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Hugo Neutel, jornalista do Jornal de Negócios, moderou o debate com Mário Bolota, presidente executivo do Banco BiG, João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, e Nelson Machado, membro da comissão executiva do Grupo Ageas Portugal.
"Os bancos vão trabalhar pro bono para fazer grandes investimentos numa transformação enorme na sua estrutura e, ao mesmo tempo, cumprir com as exigências de regulação. Diz-se que [a sustentabilidade] não é uma corrida de 100 metros , mas os testes de stress climáticos são amanhã e sem nenhum benefício. São os bancos que vão pagar uma parte importante desta fatura." João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, aproveitou o painel das finanças sustentáveis para sublinhar os desafios a que o setor bancário está sujeito nos próximos tempos. O banqueiro afirmou concordar com os objetivos, mas não com a sua execução.
Segundo João Pedro Oliveira e Costa, o BPI quer ser um dos protagonistas no financiamento por green bonds e outros instrumentos financeiros sustentáveis. "Não só é um novo normal como é a ordem do dia. E vai ser onde toda a gente vai querer entrar", frisou. "A ideia de que as poupanças cada vez mais seguirão um padrão de sustentabilidade é não só uma exigência regulamentar, mas uma apetência dos próprios investidores. É uma forma de incentivar projetos de investimento sustentável e melhorar a sua capacidade de financiamento a custos mais baixos", concluiu.
Já para Mário Bolota, presidente executivo do Banco BiG, "o conceito de sustentabilidade é intrínseco ao valor económico e os bancos desde sempre se preocuparam com o valor económico das empresas onde investem". "Financiam e preocupam-se com critérios de sustentabilidade relacionados com impactos ambientais, de competência da gestão e de impacto social", salientou . No seu entender, os bancos podem contribuir para a aceleração do processo de transição energética induzindo as empresas "a cumprirem com os seus próprios planos de transição energética para serem mais eficientes, reduzirem as suas emissões, serem mais amigas do ambiente".
Investimentos sustentáveis
"Hoje, se quiser fazer um produto em que pague menos 2 ou 3% ao cliente por uma solução que seja baseada em critérios ESG provavelmente este ainda não quererá. Mas, por outro lado, se o diferencial for pequeno ou nulo terá apetência por produtos baseado em critérios ESG", sustentou Nelson Machado, membro da comissão executiva do Grupo Ageas Portugal no painel de debate. A Ageas Portugal gere 18 mil milhões de euros de ativos de médio e longo prazo e só menos de 10% não têm rating de sustentabilidade. Além disso, 7 mil milhões de euros cumprem critérios de sustentabilidade. Grande parte destes ativos é dívida pública e "o rating médio global da carteira (em que abaixo de 20 é muito bom) tem média global de 18%", afirmou Nelson Machado. O gestor acrescentou que o investimento com base em critérios de sustentabilidade não teve "qualquer impacto negativo em termos de rentabilidade". No setor, reconheceu , "a carga de fazer a transformação a custo zero é inferior à da banca".
O papel da banca
"As finanças sustentáveis são uma área mais ampla de financiamento, se pensarmos como financiar toda a transformação das economias e como é que banca pode contribuir para transformação do financiamento das economias e no fundo da estrutura económica que sustenta as nossas sociedades", afirmou Clara Raposo, presidente do ISEG e júri do prémio numa exposição que antecedeu o debate.
Turismo verde
A emissão de obrigações verdes em setembro de 2019 para refinanciar 65 milhões de obrigações que venciam em fevereiro de 2020 foi a operação que mereceu a distinção do grupo Pestana na edição do ano passado. O valor da emissão não iria além dos 50 milhões, mas acabou por atingir os 60 milhões, face à procura. "Fez-se a emissão a uma taxa fixa de 2,5% com maturidade seis anos, entraram três dezenas de investidores institucionais que nunca tinham investido no Grupo Pestana", explicou José Theotónio, CEO do Grupo Pestana.
"Os bancos vão trabalhar pro bono para fazer grandes investimentos numa transformação enorme na sua estrutura e, ao mesmo tempo, cumprir com as exigências de regulação. Diz-se que [a sustentabilidade] não é uma corrida de 100 metros , mas os testes de stress climáticos são amanhã e sem nenhum benefício. São os bancos que vão pagar uma parte importante desta fatura." João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, aproveitou o painel das finanças sustentáveis para sublinhar os desafios a que o setor bancário está sujeito nos próximos tempos. O banqueiro afirmou concordar com os objetivos, mas não com a sua execução.
Segundo João Pedro Oliveira e Costa, o BPI quer ser um dos protagonistas no financiamento por green bonds e outros instrumentos financeiros sustentáveis. "Não só é um novo normal como é a ordem do dia. E vai ser onde toda a gente vai querer entrar", frisou. "A ideia de que as poupanças cada vez mais seguirão um padrão de sustentabilidade é não só uma exigência regulamentar, mas uma apetência dos próprios investidores. É uma forma de incentivar projetos de investimento sustentável e melhorar a sua capacidade de financiamento a custos mais baixos", concluiu.
Já para Mário Bolota, presidente executivo do Banco BiG, "o conceito de sustentabilidade é intrínseco ao valor económico e os bancos desde sempre se preocuparam com o valor económico das empresas onde investem". "Financiam e preocupam-se com critérios de sustentabilidade relacionados com impactos ambientais, de competência da gestão e de impacto social", salientou . No seu entender, os bancos podem contribuir para a aceleração do processo de transição energética induzindo as empresas "a cumprirem com os seus próprios planos de transição energética para serem mais eficientes, reduzirem as suas emissões, serem mais amigas do ambiente".
Investimentos sustentáveis
"Hoje, se quiser fazer um produto em que pague menos 2 ou 3% ao cliente por uma solução que seja baseada em critérios ESG provavelmente este ainda não quererá. Mas, por outro lado, se o diferencial for pequeno ou nulo terá apetência por produtos baseado em critérios ESG", sustentou Nelson Machado, membro da comissão executiva do Grupo Ageas Portugal no painel de debate. A Ageas Portugal gere 18 mil milhões de euros de ativos de médio e longo prazo e só menos de 10% não têm rating de sustentabilidade. Além disso, 7 mil milhões de euros cumprem critérios de sustentabilidade. Grande parte destes ativos é dívida pública e "o rating médio global da carteira (em que abaixo de 20 é muito bom) tem média global de 18%", afirmou Nelson Machado. O gestor acrescentou que o investimento com base em critérios de sustentabilidade não teve "qualquer impacto negativo em termos de rentabilidade". No setor, reconheceu , "a carga de fazer a transformação a custo zero é inferior à da banca".
Este conceito de sustentabilidade é intrínseco ao valor económico, e os bancos desde sempre se preocuparam com o valor económico das empresas onde investem e financiam. Mário Bolota, CEO do Banco BiG
A ideia de que as poupanças cada vez mais seguirão um padrão de sustentabilidade é não só uma exigência regulamentar, mas uma apetência dos próprios investidores. João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI
O investimento com base em critérios de sustentabilidade manteve a rentabilidade. Nelson Machado, Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal
Há que pensar como é que a banca pode contribuir para a transformação do financiamento das economias e no fundo da estrutura económica que sustenta as nossas sociedades. Clara Raposo, Presidente ISEG e jurada do Prémio Nacional de Sustentabilidade
Em termos de indústria de fundos ainda há um caminho a seguir salientou Mário Bolota, do BiG, mas há um grande apetite por emissões de obrigações verdes. "O banco no processo de estratégias que apresenta aos seus clientes tem em conta os critérios ESG, mas ainda há muito trabalho a fazer com a definição clara dos critérios ESG e como é que são valorizados", concluiu . Aliás, a indefinição em termos de ESG pode levar a "algum greenwashing dos emitentes". O papel da banca
"As finanças sustentáveis são uma área mais ampla de financiamento, se pensarmos como financiar toda a transformação das economias e como é que banca pode contribuir para transformação do financiamento das economias e no fundo da estrutura económica que sustenta as nossas sociedades", afirmou Clara Raposo, presidente do ISEG e júri do prémio numa exposição que antecedeu o debate.
Turismo verde
A emissão de obrigações verdes em setembro de 2019 para refinanciar 65 milhões de obrigações que venciam em fevereiro de 2020 foi a operação que mereceu a distinção do grupo Pestana na edição do ano passado. O valor da emissão não iria além dos 50 milhões, mas acabou por atingir os 60 milhões, face à procura. "Fez-se a emissão a uma taxa fixa de 2,5% com maturidade seis anos, entraram três dezenas de investidores institucionais que nunca tinham investido no Grupo Pestana", explicou José Theotónio, CEO do Grupo Pestana.