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O vídeo é design

Uma exposição inaugurada hoje no Victoria & Albert Museum, em Londres, consagra os jogos de vídeo como género maior do design contemporâneo e mostra aos investidores como adquirir os objectos.

08 de Setembro de 2018 às 09:00
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Será, porventura, absolutamente obrigatório recomendar aos dedicados leitores desta modesta página uma visita o quanto antes ao Victoria & Albert Museum, situado na sempre muito intensa Londres. Tendo nos ombros a responsabilidade de ser uma das principais referências globais da reflexão e exibição do design, o V&A tem procurado acompanhar a vertiginosa evolução da disciplina nas duas últimas décadas, gerada especialmente pela interferência das novas tecnologias e pelo aumento do estatuto.

A exposição que abriu no museu, "Videogames: Design/Play/Disrupt", que pode ser analisada em vam.ac.uk/exhibitions/videogames, tem duas dimensões especialmente importantes para os investidores em bens culturais. A primeira é a da aceitação das criações digitais como vertente fundamental do design contemporâneo. A segunda é a de como investir em bens digitais, dada a sua forma e os modos de conservação.

No que se relaciona com a primeira dimensão, os curadores da exposição situam-se já num ponto além de toda a discussão sobre a legitimidade do design digital. Para eles, tudo o que é criado com tecnologias digitais, ou seja, com software, é design, desde que tenha um propósito funcional e uma forma. Desta forma, o que os curadores tentam com esta exposição é mostrar todo o processo criativo necessário para construir um jogo de vídeo, desde os primeiros esboços, já realizados em ambiente digital, até às montanhas de código necessárias para dar forma, movimento e cor aos cenários e à acção.

A recolha e a escolha dos curadores resultaram numa exposição que partilha desenhos, esboços e arte, mas também protótipos e instalações imersivas. Só por este esforço a exposição já obriga a visita, até porque os mais atentos sabem que os jogos digitais há muito que não são objectos de diversão adolescente, mas antes canais do melhor design dos nossos dias.

É, no entanto, na segunda dimensão mencionada que a exposição traz mais conhecimento aos investidores. O que é mostrado resulta da convicção e do juízo dos curadores, que é o de que o design em código deve e pode ser adquirido e conservado. Para eles, a opção indicada é a de comprar os ficheiros, isto é, os pedaços de código que são, de facto, os objectos. Esta opção, que é já seguida por um grande número de investidores em design, representa uma revolução, exactamente porque o objecto é o ficheiro, que a muito curto prazo será uma prática validada no mercado.

Uma boa introdução ao mundo digital, mas numa versão festivaleira, é o Comic Con, que funciona desde ontem no Passeio Marítimo de Algés, em Lisboa. 


Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.


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