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Goldman entre os principais vencedores com possível queda de Maduro
A Venezuela está em incumprimento desde novembro de 2017 e uma possível mudança de regime melhora as fracas perspetivas dos credores.
A expectativa de mudança de regime na Venezuela gerou uma forte recuperação na cotação das obrigações soberanas e de empresas públicas do país, atenuando as perdas dos grandes bancos mundiais.
De acordo com o Financial Times, a Goldman Sachs Asset Management é uma das instituições com mais dívida da Venezuela e por isso uma das que mais tem a ganhar se for concretizada a queda de Maduro e chegada ao poder de Juan Guaidó.
O líder da oposição e presidente do Parlamento autoproclamou-se presidente interino do país da América Latina, por considerar que as eleições que reconduziram Maduro no poder foram fraudulentas. Vários países apoiaram Juan Guaidó, gerando uma expectativa de que uma mudança de regime está a caminho, o que facilitará uma reestruturação da dívida que permitirá à Venezuela sair da situação de incumprimento e pagar parte da dívida aos credores.
Desde que Guaidó desafiou Maduro a cotação das obrigações soberanas da Venezuela dispararam de 23 cêntimos para 33 cêntimos. Os títulos de dívida da petrolífera estatal PDVSA dispararam de 14 para 24 cêntimos.
As sanções aplicadas pelos Estados Unidos à Venezuela deixaram os detentores de dívida do país num "limbo", já que torna impossível qualquer tipo de negociações com vista a uma reestruturação que permita recuperar parte do valor dos títulos, salienta o FT.
"As hipóteses de Maduro sair [do poder] aumentaram, o que eleva o potencial de o país recuperar economicamente e a produção petrolífera regressar aos níveis normais", disse ao FT Anthony Simond, gestor de fundos da Aberdeen Standard Investments, que detém dívida do país.
Além da gestora de ativos do Goldman Sachs, também a BlackRock, a T. Rowe Price e a Stone Harbor têm em carteira elevadas somas de dívida soberana e corporativa da Venezuela.
Os fundos destas gestoras que estão expostos aos mercados emergentes registam um bom desempenho este ano, com retornos acima de 5%. Dois deles são do Goldman Sachs, que "herdaram" obrigações da petrolífera estatal depois da aquisição dos títulos que eram detidos pelo banco central por 865 milhões de dólares, num negócio concretizado em 2017 e que gerou polémica.
"O mais importante é que [esta potencial mudança na Venezuela] ponha fim à crise humanitária, económica e política, que esperamos que tenha impacto nos ativos que temos em nome nos nossos clientes", disse ao FT uma fonte oficial do Goldman Sachs.
O Governo norte-americano anunciou na segunda-feira que vai impor sanções à companhia petrolífera, o que aumenta a pressão sobre Nicolás Maduro. O conselheiro de segurança nacional John Bolton e o secretário do Tesouro Steven Mnuchin anunciaram as medidas contra a companhia, que impede os norte-americanos de fazerem negócios com a empresa estatal e congela todos os seus bens nos Estados Unidos.
O autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou esta segunda-feira que assume o controlo dos ativos do país no exterior, de modo a evitar que o Presidente Nicolás Maduro "continue a roubar" o dinheiro dos venezuelanos.