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"Portugal tem genericamente uma boa qualidade do ar, mas temos ainda situações que nos devem preocupar e sobretudo temos que pensar estas temáticas de forma integrada." disse Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, na Conferência Digital Negócios Sustentabilidade 20-30, dedicada ao tema do Bem-Estar e Cidades Sustentáveis -" Como Vamos Viver em 2030?", uma iniciativa do Jornal de Negócios com o alto patrocínio da Presidência da República.
Sublinhou que a estimativa de 6 mil mortes prematuras em Portugal devido a doenças respiratórias e á qualidade do ar, feitas por um relatório europeu há alguns anos, implica que "temos que a montante eliminar as fontes de poluição que as pessoas ingerem e dessa forma, estamos a aliviar de forma muito significativa o Sistema Nacional de Saúde".
Nuno Lacasta disse que "esta abordagem integrada que tem de ser feita a montante com veículos menos poluentes, estamos a iniciar uma tendência de descarbonização profunda do nosso parque automóvel, e temos recuperar o caminho, com décadas de atraso, em termos de transportes coletivos".
Portugal fez alguns investimentos em termos de transportes coletivos há quase décadas, mas ficou sempre aquém dos investimentos que se necessitava e, sobretudo, sem gestão integrada das zonas metropolitanas. "Só muito recentemente surgiram os passes sociais como Navegante na grande Lisboa e similares na região do grande Porto e em cidades médias como Viseu", referiu.
Infraestrutura digital
"A inteligência urbana deverá ser um dos principais instrumentos para vencer as desigualdades do país tem e temos de começar a construir a cidade pela sua base que é a infraestrutura digital", referiu António Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Acrescentou que "muitas vezes é fácil pensar na digitalização do país, mas no meu território de Viseu, um terço não tem cobertura digital em fibra ótica, por isso como é que as pessoas, as empresas se podem fixar num território que não tem acesso à internet?". Exemplificou que se fala de 5G, e sabe-se que nem todo o território vai ser contemplado, "mas ainda existem faixas dos nossos territórios que nem cobertura de 3G têm".
António Almeida Henriques defendeu que "como a seguir ao 25 de Abril de 1974 se levou a eletricidade a casa das pessoas, é fundamental que num curto espaço de tempo se consiga esbater a principal assimetria do país e proporcionar igualdade de oportunidades a todos os cidadãos no que diz respeito à acessibilidade digital".
Para Miguel Eiras Antunes, partner da Deloitte, o caminho para as cidades sustentáveis implica uma estratégia, conhecimento das iniciativas que estão a ser realizadas e alinhamento com as políticas europeias e globais, como o Green Deal ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Deu o exemplo o projeto da Comissão Europeia, o Climate Neutral Cities Mission, que tem por objetivo ter 100 capitais neutras em carbono em 2030 e para os primeiros projetos-piloto estão disponíveis 53 milhões de euros para começar a criar os mecanismos para que as cidades se comecem a candidatar. "Era muito interessante ver Portugal através de uma melhor organização entre as próprias cidades ter algumas cidades no contexto destas 100 cidades", afirmou Miguel Eiras Antunes.
Referiu ainda que o Banco Mundial e o BEI lançaram um fundo de 100 milhões de dólares para City Climate Finance gap Fund para apoiar as cidades a tornarem-se mais sustentáveis.
Paulo Neves, responsável pela área de sustentabilidade, Millennium bcp, sublinhou o contributo que o sistema financeiro pode dar à sustentabilidade que foi reforçada pelos princípios das finanças sustentáveis. "Estas vão ter um impacto significativo em todos os projetos que vamos financiar e todos os atores que vão produzir alterações e dinâmicas de evolução têm um conjunto de requisitos a que vão ter de obedecer".