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Audemars Piguet: O valor da memória

A tradição familiar guia os destinos da Audemars Piguet, cuja sede está situada num dos recantos mais belos da Suíça. A sua memória histórica, ligada ao ambiente que a cerca, vai ficar guardada num museu futurista.

18 de Novembro de 2017 às 09:15
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O cenário é deslumbrante. É o aroma da paz e do recolhimento que permite criar obras de arte. No caso, relógios. A Audemars Piguet é uma das mais antigas empresas de relojoaria do mundo ainda controladas pelas suas famílias fundadoras e a sua história cruza-se com a própria indústria suíça. No século XVIII, as famílias Audemars e Piguet viviam no Vallée de Joux (onde fica Le Brassus), local de Invernos rigorosos. Era nessa estação, que convidava a ficar em casa, que faziam componentes para relógios, algo que lhes permitia criar um suplemento de rendimentos para a sua actividade florestal e de leite.

Era o primeiro passo para a criação de uma própria empresa. Foi isso que fez Jules-Louis Audemars, depois de conhecer Edward-Auguste Piguet. Acabaram por fundar a Audemars, Piguet & Cie em 1881. Enquanto faziam movimentos para outras marcas, começaram a fazer os seus próprios relógios, apresentando os primeiros modelos (calendários perpétuos, por exemplo), em 1882. A sua presença na Exposição Universal de Paris em 1889 permitiu-lhe expandir mercados.

A Grande Depressão quase levaria a empresa à falência, mas após a II Guerra Mundial a Audemars Piguet voltaria a crescer. A reacção à crise do quartzo foi a criação de um relógio de aço de características desportivas, o Royal Oak, inventado por Gérald Genta. Foi um sucesso, e esses primeiros relógios são hoje uma paixão para os coleccionadores. Tudo isso tem também que ver com a produção conservadora da marca: a Audemars Piguet produz poucos relógios por ano (40 mil em 2015) quando comparado com muitas outras produtoras suíças e em quatro áreas: desporto extremo (Offshore), desporto de prestígio (Royal Oak), Clássico (Jules Audemars e Edward Piguet) e Millenary. A estratégia é ter uma produção controlada, na qual o que é importante é a qualidade e não a qualidade.

O cenário onde está situada a Audemars Piguet, em Le Brassus, corresponde a esta melancólica identidade de uma empresa familiar com a natureza que a rodeia (e que faz questão de preservar como lugar de bem-estar e de memória) e com a lógica artesanal da alta relojoaria. Este dever ser a guardiã da riqueza florestal, e de a preservar para as gerações futuras, faz com que a lógica moral e ética esteja sempre presente nas decisões da Audemars Piguet. É neste ambiente bucólico que está a nascer o futuro museu da marca, que inclui uma construção futurista de um pavilhão envidraçado em espiral que salta imediatamente à vista. Um projecto do gabinete de arquitectura dinamarquês BIG, e que tem tudo que ver com o compromisso ambiental da marca. E, também, com a subtil elegância e o design dos relógios da Audemars Piguet.

Percorrendo as instalações da marca, ficamos reféns do saber daqueles que no centro de restauração dão nova vida a velhos modelos. Que contam muito da história da Audemars Piguet, que pode ser vista em algumas salas que ilustram a sua história através de relógios que marcaram a sua existência. Trabalhar esta fonte histórica é a função de Sébastian Vivas, o director do museu e do património da marca, e que espera ansiosamente pelas novas instalações museológicas, designadas La Maison des Fondateurs.

Fazer brilhar ainda mais a excepcional memória da Audemars Piguet é a sua função. E sonho. Como ele próprio diz: "A Audemars Piguet tem uma longa história, com cerca de 140 anos. E nós somos os herdeiros de uma indústria. Estudar a sua rica história é muito importante." Ao longo dos últimos anos, muitas centenas de peças têm enriquecido o património do museu, bem como tem sido possível aceder a fontes de documentação que se julgavam perdidas. "Os relógios mecânicos ligam o passado e o futuro e são os últimos objectos de grande técnica a ser criados para funcionarem hoje, mas que acabam por durar séculos", acrescenta. Sobre o seu trabalho, diz: "O papel de um responsável pelo património como eu é saber a história, estudá-la, protegê-la, enriquecer a colecção e comunicar isso, seja interna como externamente."

Durante os últimos anos, Sébastian Vivas tem vindo a trabalhar exaustivamente na preservação da vasta memória da Audemars Piguet, o que lhe permite dar o salto rumo ao novo museu. "Isso leva-nos para o próximo capítulo, que é o ambicioso projecto que deverá estar concluído no próximo ano. O museu estará num edifício de design futurista, que se cruza com a nossa arquitectura tradicional. Assim poderemos viajar do século XIX até ao século XXI." Claramente, Sébastian Vivas espera, impacientemente, pela chegada deste novo pólo que dará uma nova vida ao universo Audemars Piguet em Le Brassus. Será uma forma de mostrar o valor da memória e a forma como ela acaba por influenciar decisivamente o nosso presente e o futuro. Numa actividade em que o tempo é tudo, um museu acaba por ser uma fonte de reflexão e de inspiração. Todo o rico património da Audemars Piguet vai assim ficar disponível para que mais pessoas o possam conhecer.


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