Notícia
Cláudio da Silva: Há necessidade de ouvir coisas mais sinceras
Quis ainda mais ser actor quando lhe disseram que dificilmente o conseguiria, porque fisicamente não correspondia ao padrão. Acredita que uma personagem não é uma mera aparência. Fez teatro. Fez cinema. Foi Bernardo Soares no filme feito por João Botelho a partir do "Livro do Desassossego". Encontrou o poeta Armando há muitos anos, um poeta que não encerra as palavras no papel, que só diz a poesia e logo as palavras desaparecem. No Teatro do Bairro, todas as quintas-feiras, e até dia 21, Cláudio da Silva, artistas convidados e espectadores esperam a chegada do poeta Armando. Grande parte da conversa com Cláudio da Silva passou-se a falar de falar e a falar de não falar, num tempo em que o ruído nunca parece parar de aumentar. Numa estranha metáfora, o café onde conversámos era especialmente barulhento e Cláudio da Silva falou tão baixo que quase desapareciam da gravação as suas palavras. Depois, enviou um "e-mail" com informação biográfica incerta sobre o poeta Armando, mas dando a certeza de que não é ele o dito poeta. Independentemente da autoria, é uma poesia para dizer das coisas que existem porque olhamos para elas.
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1. É difícil ser artista em Portugal, é complicado sobreviver. Como actor, tenho que estar sempre a reinventar trabalho, a ir buscar soluções, não posso ficar muito tempo à espera que me convidem para trabalhar. Às vezes acontece ter que ficar à espera, mas enquanto estou à espera faço milhares de coisas: escrevo, estou com amigos, invento, tento ver mais formas
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