria de Yves Sente e André Juillard, que nos últimos anos têm desenvolvido parte da continuação da obra legada por Jacobs. Nem sempre com a grandiosidade que os fãs mais meticulosos de Blake & Mortimer esperariam, mas com um profissionalismo muito interessante. É o que se passa neste álbum. A forma é, por vezes, mais importante para os autores do que o conteúdo. E o resultado ressente-se, apesar do ambiente misterioso lá continuar.

Aqui, os dois heróis conduzem uma investigação sobre William Shakespeare. Partimos de um facto: no seu belo palácio de Veneza, o marquês Stefano Da Spiri descobre um documento muito antigo com a assinatura W.S. Decide então enviar para Londres uma cópia do mesmo para ser analisado por Sarah Summertown, uma especialista na vida e obra do dramaturgo. Mas, por recear algo, o antigo militar italiano confia o original a um antigo colega de armas, o capitão Francis Blake. E muito rapidamente Mortimer entra também em cena para tentarem, em conjunto, descobrir o que é verdade e o que é falso no meio de todo este enigma. Para reforçar a ligação ao passado, surge inclusivamente o vilão Olrik.

O ambiente é sombrio, como os de todas as aventuras de Blake & Mortimer. E depois tem o toque especial de uma ligação à história britânica. Yves Sente e André Juillard seguem com primor o legado gráfico de Edgar P. Jacobs, um dos grandes mestres da escola franco-belga, que trocou a ópera por Blake & Mortimer. Todo esse mundo, com um estilo e uma mentalidade muito próprias, continuam aqui neste álbum, que é um prazer para todos os que gostam de mergulhar nos anos 50 e também nas pranchas de BD de dois dos seus mais especiais intérpretes e heróis.

É uma viagem quase romântica a um mundo onde tudo era cinzento. Sem as cores demasiado óbvias dos dias de hoje. Mas falta aqui algum do toque de génio e de ruptura que Jacobs deixava nos seus álbuns. Basta pensarmos, 70 anos depois, na beleza enigmática de "O Segredo do Espadão", editado no "Journal de Tintin", em 1946, e que daria origem a dois álbuns editados mais tarde, em 1950 e 1953.

Jacobs viria a falecer em 1987, sendo o seu último álbum "As 3 Fórmulas do Professor Sato", cuja segunda parte já viria a ser desenhada por Bob de Moor. Desde então, Yves Sente, Jean Van Hamme e Jean Dufaux têm-se dividido na criação de histórias de Blake & Mortimer, enquanto a ilustração tem sido partilhada por André Juillard, Ted Benoit, Antoine Aubin, René Sterne, Chantal De Spiegeleer e Étienne Schréder. Este novo "O Testamento de William S." segue a linha de sequência desta "franquia" que marca a banda desenhada europeia. E que ainda nos irá dar mais outras aventuras.


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