A visão remetia para um daqueles filmes pós-apocalípticos, em que a realidade desliza para o impensável. A 16 de julho deste ano, em Green Head, na costa ocidental da Austrália, as pessoas que passeavam na praia nessa manhã de domingo deram com um enorme cilindro metálico, meio enterrado na areia. O objeto, do tamanho de um automóvel, não era facilmente identificável, mas quando a notícia começou a correr mundo depressa ficou claro que se tratava de parte do motor de um foguetão indiano. E esse foi, afinal, apenas o mais recente capítulo da saga inesgotável de achados insólitos à beira-mar. Em Portugal, país com centenas de quilómetros de costa marítima, também há gente com histórias destas para contar.
Ana Pêgo é uma daquelas pessoas que o mundo conhece como "beachcombers", gente que palmilha a costa à procura de achados curiosos, com histórias para contar. E ela conta-as, em livro ou de viva-voz, nas ações públicas em que tenta reforçar a mensagem de que o mar está doente e precisa que todos acordemos para o salvar. Miguel Lacerda é também um ativista da limpeza dos oceanos – mas é mais de meter as mãos no lixo… Na maior parte das vezes até prefere não exercer a sua atividade nos areais, onde, por força da vocação balnear, as autoridades fazem limpezas regulares. Mas as zonas rochosas, de mais difícil acesso, podem ser ainda mais ricas em achados extraordinários.