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O último Índice de Digitalização da Economia e da Sociedade (DESI, sigla em inglês, 2020) coloca Portugal em 19º lugar numa Europa a 28, apresentando o país uma pontuação global estruturalmente inferior à média europeia. O DESI avalia o desempenho de cada país com base em cinco dimensões de competitividade digital: conectividade, capital humano, utilização de serviços na Internet, integração de tecnologias digitais e serviços públicos digitalizados.
Aquelas em que o país está mais bem posicionado, acima da média europeia, são as dimensões de conectividade (12º) e de serviços públicos digitalizados (13º). Por outro lado, as dimensões onde o país atualmente tem mais dificuldade são as dimensões do capital humano e de utilização de serviços na Internet, ocupando mesmo as últimas posições do ranking (21ª e 24ª, respetivamente), segundo dados divulgados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e da Transição Digital.
A área da capacitação digital das pessoas em Portugal é a que mais ênfase dá a Comissão Europeia, ressaltando ainda que o país está também abaixo da média europeia no Índice Mulheres no Digital. Nomeadamente, em Portugal, apenas 15,7% dos especialistas em tecnologias de informação e comunicação (TIC) são mulheres. A média europeia também é baixa, mas ligeiramente acima (17,7%). No que respeita à utilização da Internet no geral, o país apresenta uma taxa de 71%, bem abaixo dos 84% da média da União Europeia.
Um plano com três pilares e 12 medidas
A transição digital é uma das principais bandeiras do atual governo. Tal traduziu-se na criação de uma secretaria de Estado especificamente para coordenar transversalmente esta transformação do país, o que desencadeou o lançamento do Plano de Ação para a Transição Digital, em março de 2020.
Este plano está segmentado em três pilares principais com 12 objetivos. O primeiro pilar pretende capacitar digitalmente as pessoas, através da educação digital, da requalificação profissional e da inclusão digital. E esta abordagem é feita junto da comunidade escolar e profissional. O pilar dois refere-se à transformação digital das empresas, e aqui pretende-se potenciar o empreendedorismo, focar na transformação da PME e transferir conhecimento científico e tecnológico para a economia. Por fim, o terceiro pilar, que pretende digitalizar a administração pública, foca-se na criação de serviços públicos digitais, na promoção de uma administração pública ágil e na conetividade dos serviços regionais e centrais.
Especificamente direcionado para os serviços públicos, no início de setembro de 2021, o Conselho de Ministros aprovou ainda a Estratégia para a Transformação Digital da Administração Pública 2021-2026, juntamente com o respetivo Plano de Ação Transversal para o período 2021-2023. Esta pretende criar serviços mais simples, integrados e inclusivos, com recurso à tecnologia e utilização inteligente dos dados. Estima-se que a implementação desta estratégia, cujos investimentos alinhados com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ascendem a cerca de 600 M€, venha a proporcionar ganhos diretos para a economia nacional nesta mesma proporção.
No terreno, e focando na área onde Portugal está com maior deficit - a capacitação digital das pessoas -, já se podem ver alguns destes objetivos a serem corporizados em programas. Refira-se, por exemplo, o projeto Upskill, para requalificação profissional, o programa Eu Sou Digital, para incluir um milhão de cidadãos que não têm acesso às plataformas digitais, e programa Emprego Mais Digital, que dá competências digitais à população ativa.
"Não podemos perder esta oportunidade de trabalhar aquilo que é o analfabetismo do seculo XXI. E para melhorar nos rankings internacionais, porque isso faz com que a nossa economia consiga melhorar com esta capacitação", referiu Vanda Jesus, diretora-executiva do Portugal Digital, no debate ‘Transformação Digital em Sustentabilidade - Compreender o presente, preparar o futuro’, organizado pelo Jornal de Negócios.