Horas depois de ser eleito, o primeiro-ministro Luís Montenegro deu sequência a uma promessa eleitoral e mudou o logotipo da República Portuguesa, recuperando o tradicional, que tinha sido substituído por uma nova versão sob o patrocínio do Governo de António Costa. "É que faz toda a diferença, nós no nosso projeto não fazemos sucumbir as nossas referências históricas e identitárias a uma ideia de ser mais sofisticados, connosco não há disso. Já chega de política de plástico", afirmara o líder do PSD pouco meses antes. Ficava a confirmação ao mais alto nível político: o logotipo não é uma questão estética, lateral; é prioritário, em termos estratégicos e filosóficos. O que torna a tarefa de os conceber ainda mais exigente.
Este é um mundo em que os detalhes fazem toda a diferença. A definição de "logotipo" no dicionário Priberam da Língua Portuguesa fala-nos em "conjunto formado por letras e/ou imagens, com design que identifica, representa ou simboliza uma entidade, uma marca, um produto, um serviço, etc…" O mesmo dicionário alerta, já agora, para o facto de a grafia mais correta ser mesmo a forma esdrúxula "logótipo", embora ambas sejam aceites. Adiante, até porque se banalizou no discurso popular o diminutivo "logo".
"O logotipo é a representação visual de uma marca, mas o que as pessoas reconhecem é a marca", avisa Miguel Viana, 50 anos, fundador e diretor criativo da UnlockBrands e responsável pela criação da imagem de eventos internacionais tão marcantes como o Euro 2016 ou os Mundiais 2018 e 2022. Esta empresa portuguesa ganhou recentemente o concurso para o logotipo do Mundial de basquetebol (Qatar 2027) e mais dois Campeonatos do Mundo, de outras modalidades, terão também a sua assinatura num futuro próximo. E é por causa do que disse antes que evita responder à pergunta sobre o que é "um bom logo". "O que as marcas precisam, mais do que um bom logo, é de uma personalidade que passe os seus valores e princípios. Isso deve estar no logotipo? Sim, mas não só."