Quando se fala de Sesimbra há uma imagem que é indissociável: pesca. A vila do distrito de Setúbal é uma referência nacional na atividade. Um marco económico que, mais uma vez, se traduziu no último ano, com a conquista do primeiro lugar entre os portos onde mais pescado se desembarcou. Foi também, a segunda lota do país que mais dinheiro movimentou. Mas, mesmo com as distinções que se repetem, o futuro não é totalmente seguro. É que são cada vez menos os pescadores nacionais. Agora, para que muitas embarcações possam fazer a faina, valem os tripulantes indonésios, marroquinos, senegaleses e cabo-verdianos.
"Rapazes novos na pesca? Só os que nunca deram nada para a escola. A malta nova, em dando alguma coisa para os estudos, não vem para esta vida", diz o mestre Luís Pinhal. "No meu barco, o ‘Luís Adrião’, ainda tenho uma maioria de portugueses, mas há muitos colegas que têm a maior parte das tripulações constituídas por estrangeiros, sejam eles pessoal de mar ou de terra", conta.
Segundo Luís Pinhal, uma grande parte dos pescadores nacionais que ainda se aventuram nas traineiras ou nas rapas, embarcações mais pequenas e que em vez de transportarem entre 15 e 20 pescadores levam apenas cinco a sete, "são homens já reformados". "Vêm ao mar porque as reformas são pequenas e eles precisam sempre de ganhar algum. Os mais novos que ainda restam nesta vida são os que fizeram da escola um passatempo".