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Luiz de Mello: “Os governos não podem continuar a trabalhar com pressupostos errados” na área da sustentabilidade

Duas conferências no Iscte vão trazer a Lisboa nomes do pensamento mundial sobre a sustentabilidade e o capital intelectual, para demonstrar que melhor informação significa políticas verdes mais bem-sucedidas.

05 de Setembro de 2023 às 15:28
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Só com informação de boa qualidade sobre os comportamentos dos agentes sociais e económicos é que os governos poderão implementar políticas públicas que cumpram as metas para a descarbonização, defende Luiz de Mello, diretor de estudos políticos do Departamento de Economia da OCDE, em Paris.

"Para poderem encontrar a combinação mais eficaz dos diferentes instrumentos que têm à sua disposição, os governos não podem continuar a trabalhar com pressupostos errados", afirma o diretor da OCDE, que vai estar em Portugal como "keynote speaker" na "ECRM 2023 – 22nd European Conference on Research Methodology for Business and Management Studies", a decorrer no Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, no dia 6 de setembro. "Têm de recolher informação com melhor qualidade para minimizarem os efeitos económicos da descarbonização e, sobretudo, para recolherem a aceitação da sociedade e a sua participação ativa e empenhada neste processo", acrescenta.

Com a sua investigação concluiu que, apesar de em muitos países do mundo haver "uma enorme resistência" à subida de impostos, por outro, existe "uma enorme adesão" a medidas como o incentivo à inovação tecnológica das empresas, por exemplo, ou o apoio à melhoria da eficiência energética nas habitações.

"Os governos têm estado muito focados em políticas que têm efeitos económicos muito recessivos, como a subida dos impostos e proibições em múltiplos domínios, o que gera grande resistência das empresas e dos cidadãos para o combate às alterações climáticas", afirma Luiz de Mello. "No entanto, quer o setor industrial, quer as famílias têm revelado que, com os estímulos certos, alcançam reduções de consumos energéticos que quase duplicam as melhores expectativas, como sucedeu na União Europeia em relação ao gás da Rússia depois do início da guerra na Ucrânia: esperava-se uma redução de 10% dos consumos, ela foi superior a 17%".

A Lisboa, Luiz de Mello vai trazer números que mostram elevadas mudanças comportamentais que se devem ao acesso à informação ou a serviços de qualidade, como medições de consumos hora a hora ou a disponibilização de melhores transportes públicos. A sua tese principal é que, ao invés de recessão económica, "uma nova economia sustentável tem um potencial de crescimento imenso", que abrirá "um enorme mercado para a qualificação das pessoas para a sustentabilidade em todo o mundo".

A conferência conta com diversas sessões temáticas presenciais e online. À ECRM 2023 irá suceder, também no Iscte nos dias 7 e 8 de setembro, a "ECKM 2023 – European Conference no Knowledge Management". Para a coordenadora das duas conferências, Florinda Matos, docente e investigadora da Iscte Business School e presidente da Associação para a Gestão do Capital Intelectual (ICAA), "Lisboa vai transformar-se ao longo de três dias no centro de discussão mundial de grandes questões do nosso tempo: como gerir o capital intelectual para criar riqueza e construir uma sociedade mais sustentável".

O capital intelectual, cujo principal ativo é o conhecimento, vai ser apresentado pelos oradores da ECKM 2023 como o principal motor estratégico da competitividade e da sustentabilidade das empresas e organizações. Segundo dados de 2021 do McKinsey Global Institute, as empresas com maior crescimento investem 2,6 vezes mais em capital intelectual do que as empresas de baixo crescimento.

"Os países que mais investem em capital intangível estão a obter excelentes resultados em termos de inovação e da sua transmissão à sociedade e à economia", afirma Stefan Guldenberg, professor na École Hôtelière de Lausanne, na Suíça, presidente do The New Club of Paris e um dos oradores mais aguardados na ECKM 2023.

 

 

 

 

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