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Na Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 2030, representantes da Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI, Novo Banco, Caixa de Crédito Agrícola e Bankinter partilharam as suas visões sobre o momento económico e perspetivaram o futuro próximo. CGD vê famílias e empresas em situações distintas. O presidente da Caixa Geral de Depósitos considera que famílias e empresas estão em situações diferentes. "Há um comportamento distinto no cumprimento do crédito nas famílias e empresas", afirmou. "Nas famílias haverá maior pressão, muitas reestruturações e, na esmagadora maioria, com soluções positivas", disse, admitindo que "está a acontecer um maior número de amortizações". "As pessoas são racionais, vêm ter com os bancos e amortizam se acharem que essa é uma opção vantajosa", acrescentou. Os agregados familiares, disse, já beneficiam de um "efeito da redução dos ‘spreads’ que já é visível".
Questionado sobre a medida do Governo que prevê uma bonificação temporária dos juros no crédito à habitação, Paulo Macedo considerou-a positiva mas realçou que há contornos por definir: "É positivo mas não vai resolver o assunto", alertou. Já no caso das empresas, Paulo Macedo vê uma situação distinta. "Para a generalidade dos setores o ano de 2022 foi um dos melhores de sempre", realçou. "Algumas empresas que já estavam mal antes da pandemia agravaram a situação, mas não temos muitos novos casos", realçou. O CEO do banco público entende que "para muitas empresas a situação é mais positiva", referindo custos que baixaram, como o dos transportes". "O problema das empresas não tem nada a ver com os juros. Tem a ver com matérias primas e energia", insistiu.
O presidente do BCP mostrou estar "preocupado com a situação", referindo-se ao contexto económico que o país continua a viver "A crise que resulta da invasão da Ucrânia é mais complexa do que a da pandemia, é uma crise mais profunda", afirmou Miguel Maya. Questionado sobre a evolução do incumprimento, o presidente executivo do BCP alertou que "já se notam algumas situações difíceis sobretudo a nível das famílias". "Olhando para os grandes números não há motivo de preocupação", afirmou, notando no entanto que "deixando de olhar para os grandes números vemos famílias e empresas em dificuldades". Maya entende que o país e o sistema financeiro têm de "estar preparados para um mundo que está a redesenhar-se do ponto de vista geopolítico".
Carlos Brandão, chief risk officer (CRO) do Novo Banco, afirma que a instituição não está a observar "qualquer tipo de acréscimo na delinquência de crédito". Já Alberto Ramos, country manager do Bankinter, notou que o incumprimento está a acontecer sobretudo "em empresas que já vinham fragilizadas do período anterior". Com a inflação a subir a níveis que não eram conhecidos há décadas, e o Banco Central Europeu a aumentar as taxas de juro para tentar controlar esse fenómeno, a diretora executiva de sustentabilidade do BPI enfatiza a velocidade do processo. E questionada sobre se a subida das taxas de juro pode colocar em risco a sustentabilidade de algumas empresas, Cristina Casalinho recordou que "a capitalização das empresas melhorou significativamente".
A Caixa de Crédito Agrícola ajustou a sua análise na concessão de empréstimos: "Melhorámos os nossos critérios de risco", avançou o presidente Licínio Pina. "Os resultados têm sido positivos", mas "isso levou-nos a excluir alguns clientes", avançou.
Banca assume papel orientador
De que forma o setor financeiro pode contribuir para o desafio global da sustentabilidade? Vítor Bento, chairman da Associação Portuguesa de Bancos (APB), não tem dúvidas de que a banca assume um papel de "orientador" destas práticas, até pelo facto de ser intermediária em toda a atividade económica, sobretudo através do crédito e ‘advisory’. Na Grande Conferência Sustentabilidade Negócios 20|30 o gestor abordou as emissões de obrigações verdes, assumindo serem uma ferramenta que veio para ficar.
Apesar de um contexto económico imprevisível, com falências e colapsos de bancos no cenário - como os exemplos do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos e Credit Suisse, na Europa -, Portugal pode estar descansado face a eventuais impactos destes fenómenos no sistema financeiro nacional, "pelo menos do ponto de vista objetivo", ressalvou. "De todas as questões que o país enfrenta, a estabilidade da banca é talvez o menor dos problemas com o qual a sociedade tem de se preocupar", afiança Vítor Bento.
Questionado sobre a medida do Governo que prevê uma bonificação temporária dos juros no crédito à habitação, Paulo Macedo considerou-a positiva mas realçou que há contornos por definir: "É positivo mas não vai resolver o assunto", alertou. Já no caso das empresas, Paulo Macedo vê uma situação distinta. "Para a generalidade dos setores o ano de 2022 foi um dos melhores de sempre", realçou. "Algumas empresas que já estavam mal antes da pandemia agravaram a situação, mas não temos muitos novos casos", realçou. O CEO do banco público entende que "para muitas empresas a situação é mais positiva", referindo custos que baixaram, como o dos transportes". "O problema das empresas não tem nada a ver com os juros. Tem a ver com matérias primas e energia", insistiu.
O presidente do BCP mostrou estar "preocupado com a situação", referindo-se ao contexto económico que o país continua a viver "A crise que resulta da invasão da Ucrânia é mais complexa do que a da pandemia, é uma crise mais profunda", afirmou Miguel Maya. Questionado sobre a evolução do incumprimento, o presidente executivo do BCP alertou que "já se notam algumas situações difíceis sobretudo a nível das famílias". "Olhando para os grandes números não há motivo de preocupação", afirmou, notando no entanto que "deixando de olhar para os grandes números vemos famílias e empresas em dificuldades". Maya entende que o país e o sistema financeiro têm de "estar preparados para um mundo que está a redesenhar-se do ponto de vista geopolítico".
Carlos Brandão, chief risk officer (CRO) do Novo Banco, afirma que a instituição não está a observar "qualquer tipo de acréscimo na delinquência de crédito". Já Alberto Ramos, country manager do Bankinter, notou que o incumprimento está a acontecer sobretudo "em empresas que já vinham fragilizadas do período anterior". Com a inflação a subir a níveis que não eram conhecidos há décadas, e o Banco Central Europeu a aumentar as taxas de juro para tentar controlar esse fenómeno, a diretora executiva de sustentabilidade do BPI enfatiza a velocidade do processo. E questionada sobre se a subida das taxas de juro pode colocar em risco a sustentabilidade de algumas empresas, Cristina Casalinho recordou que "a capitalização das empresas melhorou significativamente".
A Caixa de Crédito Agrícola ajustou a sua análise na concessão de empréstimos: "Melhorámos os nossos critérios de risco", avançou o presidente Licínio Pina. "Os resultados têm sido positivos", mas "isso levou-nos a excluir alguns clientes", avançou.
Banca assume papel orientador
De que forma o setor financeiro pode contribuir para o desafio global da sustentabilidade? Vítor Bento, chairman da Associação Portuguesa de Bancos (APB), não tem dúvidas de que a banca assume um papel de "orientador" destas práticas, até pelo facto de ser intermediária em toda a atividade económica, sobretudo através do crédito e ‘advisory’. Na Grande Conferência Sustentabilidade Negócios 20|30 o gestor abordou as emissões de obrigações verdes, assumindo serem uma ferramenta que veio para ficar.
Nem sempre os financiadores têm a oportunidade de chegar diretamente aos utilizadores dos fundos. Os bancos, sendo intermediários entre os aforradores e os aplicadores dos fundos, permitem que esse encontro aconteça. Vitor Bento
chairman da APB
Neste momento, Vítor Bento considera as obrigações verdes "um fator de incentivo" a que determinados financiamentos se dirijam a atividades com efeito direto na sustentabilidade, atraindo assim investidores "dispostos a transacionar rendimento por um interesse mais global e de mais longo prazo". Por um lado, há o acesso a financiamento mais barato, por outro lado, os financiadores podem ajudar a dirigir os seus fundos para fins que consideram socialmente úteis e preferenciais. "Nem sempre os financiadores têm a oportunidade de chegar diretamente aos utilizadores dos fundos. Os bancos sendo intermediários entre os aforradores e os aplicadores dos fundos, permitem que esse encontro de vontades aconteça". chairman da APB
Apesar de um contexto económico imprevisível, com falências e colapsos de bancos no cenário - como os exemplos do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos e Credit Suisse, na Europa -, Portugal pode estar descansado face a eventuais impactos destes fenómenos no sistema financeiro nacional, "pelo menos do ponto de vista objetivo", ressalvou. "De todas as questões que o país enfrenta, a estabilidade da banca é talvez o menor dos problemas com o qual a sociedade tem de se preocupar", afiança Vítor Bento.