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O capitalismo dos “stakeholders” faz com que a sustentabilidade compense

A velocidade e profundidade de mudança que as empresas têm de fazer para mudar implica que tenham por objetivo “fazer mais depressa, melhor, com impacto positivo e servindo todos os ‘stakeholders’”.

24 de Abril de 2023 às 15:30
Andrew Winston David Cabral Santos
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O barómetro de confiança da Edelman 2023 revela que cerca de 80% dos inquiridos concordam com a afirmação "espero que os CEO assumam uma posição pública sobre mudanças climáticas, discriminação, desigualdades económicas", referiu Andrew Winston, autor com o ex-CEO da Unilever, Paul Polman, da obra "Net Positive: How Courageous Companies Thrive by Giving More than They Take", na abertura do terceiro dia da Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 20|30, que decorreu na passada sexta feira em Cascais.

Estes dados ilustram a forma como a sociedade olha para o papel das empresas na mitigação das mudanças climáticas, desigualdades e como forma de se atingir a neutralidade carbónica. "Torna-se urgente encontrar soluções, e as empresas e os negócios não se podem eximir dos desafios", desafiou.

A pergunta central que se deve fazer, para Andrew Winston, é se "o mundo está melhor porque a sua empresa existe". Daí que, no entender do consultor, a velocidade e profundidade de mudança que as empresas têm de fazer, implica que tenham por objetivo "fazer mais depressa, melhor, com impacto positivo e servindo todos os stakeholders". "Um negócio net positive aumenta o bem-estar de todos que impacta e lucra resolvendo os problemas do mundo, mas não contribuindo com mais problemas", resume o consultor na área da sustentabilidade.

Precisamos de uma mudança exponencial nas nossas instituições e emoções. Andrew Winston
Coautor do livro "Net Posite"
A sua visão do contexto é aquilo que Winston denomina como mundo VUCA, na sigla inglesa, (Volátil, Uncertain [Incerto], Complexo e Ambíguo). "É chocante e não muito intuitivo. Em níveis exponenciais, a mudança acontece aparentemente lentamente e depois de uma só vez… E isso explica em parte porque podemos ser tão lentos para agir", refere Winston, que cita Rebecca Henderson, "a tecnologia vai bem, mas precisamos de uma mudança exponencial nas nossas instituições e emoções".

Andrew Winston mapeou as principais questões e respostas na consideração de todos os impactos e que passam sobretudo por procurar gerar valor de longo prazo, passar de uma preocupação apenas com a remuneração dos acionistas, que é importante, para uma visão em que todos os stakeholders contam, articulando-se com parcerias com as cadeias de valor. Durante a sua apresentação, em que deu vários exemplos de mudança nas eólicas, mobilidade elétrica ou mudança geracional, a principal conclusão do consultor é de que "a sustentabilidade compensa".

Andrew Winston citou ainda Larry Fink, CEO da Blackrock que disse que "o capitalismo dos stakeholders não é sobre política. Não é uma agenda social ou ideológica. Não é ‘woke’. É o capitalismo, impulsionado por relacionamentos mutuamente benéficos entre as empresas e os funcionários, clientes, fornecedores e comunidades das quais sua empresa depende para prosperar. Este é o poder do capitalismo".
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