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Stress a curto prazo “que pode adiar o longo prazo”

Há dois pontos que tornam a transição energética o mais rápida possível e que são a independência energética e o preço previsível, duas dimensões em que as renováveis são fortes”, disse Miguel Stilwell.

19 de Abril de 2022 às 16:00
Pedro Catarino
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Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa e presidente do júri nesta categoria, moderou o debate com Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, Pedro Norton, CEO da Finerge, e José Martos, Chief Executive Officer da Saint-Gobain.


Em 2019, atingimos o pico das emissões com gases com efeito de estufa mas há tecnologias e processos, com um custo eficaz para, pelo menos, reduzir as emissões em 50% até 2030, referiu Júlia Seixas, pró-reitora da Universidade Nova de Lisboa e presidente do júri de Descarbonização. Foi desta forma que a professora lançou o debate que juntou a EDP, a Finerge e a Saint-Gobain.

Júlia Seixas lembrou que há uma lei do clima europeia, um discurso e um roteiro para a neutralidade carbónica, da mesma forma que as grandes empresas têm feito o trabalho de casa, com roteiros para descarbonização. Ainda assim, Portugal tem uma grande componente de PME e "para trabalhar para a neutralidade carbónica significa ter algum know-how, saber projetar".

José Martos, CEO da Saint Gobain Portugal, concorda que o maior desafio da descarbonização e transição energética está nas PME porque "o curto prazo pode sacrificar o longo prazo e o tema de sustentabilidade é um tema de muita visão e compromisso a longo prazo". "As PME em Portugal, com a pandemia, a crise energética e a inflação, estão a ter bastante stress a curto prazo que pode adiar o longo prazo", avisou.

"Há dois pontos que reforçam a opção de fazer a transição energética o mais rapidamente possível e que são a independência energética e o preço perfeitamente previsível, duas dimensões em que as renováveis são fortes", acrescentou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP. O gestor frisou que houve um leilão recente com preços para 15 anos que foram negativos. E que, na verdade, podia ter até sido fixado um preço para 30 anos. "Seria um preço conhecido à partida e não haveria variabilidade como existe em relação ao Brent ou ao gás."

Há dois pontos que reforçam a opção de fazer a transição energética o mais rapidamente possível e que são a independência energética e o preço perfeitamente previsível, duas dimensões em que as renováveis são fortes. Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP
Portugal tem condições únicas na produção de energia solar e eólica e poderia ser um exportador de energia renovável se não houvesse as limitações das interligações elétricas. Pedro Norton, CEO da Finerge
Os riscos climáticos vão ser cada vez mais relevantes para as empresas porque a probabilidade de cumprir o Acordo de Paris é mais difícil. Filipe Duarte Santos, Presidente CNADS e membro do júri do Prémio Nacional de Sustentabilidade
A parte mais importante para ser reformada para fazer um edifício mais eficiente é a envolvente. José Martos, CEO da Saint-Gobain

Exportar energia

A Finerge é líder na produção de energia eólica em Portugal e Pedro Norton, o seu CEO, defendeu que "Portugal tem condições únicas na produção de energia solar e eólica e poderia ser um exportador energia renovável se não houvesse as limitações das interligações elétricas, nomeadamente entre Espanha e França, que na prática transformam Portugal e Espanha numa ilha ibérica".

Pedro Norton considerou que um eventual regresso à produção de energia com carvão e nuclear são reações de curto prazo face ao contexto de guerra na Ucrânia, "porque, a médio e longo prazo, há tendência de aceleração da transição energética e do investimento em produção de renováveis, hidrogénio verde". A EDP também está a desvendar caminhos no hidrogénio verde, mas "não é tão fácil e tão óbvio como o setor elétrico", disse Miguel Stilwell.

Os desafios do clima

Para se atingirem as metas de descarbonização terá de ser feito sequestro biológico pelas florestas e solos e captura química da atmosfera (CDR). "Os riscos climáticos vão ser cada vez mais relevantes para as empresas porque a probabilidade de cumprir o acordo de Paris é mais difícil", alertou Filipe Duarte Santos, do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável numa apresentação que antecedeu o painel. A CaetanoBus apresentou o seu case study de transporte público à base de gás e hidrogénio.

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