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A recente eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos continua a provocar ondas de perturbação com alcance internacional, a começar pelos objetivos corporativos sobre sustentabilidade. Depois de várias multinacionais, como a Disney ou a Google, terem anunciado um recuo nas suas políticas sociais, um novo inquérito da consultora BDO mostra que a larga maioria das empresas pretende manter ou reforçar o seu investimento ESG.
Os números são claros. São 77% os chief financial officers (CFO) norte-americanos que garantem manter ou reforçar a aposta em sustentabilidade. Aliás, segundo o inquérito dirigido a 500 CFO daquele país, 44% dos participantes dizem mesmo querer aumentar a alocação de recursos nesta área – o dobro daqueles que pretendem reduzir.
Para esta pesquisa, a BDO – que também tem presença em Portugal – auscultou empresas com faturação entre 250 milhões e 3 mil milhões de dólares anuais de sectores como a saúde, ciências da vida, indústria, retalho e tecnologia. De acordo com os dados agora divulgados, os riscos associados aos critérios ESG ocupam a terceira posição entre as principais preocupações dos executivos para 2025.
Há, porém, alterações na forma como as organizações olham para a sustentabilidade e, sobretudo, no tipo de estratégia que adotam. O estudo "2025 CFO Sustainability Outlook Survey" aponta que apenas 22% dos inquiridos pretendem focar a sua ação na redução da pegada carbónica, enquanto 26% dizem apostar na mitigação climática e outros 26% em questões de diversidade, inclusão e equidade.
Sustentabilidade com retorno
Apesar das dificuldades e dos custos inerentes à transição para uma economia sustentável, as empresas inquiridas parecem estar confiantes de que esta é uma aposta ganha. A BDO revela que 91% das organizações que estão a integrar a sustentabilidade na sua estratégia esperam um aumento de receitas ao longo deste ano, e 69% preveem mesmo um aumento do lucro.
E há bons motivos para isso. Os CFO inquiridos revelam que os benefícios de investir em ESG trouxe mais inovação e oportunidades de negócio (37%), mais facturação (36%), novas oportunidades de investimento e acesso a melhores condições de financiamento (34%), redução de custos (30%) e maior fidelidade dos clientes (30%).
"A eleição presidencial norte-americana de 2024 está no passado. Apesar das expectativas de que a nova administração irá reverter muitas políticas de Biden, a maioria das empresas planeia manter o curso ou aumentar os investimentos em iniciativas de sustentabilidade", lê-se no estudo.
A BDO indica ainda que a maioria das organizações ouvidas está numa fase inicial da jornada de sustentabilidade, com 21% dos CFO a integrar medidas ESG na estratégia. 40% dos executivos estão focados em responder às expectativas dos acionistas, enquanto 40% estão concentrados nas questões regulatórias.
"Uma empresa sustentável é mais forte, mais reativa às expectativas das partes interessadas e mais resiliente aos fatores adversos económicos", explica Karen Baum. A responsável de Sustentabilidade e do ESG Center of Excellence da BDO diz que "quando as empresas deixam a sustentabilidade de lado e a integram na estratégia de negócios principal", conseguem desbloquear "caminhos de crescimento inovadores enquanto se defendem contra mudanças nas condições de mercado".