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Pires de Lima defende um cluster de mobilidade elétrica

O presidente da Brisa diz que é possível criar este cluster energético porque há interessados na exploração de lítio, na construção de uma fábrica de baterias e também empresas como a Brisa a apostarem na mobilidade

03 de Maio de 2023 às 14:30
Pires de Lima diz que a Brisa ainda não tomou uma decisão final, mas assume que não encaixa no modelo previsto.
António Pires de Lima entrevistado por Diana Ramos, diretora do Jornal de Negócios. David Cabral Santos
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As empresas europeias estão a funcionar a duas velocidades em termos de investimento, segundo uma análise do Banco Europeu de Investimentos. Estão a travar o investimento de médio prazo mas, o contexto, decorrente da guerra e da inflação, incentiva-as a investir rapidamente nos processos essenciais para a transição energética e digital. António Pires de Lima, presidente da organização de empresas pela sustentabilidade BCSD Portugal e presidente executivo da Brisa, concordou com este diagnóstico trazido à conversa pela jornalista Helena Garrido. "Este retrato é compreensível", disse António Pires de Lima, porque, primeiro a pandemia em 2020 e depois a guerra em 2022 "afetaram muito a previsibilidade das empresas e influem nas suas decisões de investimento".



Pires de Lima recordou que a pandemia "foi um choque brutal para muitas empresas, e também um despertar para os temas da sustentabilidade".

Uma das evidências, assinalou, foi o crescimento do número de associados do BCSD que, em 2020, não chegava a 100 empresas, e, hoje atinge as 160, algumas de pequena dimensão.

Inflação e protecionismo

A preocupação dos empresários com a sustentabilidade cresceu nos vários domínios, deste os temas ambientais, da diversidade e da inclusão, da valorização das pessoas como ativo fundamental das empresas. O presidente do BCSD Portugal refere que 53% das empresas em Portugal incluem a transição climática e a preocupação com a utilização de fontes de energia renováveis nas suas estratégias empresariais. "Há uns anos este número era cerca de 40% das empresas".

A inflação também trouxe uma preocupação acrescida e com diferentes estratégias na Europa e nos EUA. Neste país, a administração de Joe Biden fez aprovar em 2022 o Inflation Reduction Act (IRA), um plano para reduzir a inflação, que tem "aspetos que são verdadeiramente protecionistas. Estas medidas podem ser prejudiciais e até perigosas para o Mundo, porque se assiste a uma fragmentação económica em consequência destes choques brutais que tivemos como a pandemia e a guerra, e que mobilizam os temas comerciais e económicos para a agenda geopolítica", afirmou António Pires de Lima.

Deu um exemplo das medidas do Inflation Reduction Act, que faz depender a produção de carros elétricos nos Estados Unidos da existência de fábricas de baterias nos Estados Unidos. "Seria mau para todos, incluindo Portugal, que houvesse duas agendas fragmentadas e que conduzissem a um crescente protecionismo entre os Estados Unidos e a Europa".

A Brisa quer crescer nos Estados Unidos

O novo contexto internacional não alterou a estratégia de investimento da Brisa nem a forma como se olha para as oportunidades no mercado internacional. A Brisa está a concorrer com mais sete players a uma concessão na Grécia, que engloba o financiamento, a operação, a manutenção e a exploração da autoestrada radial urbana com 70 quilómetros em Atenas. Nos Estados Unidos, a empresa de tecnologia para a mobilidade A-to-Be, "tem contratos com 13 diferentes estados e o plano de investimentos em infraestruturas rodoviárias veio reforçar as nossas intenções de crescimento nos Estados Unidos", revelou António Pires de Lima.
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