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Petróleo acima dos 150 dólares? Os receios são cada vez maiores

As reservas das maiores produtoras caíram, e o índice de reinvestimento do sector atingiu o nível mais baixo numa geração, abrindo caminho para que os preços do petróleo ultrapassem os níveis recorde alcançados na última década

09 de Julho de 2018 às 14:29
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Os investidores do mercado petrolífero podem arrepender-se de terem exortado as empresas a distribuir dividendos agora em vez de investir no crescimento futuro, já que a exploração diminuta faz antever um cenário de alta sem precedentes no preço do petróleo, segundo a Sanford C. Bernstein.

 

As empresas têm sido obrigadas a concentrar-se em aumentar os retornos e as distribuições aos accionistas em detrimento dos gastos de capital destinados a encontrar novas reservas, escreveu a equipa de analistas liderada por Neil Beveridge, numa nota publicada nesta sexta-feira. Deste modo, as reservas das maiores produtoras caíram, e o índice de reinvestimento do sector atingiu o nível mais baixo numa geração, abrindo caminho para que os preços do petróleo ultrapassem os níveis recorde alcançados na última década, segundo o Bernstein.

 


"Os investidores que tinham incitado as equipas de gestão a abrandar os gastos de capital e a devolver dinheiro vão lamentar a falta de investimentos no sector", escreveram os analistas. "Qualquer escassez de oferta provocará uma forte alta nos preços, provavelmente bem maior que a subida que levou o barril a 150 dólares em 2008."

 

As maiores petrolíferas do mundo, incluindo a Royal Dutch Shell e a BP, superaram o colapso dos preços em 2014 reduzindo custos, vendendo activos e contraindo dívida para ajudar a satisfazer os investidores com dividendos significativos. A maior, a Exxon Mobil, foi punida pelos accionistas no início do ano após uma série de resultados decepcionantes com um enorme plano de investimentos e a falta de recompras de acções.

 

O excesso de oferta de petróleo em todo o mundo nos últimos anos dissimulou a "falta de investimento crónica", afirma a Bernstein no relatório. O petróleo atingiu o maior patamar em mais de três anos depois da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e aliados chegarem a acordo para limitar a produção, no início do ano passado, para reduzir o excesso de oferta global. Os produtores pretendem agora extrair mais para ajudar a arrefecer o mercado, mas interrupções em países como Líbia e Venezuela estão a manter os preços elevados.

 

As reservas comprovadas das maiores petrolíferas do mundo caíram em média mais de 30% desde 2000, e apenas a Exxon e a BP mostraram melhorias, ajudadas por aquisições, informou a Bernstein. Ao mesmo tempo, mais de mi, milhões de pessoas migrarão para cidades na Ásia nas próximas duas décadas, o que aumentará a procura por carros, viagens aéreas, fretes rodoviários e plástico, que também exige petróleo, segundo a Bernstein.

 

"Se a procura por petróleo continuar a crescer até 2030 e depois disso, a estratégia de devolver dinheiro aos accionistas e pouco investir em reservas acabará por ser a semente do próximo super-ciclo", escreveram os analistas. "As empresas que tiverem barris por produzir ou oferecerem os serviços para extraí-los serão as escolhas certas, pois não ficarão para trás."

 

O barril de petróleo Brent atingiu o nível mais elevado de sempre em 2008, nos 147 dólares, devido ao forte crescimento da procura e à falta de recursos imediatamente disponíveis, o que alimentou um aumento sincronizado das matérias-primas, que foi apelidado de super-ciclo. Este ano o Brent já negociou acima dos 80 dólares por barril, o nível mais elevado em três anos.

Texto original: There Are Fears About an Oil Spike Above $150

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