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Os Acordos de Paris, conseguidos em 2015, foram um momento de viragem na agenda da sustentabilidade, em particular das alterações climáticas, pois foram fixadas metas para o aquecimento global. Para evitar danos permanentes na vida de várias espécies no planeta, o aquecimento global deve limitar-se a 1,5 ºC relativamente aos valores prévios à industrialização da economia. Para garantirmos este objetivo, só há um caminho: diminuir a emissão de gases com efeitos de estufa. O "net zero" deve ser atingido em 2050 e, como meta intermédia, temos a redução das emissões em 50% até 2030.
Os últimos dados revelam que estamos a seguir o caminho inverso. Os números da Agência Internacional de Energia mostram que, em 2023, se atingiu novo recorde nas emissões de CO2 resultantes da produção de energia. O novo valor máximo fixou-se em 37,4 mil milhões de toneladas de carbono, mais 1,1% (ou 410 milhões de toneladas) do que em 2022. Ou seja, os (supostos) esforços de descarbonização da produção de energia estão a falhar. Faltam seis anos para 2030 e o objetivo intermédio de reduzir em 50% as emissões de gases com efeitos de estufa parece cada vez mais um sonho inalcançável. Pior, estamos a insistir na trajetória errada. Assim, não vamos lá no controlo do aquecimento global.
Os dados da Agência Internacional de Energia deixam, ainda assim, alguns sinais de esperança. Na União Europeia e nos Estados Unidos registaram-se reduções nas emissões de CO2 relacionadas com a produção de energia. Porém, os aumentos na Índia e China mais do que compensaram as diminuições no mundo ocidental, em resultado de um maior recurso a fontes fósseis para a produção de energia nestes dois países, que são os mais populosos do mundo.
Outro sinal de esperança está no aumento significativo na produção de energia renovável. A Agência Internacional de Energia arrisca o prognóstico que, no longo prazo, vamos ter uma descida estrutural nas emissões de CO2 associadas à produção de energia precisamente devido ao crescimento da energia limpa, como a solar e a eólica.
O problema está na dimensão temporal. O longo prazo pode ser demasiado longo. Citando um economista famoso, John Maynard Keynes, no longo prazo estamos todos mortos. E 2023 foi o ano mais quente no planeta desde que há registos.
Os valores da Agência Internacional de Energia revelam que temos países e blocos económicos em diferentes estágios de maturidade relativamente à descarbonização da economia e da produção de energia. Assim, coloca-se uma questão: os países mais atrasados vão fazer o "catch up"? E querem fazê-lo? É necessário que os EUA e Europa mantenham as suas trajetórias e, em simultâneo, que China, Índia e mais países em vias de desenvolvimento acelerem nas suas políticas climáticas. No atual contexto geopolítico, marcado por conflitos, divisões e desconfianças, este alinhamento multilateral parece mais um desejo "naive" do que uma realidade possível.
Para mais, há outra pergunta difícil: quem paga? As contas mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que, para se alcançar o "net zero" em 2050, os países em vias de desenvolvimento necessitam de dois biliões de dólares de investimento por ano, em energia verde, até 2030. Os últimos dados mostram que esse investimento não tem ultrapassado os 400 mil milhões de dólares por ano. Além disto, para o FMI, o setor privado deve suportar 80% a 90% deste esforço de investimento. Para já, a fasquia da participação dos privados tem-se ficado pelos 40%.
Em suma, há muito caminho para fazer em políticas climáticas e em investimento em energia e tecnologias verdes. Os dados mostram que estamos a andar demasiado devagar. Até o otimista mais militante tem dificuldades em não cair em desanimo.
Os últimos dados revelam que estamos a seguir o caminho inverso. Os números da Agência Internacional de Energia mostram que, em 2023, se atingiu novo recorde nas emissões de CO2 resultantes da produção de energia. O novo valor máximo fixou-se em 37,4 mil milhões de toneladas de carbono, mais 1,1% (ou 410 milhões de toneladas) do que em 2022. Ou seja, os (supostos) esforços de descarbonização da produção de energia estão a falhar. Faltam seis anos para 2030 e o objetivo intermédio de reduzir em 50% as emissões de gases com efeitos de estufa parece cada vez mais um sonho inalcançável. Pior, estamos a insistir na trajetória errada. Assim, não vamos lá no controlo do aquecimento global.
Os dados da Agência Internacional de Energia deixam, ainda assim, alguns sinais de esperança. Na União Europeia e nos Estados Unidos registaram-se reduções nas emissões de CO2 relacionadas com a produção de energia. Porém, os aumentos na Índia e China mais do que compensaram as diminuições no mundo ocidental, em resultado de um maior recurso a fontes fósseis para a produção de energia nestes dois países, que são os mais populosos do mundo.
Outro sinal de esperança está no aumento significativo na produção de energia renovável. A Agência Internacional de Energia arrisca o prognóstico que, no longo prazo, vamos ter uma descida estrutural nas emissões de CO2 associadas à produção de energia precisamente devido ao crescimento da energia limpa, como a solar e a eólica.
O problema está na dimensão temporal. O longo prazo pode ser demasiado longo. Citando um economista famoso, John Maynard Keynes, no longo prazo estamos todos mortos. E 2023 foi o ano mais quente no planeta desde que há registos.
Os valores da Agência Internacional de Energia revelam que temos países e blocos económicos em diferentes estágios de maturidade relativamente à descarbonização da economia e da produção de energia. Assim, coloca-se uma questão: os países mais atrasados vão fazer o "catch up"? E querem fazê-lo? É necessário que os EUA e Europa mantenham as suas trajetórias e, em simultâneo, que China, Índia e mais países em vias de desenvolvimento acelerem nas suas políticas climáticas. No atual contexto geopolítico, marcado por conflitos, divisões e desconfianças, este alinhamento multilateral parece mais um desejo "naive" do que uma realidade possível.
Para mais, há outra pergunta difícil: quem paga? As contas mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que, para se alcançar o "net zero" em 2050, os países em vias de desenvolvimento necessitam de dois biliões de dólares de investimento por ano, em energia verde, até 2030. Os últimos dados mostram que esse investimento não tem ultrapassado os 400 mil milhões de dólares por ano. Além disto, para o FMI, o setor privado deve suportar 80% a 90% deste esforço de investimento. Para já, a fasquia da participação dos privados tem-se ficado pelos 40%.
Em suma, há muito caminho para fazer em políticas climáticas e em investimento em energia e tecnologias verdes. Os dados mostram que estamos a andar demasiado devagar. Até o otimista mais militante tem dificuldades em não cair em desanimo.
Ciências e Factos União EuropeiaO período experimental do CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism) arrancou em janeiro deste ano. Os primeiros resultados estão abaixo das expectativas, nomeadamente no número de reportes das empresas industriais europeias. Parecem existir problemas e dúvidas na forma de implementar o CBAM.
Mercado de carbonoA União Europeia tem dos mercados de transação de licenças de emissões de CO2 mais avançados. O preço das licenças caiu recentemente para 52 euros por tonelada. Porém, o Morgan Stanley prevê que a tendência no futuro seja de subida, antecipando preços de 120 euros por tonelada em 2027 e 135 euros por tonelada em 2030.
Mercado de carbonoA União Europeia tem dos mercados de transação de licenças de emissões de CO2 mais avançados. O preço das licenças caiu recentemente para 52 euros por tonelada. Porém, o Morgan Stanley prevê que a tendência no futuro seja de subida, antecipando preços de 120 euros por tonelada em 2027 e 135 euros por tonelada em 2030.