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A economia circular pede mais informação e transparência

Para Nuno Saramago, o blockchain permite criar transparência nas cadeias de valor e de transformação e fazer de uma forma barata e viável a rastreabilidade, fornecendo informação de transparência ao longo de toda a cadeia.

23 de Outubro de 2020 às 13:00
Nuno Saramago sublinha a mudança de mentalidades.
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"As empresas têm um papel fundamental mas, para passarmos de uma economia baseada em rentabilidade e crescimento para uma economia baseada no valor holístico do produto e de todas as matérias envolvidas no processo de produção, tem de haver uma mudança de mentalidade para que esse valor seja reconhecido por todos os intervenientes", diz Nuno Saramago COO da SAP Portugal.

Este conceito de economia circular "pode parecer um pouco utópico", mas na prática do processo produtivo das empresas "facilmente se percebe como é muito mais fácil e palpável tomar decisões concretas com vista a tornar os nossos processos lineares em processos mais circulares", refere Nuno Saramago.

Ilustra com o exemplo da SAP. Tem trabalhado em cinco áreas com os clientes destacando-se a primeira que tem a ver com design e conceção dos produtos, como desenhar os produtos de forma a reutilizar ao máximo de materiais, os componentes é que podem ser reutilizados no processo produtivo.

A seleção de fornecedores passa pela possibilidade de escolher e haver transparência sobre o mercado para escolher fornecedores que sejam sustentáveis e que se enquadrem na perspetiva da economia circular.

Por sua vez a produção deve "eliminar tudo o que sejam desperdícios e monitorizar em tempo real os recursos que estão a ser utilizados em todo o seu potencial e, ao mesmo tempo, usar equipamentos duráveis e mantidos para estender o seu ciclo de vida", considera Nuno Saramago.

No processo de consumo dos produtos existe não só o consumidor final, mas também as próprias empresas com os consumos intermédios e o seu tipo de produção. Neste aspeto, muitas vezes, "os consumidores têm transparência suficiente para perceber que determinados produtos estão a fazer demasiadas emissões, com pouco eficiência e, em termos operacionais, não é durável nem é reparável", afirma Nuno Saramago.

Cadeia transparente

Na área da reciclagem e da reutilização são necessárias opções num mercado em que possam escoar os seus produtos, destacando-se a importância da transparência de informação do mercado tanto para gerar a reinvenção de negócios como a inovação e o investimento em termos de reciclagem e de tratamento de resíduos.

Estas cinco áreas são as que temos trabalhado com os nossos clientes dando acima de tudo transparência sobre a informação para que haja seleção e decisões de gestão devidamente informadas.

Segundo Nuno Saramago, "esta mudança de mentalidades que vemos nos consumidores vai obrigar as empresas a ter essa transparência e a publicar a informação dos seus processos produtivos". Acrescenta que tem de haver transparência nesta cadeia de transformação. "Quando um determinado produto é produzido e colocado no mercado tem de se ter informação desde o momento em que a matéria-prima foi retirada da natureza até ao seu processo produtivo e ciclo de vida de transformação e até ao condicionamento ou reciclagem".

Referiu as potencialidades de tecnologias recentes, como o blockchain, que permite saber ao nível da proteína de uma fruta usada num sumo, se essa fruta chegou ao consumidor através de transporte de avião com alta emissão de CO2 ou se foi produzido próximo desse consumidor. "O blockchain permite-nos fazer de uma forma barata e viável fazer essa rastreabilidade e a dar essa transparência ao longo de toda a cadeia", concluiu Nuno Saramago.
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