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Carlos Oliveira: “A Inteligência Artificial traz muitos desafios e muitas oportunidades”

Da facilidade que um médico terá em fazer diagnósticos aos doentes a outras vantagens profissionais, a Inteligência Artificial (IA) deve ser vista como uma ferramenta positiva, referiu Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves. No debate, as empresas deram exemplos de aplicações práticas da IA.

03 de Maio de 2023 às 18:30
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A Inteligência Artificial (IA) traz muitos desafios, muitas oportunidades e alterações a todos os setores de atividade e à própria sociedade. Basta atentarmos à evolução da IA últimos meses, que trouxe "uma mudança substancial no que tínhamos visto até agora do ponto de vista de utilização pública", disse Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves, na Grande Conferência Sustentabilidade Negócios 20|30.

Elon Musk, o multimilionário dono da Tesla e da SpaceX, é um dos subscritores de uma carta aberta na qual se alerta para os riscos do uso acelerado da IA e se admite que a corrida pelo desenvolvimento destes softwares está fora de controlo. A carta, assinada por um leque de peritos em Inteligência Artificial, defende que a criação destes programas deve ser suspensa durante seis meses para que as capacidades e perigos destes sistemas possam ser devidamente analisados. Filantropia ou negócio? "Penso que esta é uma realidade imparável", comentou.



Ainda tudo é força bruta

Carlos Oliveira diz que, "hoje, não temos verdadeiramente inteligência artificial. Não existe nenhum sistema que tenha consciência, que consiga fazer o que faz o cérebro humano", defende o ex-secretário de Estado da Inovação. "O que temos é um grande poder computacional, capacidade para fazer milhões ou triliões de transações que permitem treinar modelos. Sobretudo, estamos a falar de força bruta. Ainda", admitindo que tudo isto vai evoluir para outros modelos. "Estamos a usar a terminologia num passo evolutivo que, nos últimos meses, nomeadamente com a utilização do chatGPT, veio mostrar o potencial da geração de linguagem natural, muito próxima dos humanos. Diria que essa é a grande evolução". Na conversa com Helena Garrido, jornalista e curadora da iniciativa Negócios Sustentabilidade, Carlos Oliveira enfatizou a ideia de que todas estas novas tendências deverão servir não para substituir empregos, mas para dotar os profissionais de ferramentas para melhor executarem as suas tarefas. "Como por exemplo o médico, que vai conseguir fazer o diagnóstico aos seus doentes muito mais rápido e de forma ainda mais assertiva". Mas admitiu que, provavelmente, algumas profissões vão desaparecer e outras adaptar-se.

A perspetiva das empresas

"À medida que a sustentabilidade se torna mais complexa, mais a tecnologia se torna fundamental e tem mais impacto. A Inteligência Artificial ajuda a Deloitte e as empresas a serem mais sustentáveis ", referiu Sofia Tenreiro, partner da Deloitte, no debate "A Inteligência Artificial e a Transição Digital nas Estratégias ESG" - na Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 20|30. A executiva deu o exemplo da utilização das imagens para aferir o peso e altura dos produtos que as empresas de distribuição precisam de enviar para a reciclagem e a traçabilidade de materiais através de blockchain.



À medida que a sustentabilidade se torna mais complexa, mais a tecnologia se torna fundamental. A Inteligência Artificial ajuda a Deloitte e as empresas a serem mais sustentáveis Sofia Tenreiro
Partner da Deloitte
"Com a Inteligência Artificial estamos a conseguir ajudar os clientes". "A questão da Inteligência Artificial anda a par com a sua aplicação e por isso a SAP criou em 2018 um comité de ética para a inteligência artificial", revelou Joaquim Freire, da empresa alemã. Esta companhia de software, que tem como clientes empresas e administração pública, já incorpora esta tecnologia em vários dos seus produtos como a automatização das tarefas repetitivas no back-offices das áreas financeiras.

Joaquim Freire fez referência ao facto de inteligência artiA dos produtos que as empresas de distribuição precisam de enviar para a reciclagem e a traçabilidade de materiais através de blockchain. "Com a Inteligência Artificial estamos a conseguir ajudar os clientes", observou.

"A questão da Inteligência Artificial anda a par com a sua aplicação e por isso a SAP criou em 2018 um comité de ética para a IA", revelou Joaquim Freire, da empresa alemã. Esta companhia de software, que tem como clientes empresas e administração pública, já incorpora a IA em vários dos seus produtos como a automatização das tarefas repetitivas em backoffice de áreas financeiras. Carlos Lourenço, senior vice president da CGI Portugal, deu também como exemploa análise preditiva para instalações de produção de energias renováveis.

Em Roterdão, na Holanda, instalaram um modelo de algoritmo e inteligência artificial para fazer análises preditivas sobre cheias e inundações com uma capacidade de fazer 36 biliões de vezes análises mais corretas, referiu. "Outro exemplo foi o de um hospital público na Finlândia onde, durante a pandemia, arranjou-se um software de inteligência artificial com reconhecimento de voz para evitar perder tempo com os registos".

Já a Capgemini Portugal, com cerca de dois mil trabalhadores e a faturar 200 milhões de euros, tem IA incorporada em vários dos seus produtos e serviços. Cristina Castanheira Rodrigues, managing director da consultora deu vários exemplos de participação da empresa em todo este novo mundo, nomeadamente "na prototipagem de três cidades em Portugal em tudo o que diz respeito à condução autónoma".

Andrés Ortolá, country general manager e presidente da Microsoft Portugal, referiu a presença da IA machine learning e digital twins nas cadeias de abastecimento internacionais. "Procedemos à reengenharia de muitos dos nossos processos", mencionou.
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