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Como o retalho corta no plástico

A redução do plástico, principalmente de uso único, é um objetivo mundial já com alguns progressos. Entre os retalhistas portugueses há quem já tenha duplicado a poupança de plástico virgem, quem recolha 45 mil garrafas por mês em máquinas automáticas e quem tenha acabado de vez com os descartáveis.

30 de Dezembro de 2020 às 12:00
Numa economia circular do plástico, este nunca se converte em resíduos.
Numa economia circular do plástico, este nunca se converte em resíduos. iStockphoto
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A necessidade de reduzir o uso do plástico, principalmente o de uso único, está cada vez mais presente nos objetivos de Estados, instituições, empresas e cidadãos. Os 80 membros do Pacto português para o Plástico estão comprometidos em concretizar a visão global da Nova Economia dos Plásticos, da Fundação Ellen MacArthur, que se caracteriza por incentivar uma economia circular para os plásticos, na qual estes nunca se convertem em resíduos.

Foram estabelecidas cinco metas para 2025: “definir, até 2020, uma listagem de plásticos de uso único considerados problemáticos ou desnecessários e definir medidas para a sua eliminação, através de redesenho, inovação ou modelos de entrega alternativos (reutilização); garantir que 70% ou mais das embalagens plásticas são efetivamente recicladas, aumentando a recolha e a reciclagem; incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico; garantir que 100% das embalagens de plástico são reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis; e promover atividades de sensibilização e educação aos consumidores (atuais e futuros) para a utilização circular dos plásticos”.

Pedro Lago, diretor de Projetos de Sustentabilidade e Economia Circular da Sonae MC, explica ao Negócios que “o desafio neste momento é promover a utilização responsável do plástico – eliminando a utilização excessiva e promovendo a separação e reciclagem – e garantir uma economia circular”.

Nesse sentido, o Continente tem vindo a implementar diversas medidas no âmbito da sua Estratégia para o Uso Responsável dos Plásticos e em 2020 “já alcançou um nível de poupança superior a 4,2 mil toneladas de plástico virgem por ano. Este valor representa um crescimento de 90% em relação às 2,2 mil toneladas/ano anunciadas em abril de 2019”.

O Relatório Anual da Fundação Ellen MacArthur, que dá conta dos progressos comuns aos cerca de 400 signatários do compromisso global Nova Economia dos Plásticos, refere que “a Sonae MC apresenta um dos melhores resultados do mundo entre os subscritores e o melhor resultado entre todos os retalhistas que operam em Portugal”, afirma Pedro Lago.

Por seu lado, fonte do grupo Jerónimo Martins diz-nos que “para racionalizar o uso do plástico, fomentar práticas de reutilização e melhorar a sua reciclabilidade, foram desenvolvidas diferentes ações como a substituição, em 2020, das cuvetes de esferovite (EPS - poliestireno expandido), material de difícil reciclagem, por tabuleiros de PET (polietileno tereftalato), um plástico fácil de reciclar e que promove a economia circular, com a incorporação de 70% a 80% de PET reciclado”, acrescentando que “esta alteração permitirá uma poupança de cerca de 200 toneladas de plástico virgem, por ano.

Ainda em 2020, foram disponibilizadas, em algumas lojas, máquinas de recolha automática de garrafas de plástico PET, no âmbito de projetos-piloto no qual o Pingo Doce participa e que pretende incentivar a devolução de garrafas de plástico, por parte dos consumidores. Mensalmente são já recolhidas, em média, mais de 45 mil garrafas”.

De acordo com o relatório de progresso de 2020 do compromisso da Nova Economia dos Plásticos, “o grupo Jerónimo Martins é um dos poucos retalhistas alimentares a nível mundial a divulgar publicamente a quantidade de plásticos de uso único da sua responsabilidade”.

Reduzir e sensibilizar

Também o Lidl tem vindo a implementar várias medidas de redução do plástico: “em agosto de 2018, foi a primeira empresa de retalho em Portugal a descontinuar a venda de plásticos descartáveis, evitando a entrada no sistema de 12,5 milhões de copos e de cinco milhões de pratos anualmente; e foi o 1º retalhista português a acabar com a venda de sacos de plástico para transporte de compras, em todas as lojas nacionais (…), retirando do circuito cerca de 25 milhões de sacos de plástico por ano, produzindo menos 675 toneladas deste material anualmente”, conta a diretora de Comunicação Corporativa do Lidl Portugal. Mas Vanessa Romeu salienta que “numa ótica de sensibilização e educação dos consumidores para a redução do consumo de plástico, e utilização circular deste material, o Lidl promove projetos como: o TransforMAR, (…) que em 2019 recolheu 180 mil unidades de plástico nas praias, que corresponderam a 2,6 toneladas” ou “o guia de boas práticas ‘Mais Ambiente’, (…) com dicas e conselhos úteis para preservar mais e melhor o ambiente, onde se incluem sugestões para um consumo consciente do plástico”.

Também o diretor de Responsabilidade Social e Corporativa da Auchan Retail Portugal refere que “a Auchan definiu como compromisso até 2025, que todas as suas embalagens de serviço e de produtos MDD serão 100% reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis”. Paulo Monteiro enumera alguns exemplos concretos “do que temos feitos ultimamente: redução gradual com vista à eliminação de embalagens ou materiais desnecessários, como por exemplo as palhinhas; saco reutilizável, de rede, perfeito para colocar frutas e verduras. Pode ser colocado diretamente no frigorífico; desde o dia 15 de maio, a Auchan deixou de vender artigos descartáveis de plástico de utilização única, como pratos, copos, talheres e palhinhas; e introduzimos soluções de fraldas reutilizáveis”, entre outras medidas.

 

O têxtil é um problema de emergência ambiental e social. Paula policarpo
presidente da Zero Desperdício

 

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