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A forma como a sociedade está organizada, maioritariamente em grandes cidades e metrópoles, tem impacto negativo na nossa qualidade de vida e no meio ambiente. Despendemos muito tempo em deslocações no dia a dia, consumimos muito e, consequentemente, emitimos muitas emissões à conta deste estilo de vida. Por isso, mudar o modelo atual de cidade é a chave para minorar muitos dos problemas que enfrentamos ao nível do nosso bem-estar e das alterações climáticas, já que os centros urbanos são responsáveis por 75% das emissões globais de carbono.
"A questão que temos de fazer neste século das cidades e das metrópoles é em que tipo de cidades queremos viver. Não é possível continuar a viver nas cidades dos carros a gasóleo, com más redes de transportes públicos, assim como também não é possível continuar a ir às compras aos grandes centros comerciais. A crise da pandemia da covid-19 está a mudar radicalmente a situação, incluindo o dia a dia da vida de cada um de nós", começou por assinalar Carlos Moreno, professor catedrático na Universidade de Paris IAE - Pantheon Sorbonne e diretor científico da cadeira de Empreendedorismo-Território-Inovação, na qualidade de keynote speaker, no debate "Bem-Estar e Cidades Sustentáveis - Utopia ou realidade?", que teve lugar a 7 de outubro, naquele que é o segundo ciclo de talks sobre sustentabilidade organizado pelo Jornal de Negócios.
Devido à pandemia, o modelo de trabalho foi alterado de um dia para o outro, instituindo o teletrabalho ou o modelo híbrido, o que fez despertar a ideia de que deslocações diárias demoradas para ir trabalhar são uma verdadeira perda de tempo e de dinheiro. As condicionantes também levaram a que precisássemos de ter mais perto de nós os serviços médicos, os serviços educativos, os espaços de lazer, os locais onde fazemos compras, etc. Tudo isto veio ao encontro do conceito de cidade dos 15 minutos, criado por Carlos Moreno. "Nestes tempos de covid-19, este é um conceito revolucionário. É a possibilidade de lutarmos contra as alterações climáticas e ao mesmo tempo mudarmos o nosso estilo de vida. É a oportunidade para termos mais paz, ruas mais verdes, deslocarmo-nos a pé ou de bicicleta, fazermos compras perto de casa, ter acesso a múltiplos serviços, etc.", referiu na sua apresentação.
A cidade dos 15 minutos
Mas o que é a cidade dos 15 minutos? A ideia é transformar as cidades que temos atualmente em cidades que sirvam as pessoas e não os carros. Para isso, é preciso mudar o conceito de cidade cêntrica para um modelo policêntrico, com serviços descentralizados, aos quais as pessoas cheguem em 15 minutos a pé ou de bicicleta a partir das suas casas. Nomeadamente aos seis aspetos essenciais das nossas vidas, como trabalhar, ir à escola, aos serviços médicos, aos locais para fazer compras, aos espaços de lazer, etc.
Isto significa "mudar radicalmente o nosso estilo de vida", para termos qualidade de vida: "Temos de recuperar o nosso tempo, porque vivemos atualmente em cidades anónimas e cheias de stress. A cidade dos 15 minutos oferece a oportunidade de termos um novo paradigma."
O conceito é bem visto e já está a ser testado em algumas cidades no mundo. A cidade dos 15 minutos foi adotada num bairro em Milão, Itália, durante a pandemia. Em Melbourne, na Austrália, existe um projeto para uma cidade de 20 minutos e em Utrech, na Holanda, está a ser criado um novo bairro para 120 mil habitantes totalmente livre de carros e onde se promove a economia circular.
"Precisamos de viver em cidades mais sustentáveis e atingir a neutralidade carbónica. Para isso, temos de mudar radicalmente as nossas emissões nos próximos dez anos. E é absolutamente necessário desenvolver uma nova atitude de convergência a nível económico, ecológico e social", finaliza Moreno.
"A questão que temos de fazer neste século das cidades e das metrópoles é em que tipo de cidades queremos viver. Não é possível continuar a viver nas cidades dos carros a gasóleo, com más redes de transportes públicos, assim como também não é possível continuar a ir às compras aos grandes centros comerciais. A crise da pandemia da covid-19 está a mudar radicalmente a situação, incluindo o dia a dia da vida de cada um de nós", começou por assinalar Carlos Moreno, professor catedrático na Universidade de Paris IAE - Pantheon Sorbonne e diretor científico da cadeira de Empreendedorismo-Território-Inovação, na qualidade de keynote speaker, no debate "Bem-Estar e Cidades Sustentáveis - Utopia ou realidade?", que teve lugar a 7 de outubro, naquele que é o segundo ciclo de talks sobre sustentabilidade organizado pelo Jornal de Negócios.
Devido à pandemia, o modelo de trabalho foi alterado de um dia para o outro, instituindo o teletrabalho ou o modelo híbrido, o que fez despertar a ideia de que deslocações diárias demoradas para ir trabalhar são uma verdadeira perda de tempo e de dinheiro. As condicionantes também levaram a que precisássemos de ter mais perto de nós os serviços médicos, os serviços educativos, os espaços de lazer, os locais onde fazemos compras, etc. Tudo isto veio ao encontro do conceito de cidade dos 15 minutos, criado por Carlos Moreno. "Nestes tempos de covid-19, este é um conceito revolucionário. É a possibilidade de lutarmos contra as alterações climáticas e ao mesmo tempo mudarmos o nosso estilo de vida. É a oportunidade para termos mais paz, ruas mais verdes, deslocarmo-nos a pé ou de bicicleta, fazermos compras perto de casa, ter acesso a múltiplos serviços, etc.", referiu na sua apresentação.
A cidade dos 15 minutos
Mas o que é a cidade dos 15 minutos? A ideia é transformar as cidades que temos atualmente em cidades que sirvam as pessoas e não os carros. Para isso, é preciso mudar o conceito de cidade cêntrica para um modelo policêntrico, com serviços descentralizados, aos quais as pessoas cheguem em 15 minutos a pé ou de bicicleta a partir das suas casas. Nomeadamente aos seis aspetos essenciais das nossas vidas, como trabalhar, ir à escola, aos serviços médicos, aos locais para fazer compras, aos espaços de lazer, etc.
Isto significa "mudar radicalmente o nosso estilo de vida", para termos qualidade de vida: "Temos de recuperar o nosso tempo, porque vivemos atualmente em cidades anónimas e cheias de stress. A cidade dos 15 minutos oferece a oportunidade de termos um novo paradigma."
Precisamos de viver em cidades mais sustentáveis e atingir a neutralidade carbónica. Para isso, temos de mudar radicalmente as nossas emissões nos próximos dez anos. Carlos Moreno, Professor catedrático na Universidade de Paris IAE - Pantheon Sorbonne e diretor científico da cadeira de Empreendedorismo-Território-Inovação
A cidade dos 15 minutos, baseada na proximidade, assenta em três conceitos principais: o crono-urbanismo, a cronotopia e a topofilia. "Crono-urbanismo significa mudar o ritmo das cidades, dar um novo ritmo à cidade. A cronotopia é a possibilidade de usar melhor e mais intensivamente todo o tipo de infraestruturas. O conceito de topofilia é gostar de todos os lugares da cidade, desde os bairros à cidade em geral", explica o académico francês. O conceito é bem visto e já está a ser testado em algumas cidades no mundo. A cidade dos 15 minutos foi adotada num bairro em Milão, Itália, durante a pandemia. Em Melbourne, na Austrália, existe um projeto para uma cidade de 20 minutos e em Utrech, na Holanda, está a ser criado um novo bairro para 120 mil habitantes totalmente livre de carros e onde se promove a economia circular.
"Precisamos de viver em cidades mais sustentáveis e atingir a neutralidade carbónica. Para isso, temos de mudar radicalmente as nossas emissões nos próximos dez anos. E é absolutamente necessário desenvolver uma nova atitude de convergência a nível económico, ecológico e social", finaliza Moreno.