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Lloyd Cole: um percurso singular

Adiada desde 2020 devido à Covid, a série de concertos que amanhã termina em Loulé não esteve inteiramente isenta de problemas de saúde para Lloyd Cole. Mas foi apenas um incidente passageiro numa carreira artística peculiar, e com outras ligações ao nosso país.
Jorge Pereirinha Pires e Sérgio Lemos - Fotografia 03 de Maio de 2024 às 14:45

Para ser entrevistado, Lloyd Cole veio de comboio desde Cascais, feito figura inconspícua entre a multidão, embora vestisse o mesmo imaculado traje branco com que poucos dias depois se apresentaria no palco do CCB para, aí sim, ser definitivamente o centro de todas as atenções. O que, aliás, era um exercício arriscado, já que um cantor, duas guitarras acústicas com diferentes afinações, e uma sala de 1.500 lugares quase inteiramente ocupada, onde a boa acústica assegura que tudo se ouve, geram uma circunstância em que qualquer desafinação, qualquer nota mal pisada, qualquer erro, reverberam impiedosamente.

 

Ele, porém, desempenhou a função com grande garbo (auxiliado, já agora, pela iluminação de Pedro Leston). Foi um concerto dividido em duas partes de cerca de 50 minutos, e entrecortado por numerosos apontamentos de autoironia que ajudam a amenizar o ambiente quando este se torna demasiado silencioso – piadas ligeiras como "Esta é uma grande canção do Bob Dylan que não foi escrita por ele", "Esta não foi um êxito mundial" – e ao longo do qual, sempre em pé, com voz cristalina, fez desfilar alguns dos seus temas mais conhecidos desde 1984, uma esmerada versão do "Young Americans" de David Bowie, e algumas das canções publicadas no álbum do ano passado, "On Pain". Um serão muitíssimo agradável.

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