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A indústria e o futuro: até a Philip Morris quer acabar com o fumo

A indústria está apostada em ser verde e em descarbonizar, é o que se conclui do debate que juntou a Philip Morris International, a Secil, a Saint-Gobain Portugal e a APCER.

03 de Maio de 2023 às 12:00
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O debate "Como vai a Indústria enfrentar as alterações climáticas? Adaptar ou mitigar?" mostrou que a indústria quer realmente enfrentar as alterações climáticas e mitigar os seus efeitos. Até em setores poluentes como o do tabaco. Jennifer Motles, Chief Sustainability Officer da Phillip Morris International, fez referência ao desafio radical de atingir o objetivo de se tornar uma empresa sem fumo. Neste aspeto, destacou a relação com os stakeholders, com a diversificação de culturas e a atração de investidores ESG.

"As empresas, não só a Phillip Morris, precisam realmente olhar para os seus modelos de negócio e pensar nas externalidades negativas, que estão a montante e a jusante dos impactos ambientais. Como empresa de tabaco, a nossa externalidade negativa deriva do impacto na saúde que o produto que vendemos tem. A melhor forma de endereçar este problema é usar a tecnologia e inovação para desenvolver produtos que nos ajudem a remover os cigarros por completo. Para que, assim, no futuro, não tenhamos de basear o nosso sucesso em produzir ou vender cigarros".



Por outro lado, o contexto europeu atual traz novas oportunidades energéticas à indústria. "A Europa estava habituada a energia barata, algo que mudou com a invasão da Ucrânia pela Rússia - que obrigou a diminuir a dependência do gás natural e passou a representar um custo significativo. Esta nova realidade abriu oportunidades às soluções de eficiência energética, como as da Saint-Gobain", assinalou no debate José Martos, CEO da Saint-Gobain Portugal. A empresa quer atingir a neutralidade carbónica em 2050 e a sua estratégia desenvolve-se em torno dos processos dos produtos e da eficiência operacional dos equipamentos das fábricas de transformação - e da redução da pegada ecológica das matérias-primas, como o cimento. José Martos referiu ainda que a empresa, que se insere num setor que é a construção - que representa 40% das emissões de carbono - tem sistemas e produtos de eficiência energética.

Como empresa de tabaco, a nossa externalidade negativa deriva do impacto na saúde que o produto que vendemos tem. Jennifer Motles
Chief Sustainability Officer da Phillip Morris International
Como assinalou Otmar Hübscher, CEO da Secil, "os desafios relevantes, como as emissões de CO2, estão ligados ao ecossistema da construção, que é muito conservador". Disse ainda que nos desafios tecnológicos da Secil está o desenvolvimento de novos produtos e soluções tecnológicas para capturar o carbono quando não é possível mitigar, e que nos desafios comerciais e de marketing está a convencer a indústria de construção a utilizá-los. Passa pela persuasão do sistema de construção desde os arquitetos, projetistas, construtores e investidores. Mas este desafio só poderá ser vencido se houver alguma intervenção regulatória. "Assumimos a nossa parte, mas tem de funcionar como sistema", disse Otmar Hübscher.

Certificação ESG

"Na APCER temos um conjunto de certificações e de normas que estão alinhadas pelos princípios do ESG", afirmou, por seu lado, Rui Oliveira, COO Portugal da Associação Portuguesa de Certificação (APCER).

A certificação ambiental, que é a mais antiga, teve um grande desenvolvimento nos últimos anos porque passou a ser não só requisitada pela indústria como também pelos serviços - como a hotelaria e a consultoria.

Por sua vez, no pilar Social existe a norma de responsabilidade social e ainda a certificação sobre a conciliação da vida pessoal com a vida profissional. Existe também a norma ligada aos processos de governance.

Rui Oliveira falou ainda de novas normas emergentes, como a pegada hídrica, que tem sido muito requisitada pela indústria, e a verificação de relatórios de ESG.
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