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IMF – Rússia rejeita corte de produção da OPEP, petróleo “afunda” para mínimos de 2016
Dólar canadiano “afunda” para mínimos de 8 meses com queda do petróleo e corte de taxas; Eur/Usd estende ganhos para máximos de oito meses; Rússia recusa aprovar corte de produção da OPEP; Covid-19 impulsiona ativos de refúgio, ouro regista maior ganho semanal desde 2009
Dólar canadiano "afunda" para mínimos de 8 meses com queda do petróleo e corte de taxas
As últimas semanas têm sido bastante atribuladas para o dólar canadiano. Após atingir máximos de 2017 face ao euro em meados de fevereiro, nos C$1.4260, a moeda acabou por corrigir em baixa, para mínimos de junho de 2019. A justificar o movimento descendente estão, em parte, as descidas do petróleo. Recentemente, a aversão ao risco dos mercados tem vindo a intensificar-se, como resultado da propagação do Covid-19, resultando num sell off da matéria-prima. As quedas intensificaram-se ainda mais na sexta-feira após a Rússia ter rejeitado os planos da OPEP para cortes adicionais na produção (ver texto do crude abaixo). Numa nota adicional, o Eur/Cad foi impulsionado também pelo Banco do Canadá que seguiu o movimento da FED e do RBA e cortou a taxa de juros diretora pela primeira vez em quatro anos para ajudar a combater o impacto da propagação do Covid-19, abrindo ainda a porta a cortes adicionais, se necessários. O corte já era esperado, contudo, foi de 50 pb, face aos 25 pb descontados pelo mercado, levando a taxa de 1.75% para 1.25%. O BoC justificou o corte ao indicar que a propagação do Covid-19 representa um "choque negativo material" para as perspetivas do país e globais, prevendo que a confiança dos negócios e do consumidor se pode deteriorar, pressionando ainda mais a atividade económica.
Tecnicamente, o Eur/Cad inverteu a tendência de queda que vinha a registar desde o último trimestre de 2019, ressaltando nos C$1.4260. O par encontra-se a testar os 61.8% de retração de fibonacci (C$ 1.51). O MACD tem vindo a intensificar o sinal de compra, podendo sinalizar o sucesso a este teste. A confirmar-se, a próxima resistência localiza-se nos 100% de retração (C$1.56).
Eur/Usd estende ganhos para máximos de oito meses
A última semana foi bastante preenchida a nível macroeconómico, com o impacto do coronavírus a dominar as atenções dos mercados, Bancos Centrais e Governos. O principal destaque vai, indubitavelmente, para o corte de emergência das taxas de juro por parte da FED. A Reserva Federal realizou ontem um corte das taxas de juro em 50 pontos base, para um intervalo entre 1%-1.25%, para combater o impacto económico do coronavírus. Este foi o 1º corte de emergência desde 2008 no auge da crise, realçando a gravidade da perspetiva da FED. Antes disso a FED tinha cortado após o 11 de setembro. Para a FED, os fundamentos da economia norte-americana continuam robustos, mas, o vírus apresenta riscos. O corte surge aparentemente em concertação com o G7 (ver abaixo). Historicamente, os cortes de emergência não são um bom sinal – ocorreram antes das recessões de 2001 e 2008. O facto de o ter feito ontem, a apenas duas semanas da reunião regular, pode ter alarmado os mercados. Muitos analistas questionam a necessidade e utilidade de cortar taxas dessa forma. O BCE poderá fazer algo em breve. Relativamente às eleições primárias do Partido Democrata dos EUA, após resultados desapontantes na "Super terça-feira", Michael Bloomberg e Elizabeth Warren anunciaram desistência, deixando assim a corrida para a nomeação entre Bernie Sanders e Joe Biden.
Tecnicamente, o Eur/Usd deu continuidade ao movimento de alta, acabando por quebrar os 61.8% de retração ($1.11), renovando máximos de oito meses, em torno dos $1.1350. O MACD apresenta um forte sinal de compra, indicando que o par poderá dar continuidade aos ganhos e quebrar em alta o limite superior do canal descendente e subir até à resistência dos $1.14 no curtíssimo-prazo.
Rússia rejeita corte de produção da OPEP, petróleo "afunda" para mínimos de 2016
O petróleo encerrou a semana com uma variação muito ligeira face à semana anterior. Não obstante, esta foi suficiente para ditar uma perda, tendo a matéria prima renovado mínimos de 13 meses. No início da semana, os preços do petróleo recuperam algum terreno. Contudo. Estes foram apenas temporários, tendo os preços voltado a recuar, com o crude a renovar mínimos de novembro de 2016, em torno dos $42/barril. Grande parte da pressão teve origem na sexta-feira após a Rússia ter rejeitado os planos da OPEP para cortes adicionais de produção (na ordem de 1.5 M de barris) a partir do segundo trimestre do ano. De acordo com as fontes citadas pela Reuters, Moscovo argumentou que ainda era muito cedo para prever o impacto do surto do Covid-19 na procura global de energia.
Tecnicamente, o crude deu seguimento às perdas decorridas após a falha à resistência dos 23.6% de retração de fibonacci ($53.70). Tudo aponta para que a matéria-prima dê continuidade às quedas, à medida que transaciona dentro do canal descendente (vermelho). O MACD inverteu o sinal de compra, corroborando a perspetiva bearish para o curto-prazo. O próximo suporte localiza-se em torno dos $43.
Covid-19 impulsiona ativos de refúgio; Ouro regista maior ganho semanal desde 2009
Após as fortes quedas registadas na última sessão de fevereiro, os preços do ouro acabaram por ressaltar e renovar máximos de sete anos na sexta-feira, em torno dos $1 690/onça, apresentando mesmo o maior ganho semanal desde 2009. O metal precioso beneficiou do seu estatuto de ativo de refúgio, à medida que os investidores lutam para aliviar o impacto da crescente crise global da saúde, resultante da continuação da propagação do Covid-19.
Tecnicamente, o ouro continua a aprestar uma tendência de alta, à medida que transaciona dentro do canal ascendente. O metal precioso ressaltou no limite inferior do referido canal e encontra-se, de momento, a testar o superior. Uma quebra em alta a este nível forneceria uma perspetiva consideravelmente mais bullish ao ativo. Não obstante, os indicadores técnicos não sugerem que este possua a robustez necessária, sendo assim esperado que permaneça a subir enquanto negoceia dentro do canal.
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